17- Vazios

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Acordei suada e ofegante, quando criança achava que esse sonho me deixava ofegante porque eu tinha medo da Sra. Jane, agora não sei mais, parecia ter algo naquele homem que me intrigava. Esfreguei minhas têmporas, quando tudo em minha vida tinha ficado tão estranho? E a melhor pergunta, como eu ainda não havia pirado com tudo aquilo? Fala sério, eu estava viajando com um gnomo, havia me teleportado com um pó estranho e ainda ontem havia comido uma semente que valia por uma refeição, essas coisas não deviam existir.

Permaneci deitada, a relva macia do chão pinicava minha pele, e alguns malditos mosquitos estavam fazendo eu me coçar feito uma louca. Amanhã já era domingo, eu havia ido embora de casa em uma quinta feira, será que Susan ou alguma das meninas já tinham pelo menos notado a minha falta? Peguei minha mochila e vasculhei até encontrar meu celular, ele estava sem bateria, será que elas estavam tentando me ligar?

Eu estava entregue a minhas próprias especulações sobre minha, até então, família, quando o ar de súbito começou a esfriar, não... não era o ar que estava ficando frio, era o meu corpo. Estranhos calafrios começaram a percorrer o meu corpo, eles subiam pela minha espinha, havia algo de errado, fui tomada por uma sensação de terror.

Tyler dormia pacificamente ao meu lado, estava alheio a qualquer um dos meus temores. De início eu tentei me acalmar, achava só estar senso um pouco exagerada, meus nervos podiam mesmo estar um pouco atacados, mas depois a sensação de angústia se intensificou. Eu não tinha mais dúvidas, havia algo errado. Eu estiquei os meus braços e agarrei Tyler pelos ombros, o sacudi com força.

_Tyler, Tyler. _O chamei com a voz sussurrante.

Meu colega não demorou a acordar, dentro de instantes ele começou a se mexer _O que é? _disse de mal humor. _Já acordei, para de mim sacudir. _ele se afastou do meu toque.

Eu sussurrei novamente _Está escuro não te vejo direito.

_Me acordou por que está com medo do escuro? _agora que minha visão havia se ajustado mais a escuridão eu conseguia perceber que ele parecia estar esfregando os olhos com sono.

_Não Tyler, temos que correr, vem vindo algo aí. _choraminguei.

Tyler suspirou cansado _Crystal, eu realmente não estou com saco para garotinhas com medo do escuro, feche os olhos e durma, andei o dia todo e quero dormir. _eu não me acalmei _Não tem nada no escuro Crystal, não dê ouvidos a todas as neuroses do Morgue.

_Mas não é uma neurose Tyler _eu reclamei _eu não estou com medo _na verdade estava _eu realmente acho...

Não consegui acabar a frase, Tyler pressionou uma mão na minha boca, me impedindo de continuar _Psiu. _ele pareceu ficar tenso, como se estivesse ouvindo alguma coisa.

Prestei atenção por um instante, não ouvi nada, quando já estava pensando que Tyler estava tirando onda com a minha cara um chiar chamou minha atenção. No começo não passava de um fraco som mais aos poucos foi se intensificando, parecia a respiração de uma fera fictícia dessas que aparecem em filmes de terror. De repente senti como se a nossa própria respiração estivesse alta demais, podia chamar atenção, um terror começou a golpear meu interior como socos de um pugilista. Tyler apertou minha mão com força como que para passar coragem, aos poucos silenciosamente ele foi se levantando, em seguida ele me deu apoio para que levantasse também. Fomos andando sorrateiramente para o local onde Morgue havia se deitado, Tyler o sacudiu o mais violentamente que podia sem fazer barulho, Morgue se Pôs de pé em um salto.

O gnomo nos olhou nervoso _O que... _não terminou a frase, logo dois vultos escuros começaram a se mover em nossa direção.

_Ok, lá se foi meu plano de sair daqui sorrateiramente! _Tyler disse, e para minha surpresa, ele parecia calmo, não aparentava medo algum.

A Ordem Da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora