Capítulo 10. O negror das flechas

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LUNOS

Ignoramos completamente o castelo que flutuava no céu e seguíamos agora por um bosque cercado por arbustos, totalmente preenchidos por flores violetas, que algumas vezes se abriam e outras se fechavam. Luzes caíam do céu como caem flocos de neve, e pulsavam constantemente.

Uma pequena luz caiu sobre mim e fechei os olhos esperando pelo que iria me acontecer, mas a pequena faísca apenas passou por mim; eu nem sequer a senti.

— Lunos elas são brianas, não vão nos fazer mal― disse Maê.

Pouco sabíamos sobre as brianas, mas os mais antigos afirmavam que eram fragmentos de magia Arcana gerados pela primeira guerra entre o exército dos homens e o exército arcano. O poder usado pelos magos fora tão grande que os fragmentos desse poder nunca pararam de cair do céu.

— As brianas podem ofuscar um pouco a nossa visão, nada que os faça ficar cegos, mas é melhor ficarmos mais atentos agora, pois o inimigo pode se aproveitar disso — disse Zion, um pouco antes de retirar um pequeno mapa do seu capuz, o qual se tratava de uma cabeça de urso. Os olhos do urso, que um dia fora o dono daquela cabeça, eram negros e um pouco intimidadores, mesmo que fossem apenas olhos mortos. Zion tomou o mapa em mãos e o abriu, magia negra jorrou por todas as partes, colorindo o ar de preto e cinza, os riscos formavam montanhas, vales, campos, florestas e por fim, atrás de cada outro elemento, encontrava-se uma grande pulsação escura.

Zion já havia me explicado o que era a pulsação, ela era a flor. Ele analisou as linhas por um momento, acompanhou-as com os dedos, e no fim fechou o mapa. A magia negra sumiu em instantes, um pouco depois de Zion fechar o Pérgamo e guardá-lo de volta em seu capuz.

Magia não era nenhuma surpresa para mim, mas a careca de Zion me deixou um pouco surpreso, devo admitir. Sempre me pareceu que ele guardava uma grande cabeleira ali dentro, até porque o seu povo costumava manter bastante cabelo em suas cabeças e só rasparem quando estavam tristes ou decepcionados consigo mesmos.

Será que ele está decepcionado consigo?

— Já estamos bem perto, não vejo a hora de encontrar as outras chaves, deve haver garotas muito bonitas, mas claro que eu posso me acostumar com a beleza da senhorita Maêli e da senhorita Camila — disse Ian.

Camila começou a jogar pedras em Ian e sorrir; ele sorria junto. Eles já pareciam ter se tornado amigos, ou, sabe lá o que mais.

Maê parecia nem ter se importado com o que Ian havia dito, todavia eu logo pude ver a ponta da sua orelha tomar um tom esverdeado. Provavelmente ela havia gostado do que havia ouvido, mas eu não, pois Ian me parecia um rival muito mais forte do que eu no que se tratava de amor e no que se tratava de todo o resto também. Fiquei um pouco incomodado, por isso me afastei um pouco do grupo, mas não o suficiente para levar uma bronca do Zion, que agora parecia ser um líder e ninguém havia protestado, mas tudo bem, ele parecia ser bom naquilo.

Naquela manhã, o clima estava frio, aquele tipo de frio que faz vapor surgir da respiração, por isso meus dentes batiam uns contra os outros e eu cruzava meus braços em uma tentativa de me aquecer; tentativa estúpida, pois se funcionava, era muito pouco. Zion olhava constantemente ao nosso redor, Maê era a mais próxima de mim, mas não se aproximava muito, Ian, Camila e Nicolas mantinham uma conversa sobre as brianas e Tito parecia apreciar toda a vista ao nosso redor. Mantivemos uma caminhada calma por um tempo e isso foi bom, mas eu me sentia desfalcado e incomodado no meio daquelas pessoas, talvez por eu ter passado todo o tempo da minha vida, até aquele momento, comunicando-me apenas com fadas, gnomos, leshies...

— Ei Lunos, você pode criar um portal para o céu? — perguntou Ian.

— Não, acho que só Deus...

As chaves de Alanis - Flor da AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora