Gaiola de Ouro

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Eu passei anos desolada, presa, perdida e sem rumo em um lugar que eu chamei por muito tempo de lar. Desde que eu era pequenina, frágil, manipulável.

Eu acreditava que eles eram de fato minha família. Que eles eram bons, que tinham sentimentos. Aqueles que realizavam experimentos cruéis, não só em mim, mas também naqueles que eu amava.

Era apertado, frio, horrível. Era uma jaula e eles me tratavam feito uma besta irracional, como se eu não tivesse sentimentos, como se eu não fosse tão humana quanto eles.

Todas as noites eu clamava, implorava por uma luz. Algo ou alguém que pudesse me tirar dali, erguer meu corpo pequenininho, me acalentar e dizer que tudo ficaria bem.

O que eu não percebia era que eu era a única que podia de fato fazer isso.

Eu não era de porcelana, já não era mais pequena, frágil e muito menos fraca.

Eu estava assustada naquela noite, considerei voltar milhares de vezes, acreditava que aquilo realmente seria melhor para mim. Mas eu era finalmente livre, e soube disso ao assistir o primeiro nascer do sol.

Eu sou finalmente livre daquelas mãos podres que me agarraram e me maltrataram por tanto tempo. Eu sou finalmente livre daquelas gaiola pequena e apertada que eu chamei de casa por tanto tempo.

A Mastigar CrisântemosOnde histórias criam vida. Descubra agora