A Mastigar Crisântemos

Alguns meses.

Já fazem alguns meses.
…

…
Você já percebeu algo?
Sempre que eu escrevo de você, preciso deixar claro que fazem alguns meses. Acho que você teve esse efeito sobre mim; me fez pensar mais sobre o tempo, por mais doloroso e sem sentido que ele seja.
Afinal de contas, o tempo não é só criado para fazer com que as coisas façam sentido para a nossa pequena e criativa cabeça? Precisamos guardar acontecimentos de alguma forma. Seja por datas, cores, pensamentos, escrita.
E eu escrevo muito sobre você, sabia?
Acho que, no final das contas, tu me deu um novo significado pro amor. E sofrer pelo amor, mas, acima de tudo, ser grato por um dia poder ter vivido tudo aquilo ao teu lado.

As risadas, os sonhos… Eu me assisto apenas arder cada vez mais por ti; e ardo como nunca ardi.
Essa flama dentro de meus pulmões não deixa que eu esqueça de você, de forma alguma. E o magma que queima e corrói minha garganta me faz quase desejar com que eu consiga expressar minuciosamente todo e cada sentimento que tenho, cuspir todo esse fogo que existe dentro de mim para que eu possa entregá-lo em tuas mãos grandes e fortes que um dia me acolheram. E tu é forte, acredita em mim.
E você foi forte.

Mas de que basta descrever sentimentos? Afinal de contas, palavras nunca se comparariam ao sentimento real. Carnal.
Sentimentos são indescritíveis. São únicos e devem ser zelados.
Trancados.
Às vezes eu me pergunto se você pensa sobre mim, sabia? Se você se arrepende.
Mas eu não tenho medo.
Foi bom enquanto durou.

Me sinto transbordar de chamas e lágrimas por você, mas tudo que resta são cinzas do que um dia fui.
Me acorde amanhã, por favor.