Capítulo 5. Lilás como a cor da lua

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MAR

— Ouçam com atenção, vocês eram sessenta e nove chaves, mas agora só restam cerca de cinquenta de vocês no mundo inteiro, eu acho, mas bem... Alguns vão entrar pelo Norte, outros pelo Sul, outros vão passar pelos portais escondidos na região Sudoeste, já outros são humanos, que já nasceram no mundo mágico. A partir do momento em que você entrar você precisará ir em direção à floresta de gelo, que é a primeira parte da sua jornada, seguindo a norte pela floresta gelo você acabará saindo na floresta de sangue e por fim na floresta negra, depois disso, basta procurar a flor da aurora, entendeu? — disse Felipe

— Já lemos isso uma vez — eu disse.

— Ótimo — respondeu Felipe.

Passávamos agora por uma floresta de pinheiros e o cavalo de Felipe andava devagar, até que paramos.

― Mar, há um portal de Alanis aqui por perto e você poderá entrar no âmago do mundo mágico com ele, não irá cair no mesmo local que as outras chaves, mas poderá chegar até elas, se seguir sempre para o leste — disse Felipe.

— Mas e você? — eu perguntei.

— Não se preocupe, eu conheço essa floresta como ninguém, vou escapar com certeza, mas nós temos que nos apressar — ele disse, enquanto descia do cavalo.

— Certo, então vamos — eu disse.

Desci do cavalo, tirei um pouco da poeira da roupa e prossegui a pé.

Minha vontade de passar pelo caminho das chaves era extrema, até por que eu sabia que a melhor forma de me vingar de Alice, seria entrando lá e tornando-me forte o bastante para dizimar, mesmo sozinha, todo o exército dos orcs brancos que atacaram minha aldeia, mas não só eles, eu queria também a vida do homem que executou meus pais.

Eu e Felipe corremos pelo campo, mas não era muito longe; vimos uma coisa redonda de bronze sobre o chão, de onde saíam vários raios de luz.

— É isso? — perguntei.

Felipe entregou-me meu símbolo de poder, uma esfera redonda esbranquiçada, circulada por algo parecido com um ramo de vinha negro, que estava totalmente grudado à esfera. Havia um tipo de inscrição nela. Felipe disse-me:

― Você é muito esquentada Mar, mas eu amo você, como uma filha e você sabe disso, não é?

Dei um soco no peito dele.

— Para com essa bobagem, você sabe que eu não gosto dessas coisas.

De fato, eu não sabia bem como lidar com o afeto alheio.

Ele sorriu e respondeu-me dizendo:

— Tem razão, sinto muito.

— Vou vingar Alice — eu disse.

— Eu sei que vai — ele sussurrou, antes de me entregar uma pequena bolsa de pano esverdeada.

— O que é isso? — perguntei, assustada, pois sabia exatamente o que havia ali, ele já havia me falado sobre isso antes, o fragmento da ruína, a arma para matar imortais.

— A Ana não pode matar os orcs brancos, mas isso pode — disse Felipe.

— Mas você...

— Tudo bem, eu estou pronto, você está? — perguntou-me Felipe.

Eu queria dizer não, jogar aquela coisa repugnante o mais longe que pudesse, mas não podia, aquela era a última carta de Felipe. Concordei com a cabeça e o olhei por algum tempo, pois talvez aquela fosse a última vez que eu o veria.

As chaves de Alanis - Flor da AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora