LUNOS
Havia luzes por toda parte, animais estranhos me olhavam, por onde quer que eu fosse e Maêli me dizia para fazer o máximo de silêncio que eu pudesse, enquanto junto a ela, eu seguia por um caminho, onde o chão por vezes vibrava, as árvores eram de um tom azul-ciano e o céu, uma escuridão sem fim.
O vento brincava de uivar e mover as folhagens azuis, ia e vinha apagando o silêncio daquele local monótono, esfriando a minha pele e cantando em assovios. Meus pés sentiam um leve tremor, por baixo do gramado azulado e da terra vermelha, eu podia sentir, havia algo ali.
Viemos parar nesse lugar um tempo depois de termos sido separados das outras chaves, isso aconteceu, porque um batalhão de elfos negros tentou nos emboscar, o que nos levou a fugir, sucedeu então que cada um de nós correu para uma diferente direção, mas Maê agarrou minha mão e seguimos juntos para o mesmo caminho. Um caminho de pedras luminosas e terra solta, um caminho que antes verde e marrom, tornou-se azul e vermelho.
As árvores às vezes agitavam-se repentinamente e logo desapareciam no ar, mas Maê não parava de puxar-me pela mão, levando-me para algum lugar do qual eu não fazia ideia. Cada vez mais longe, cada vez mais afastados do meu objetivo, a flor da aurora.
— Maê por que estamos indo por este caminho? — perguntei.
— Há algo muito errado por aqui — ela disse.
De repente, Maê olhou-me, ela parecia preocupada e ofegante, ela disse-me: "Lunos, eu não sei o porquê, mas as árvores estão me dizendo para sair daqui o quanto antes".
O vermelho do chão se abriu a nossa frente, e um azul não o azul das árvores, mas um azul mais escuro formou-se no chão, primeiramente distorcido, depois tomando uma forma quase líquida, flutuando no ar. Eu podia não saber muito sobre aquele mundo, mas sabia muito bem como identificar um portal. Naquele exato momento e por instinto ergui a mão e criei um portal três vezes maior que eu. Alguma coisa surgiu da passagem mágica no chão e sumiu ao mergulhar direto em meu portal. Não sabia o que a coisa era, mas sabia que era grande.
— O que foi aquilo? — perguntei.
— Sereias astrais — disse Maê ofegante.
— Estamos em um... Ponto ciano? — perguntei.
— Acredito que sim — respondeu-me Maê.
Sereias astrais na verdade não são sereias, mas possuem pequenas semelhanças com elas, por isso o nome. Esses seres possuem uma espécie de calda gigantesca, que parece ter imensas e inúmeras barbatanas, são de uma cor verde muito bela, seus olhos são completamente brancos e do dorso para cima, são seres humanoides. Em suas cabeças eles possuem cerca de quatro antenas, que se curvam para trás, mas apesar da beleza extravagante, esses seres comem tudo o que veem pela frente, inclusive humanos. Pontos cianos são locais iluminados por um azul bem claro, onde sereias atrais costumam aparecer para caçar. Por que elas aparecem em lugares assim? Não há resposta para essa pergunta que tenha sido encontrada.
— Temos que sair daqui — disse-me Maê.
— Concordo — eu disse, enquanto abria um portal, bem a nossa frente, mas antes que pudéssemos partir, fomos acertados por uma cauda enorme e arremessados para trás. Levantei rápido o bastante para ver o meu portal se desfazer no ar.
— Não olhe nos olhos deles — gritou Maê.
Os olhos, não olhar para os olhos...
Aqueles monstros podiam de alguma forma hipnotizar a qualquer um apenas com o olhar, então tive de procurar por Maê enquanto olhava para baixo.
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As chaves de Alanis - Flor da Aurora
FantasiAlanis, a imperatriz das fadas, um ser mágico e milenar, por amor criou uma torre abaixo da aurora, chamada por ela de "Flor", o nome de sua falecida irmã, era a mais alta das torres, feita de gelo e escuridão, onde a fada escondeu seus segredos e a...