Dolorosa Dolores. Ou, alternativamente, Dolores, a Dolorosa.

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São dolorosas, sabia?
Suas belas palavras, feitas de algodão e espinhos. Me fazem querer calar essa bela boca tua, mas só me resta me manter em silêncio.

E me irrita, sabia? Esse belo rosto teu, que, por mais belo, nunca poderei chamar de meu.
Me faz me sentir miserável, idiota, ridículo, amoral.
Afinal de contas; Todo sentimento se torna mais fácil de lidar quando mascarado sob ódio e mentiras, não é mesmo?

Dia após dia, pétala por pétala,
Me sinto mais vazio, mais incompleto. Tudo era mais fácil noutra época, não?

Sinto como se fosse transbordar, as pétalas na minha garganta ao me sufocar. E você nem lê as palavras mal cuspidas que escrevo, né?
É interessante. Escrever para um ninguém, para um vazio no meu peito.

Talvez um dia isso mude.

Bem, talvez não.
Vamos apostar na sorte.

Dolorosa Dolores.
Tuas cores, tão belas; palavras de flores. Maldita seja Dolores; e muitos outros nomes.
Te abomino.

E abomino mais ainda o amor que sinto por ti,
é doloroso, Dolores. Trocaria todos esses sentimentos por flores, das mais amargas;

Daria de tudo para mastigar crisântemos.
E ao mastigar crisântemos eu perceberia
Que talvez, só talvez, eu possa viver sem teu amor. Que talvez, só talvez, tenha um lugar no mundo para mim sem ti, Dolores.

Sí, yo los siento; Todas las dolores.
Fecho meus olhos e me deixo respirar,
só então me assistindo finalmente desabrochar.

A Mastigar CrisântemosOnde histórias criam vida. Descubra agora