A Mastigar Crisântemos

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Ei, preste atenção. Eu estou tentando te contar uma história aqui.

Você está preso. Não muito acordado, não muito adormecido; algo entre. O entre nós; entre dois, entre realidades, entre existências e entre o povo. Entre sua mente.
Entre na sua mente.
Medo demais dessa realidade? Medo demais de ser julgado?
Você pisca. Mas aqui tem tudo de bom! Livre arbítrio para dar e vender. Ah, sim, principalmente vender.
Liberdade…? Amizades! Companhia.

Uma hora por dia, vinte e quatro vezes. Vinte e quatro versões diferentes de você dadas por cada semana, e por quanto tempo você acha que consegue manter isso dessa forma?
Vamos, não seja egoísta. Você sabe que nem tudo dura pra sempre e que, algum dia, com certeza vão descobrir a verdade!
Ah, e, caralho, eu tenho quase certeza que essa serpente de duas cabeças está prestes a me matar com as promessas de carícias e aceitação cobertas por uma calda deliciosa de engano, mentiras e embriaguez.

Oh! E essa é uma das muitas outras maravilhas desse mundo! Ah, é sim.
Quando você bebe o suficiente pra perder a noção do real; é quando você é verdadeiramente feliz. Quando tropeça em palavras, cai no próprio mundo de mentiras e falsa lucidez e se pergunta:
Qual o seu nome, jovem rapaz?
Quem tu és?

Eu sou você. Você sou eu.
E estamos ambos presos em uma realidade fadada à destruição;
Dois mil e vinte um anos cheios de uma hora, vinte e quatro vezes por dia e Mil duzentos e quarenta e oito diferentes versões de você todo ano para o mundo inteiro ver.
Só mais sete anos desse sofrimento, ou, se formos sortudos o suficiente, trinta anos de destruição e chamas para os mais pobres e fracos.
Viva a raça pura, não?
Grande merda. Somos animais insignificantes para aquele que pode assistir e se mergulhar em falsa piedade e moedas de ouro.

O mundo é uma bosta. Que se dane os ricos sortudos que vivem no topo se aproveitando da classe trabalhadora.
Mas quem sou eu para reclamar?
Minha voz é baixa e insignificante demais para ser ouvida,
E eu me perco facilmente em versos.
Quem sabe dizer do que eu quis falar aqui?
Às vezes muitas coisas são melhores quando você fecha os olhos e se torna ignorante e cego quanto a elas.
É melhor assim.

A ignorância é um tesouro.