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IGOR ADAMOVICH
Vidigal, Rio de Janeiro.

Passo as mãos pelo meus cabelos completamente nervoso, não era pra essa merda estar acontecendo.

— Calma cara, vai dar tudo certo. — rio sem humor.

— Não tem como ficar calmo PH. — nego com a cabeça. — Ela não vai voltar a falar comigo tão cedo. — respiro fundo.

— Já mandei mensagem pro pessoal eles estão vindo aí.

— Maria, se acalma. — escuto a voz do Pezin um pouco distante, e logo a Maria entra que nem um furacão dentro de casa.

— EU FALEI PRA VOCÊ CONTAR CARALHO, EU FALEI E VOCÊ NÃO ME OUVIU. — grita e vem pra cima de mim com tudo, mas o PH entra na frente.

— Se acalma.

— ME ACALMAR? LIZ NÃO QUER NEM OLHAR NA MINHA CARA, TUDO ISSO PORQUE ELE. — aponta para mim. — NÃO CONTOU A VERDADE PARA ELA.

— Eu não sou o único culpado da história. — minha prima ri com sarcasmo.

— NÃO? FOI VOCÊ QUEM MANDOU INVADIREM A CASA DELA, ENTÃO SIM VOCÊ É O ÚNICO CULPADO.

— EU NÃO SABIA QUE O MEU CLIENTE TINHA UMA FILHA CARALHO. — rebato no mesmo tom. — E NÃO, NÃO SOU O ÚNICO CULPADO! TODO MUNDO SABIA E NINGUÉM CONTOU A ELA, INCLUSIVE VOCÊ QUE É A MELHOR AMIGA. — ela fica em silêncio. — Todos temos culpa Maria, ninguém foi lá e disse a ela, todos ocultamos dela a verdade.

— O que tá pegando e que gritaria é essa? — passa pela porta junto com a Mariana.

— Liz descobriu da invasão na casa dela. — PH suspira.

— Estava demorando pra isso acontecer, demorou mais do que eu imaginei até. — a fuzilo com o olhar. — Qual foi? Acharam que ela nunca iria ficar sabendo disso? Vocês são burros ou que?

— Mariana.

— Não Carlos, vocês precisam ouvir e sabe disso. — corta a fala do mesmo. — Não tiro a minha culpa, até porque eu sou amiga dela e eu deveria sim ter falado, mas não cabia a mim porque eu não me envolvo em assuntos do morro, por mais que eu saiba de todos. Todos nós fomos um bando de filhos da puta com ela, mas vocês meninos que armaram tudo e principalmente você. — me encara. — Se envolveu com ela e não lhe contou o que ela precisava saber, se tudo tivesse sido esclarecido desde o primeiro dia que ela pisou no Vidigal isso não estaria acontecendo agora e provavelmente ela ainda estaria falando com todos nós, porque vocês sabem não será fácil voltar a falar com ela. Nós a decepcionarmos e esse é o maior medo dela, a decepção. — todos nós ficamos em silêncio.

Tudo o que a Mariana disse é verdade, fui burro demais em não ter dito a verdade a ela desde o início, agora ela não quer me ver nem pintado de ouro e eu não sei se vou suportar ficar longe dela por muito tempo.

— Preciso falar com ela e tentar ajeitar as coisas. — Mariana nega.

— Ninguém vai falar com ela, ninguém vai invadir o espaço dela. Todos nós vamos ficar na nossa, esperando que ela tome a iniciativa de falar com a gente.

— Nunca então. — Maria Clara fala e eu engulo em seco. — Liz é orgulhosa e acima de tudo rancorosa, ela não vai vir atrás de nós mesmo que seja essa a sua vontade.

Puxo um baseado do bolso da minha bermuda e o levo imediatamente até a boca, acendo o mesmo com isqueiro e dou uma tragada soltando a fumaça logo em seguida, que barra do caralho tio.

Puxo um baseado do bolso da minha bermuda e o levo imediatamente até a boca, acendo o mesmo com isqueiro e dou uma tragada soltando a fumaça logo em seguida, que barra do caralho tio

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PABLO HENRIQUE
Rocinha, Rio de Janeiro.

Não vou negar, me infiltrar na Rocinha está sendo uma barra do caralho, mas se eu estou aqui é porque sou o mais qualificado pra isso. Sou o tipo de cara que faz tudo no sigilo, sou observador e pego as coisas no ar com muita facilidade, diria até que nada passa abatido por mim.

Mas tem o porém, conquistar a confiança do FR está sendo mil vezes mais difícil do que manter o meu disfarce em segredo, ele é um homem muito desconfiado, analisa todos muito bem e só os mais próximos participam das reuniões do morro e sabem tudo o que ele faz ou já fez.

— Chefe mandou tu subir pra sala dele.

— O que ele quer comigo? — pergunto desconfiado.

— Sei não, ele só mandou você subir. — diz e para ao meu lado. — Vou cobrir teu lugar na segurança. — assinto contragosto.

Ajeito meu fuzil nas minhas costas e vou em direção a minha moto, subo na mesma e acelero até a boca principal, onde fica a sala do FR, chego lá em cinco minutos estaciono a minha moto e saio de cima dela, ajeito meu fuzil novamente e respiro fundo antes de ir até a sala do FR, não posso deixar nenhum indício de que eu esteja nervoso ou com medo, isso pode ser um problema para o meu disfarce.

— Entra. — fala após eu dar duas batidas na porta.

Rodo a maçaneta e adentro a sala, vendo que o mesmo estava sentado em sua cadeira enquanto fumava um cigarro.

— Pediu pra me chamar? — paro um pouco longe de sua mesa e ajeito meus braços para trás.

— Sim. — responde e apaga seu cigarro no cinzeiro. — Preciso que tu faça um bagulho pra mim.

— E o que seria? — pergunto fingindo estar interessado.

— Geralmente sou eu que faço isso e geralmente quando não posso cuidar desse assunto, uma pessoa de confiança que cuida pra mim.

— Então quer dizer que você confia em mim? — ele sorri de lado e eu fico sem entender.

— Tem um x9 no morro. — engulo em seco e tento não mostrar o meu nervosismo. — Eu te analisei, desde o dia em que chegou na Rocinha. — porra mane, fodeu. — Não sei ao certo quem é, mas já descartei a possibilidade de ser você. — respiro aliviado sem que ele perceba. — Tu é um cara esperto, observador e na sua, assim como eu. Logo quando chegou aqui tava rolando uma invasão, e tu sem pensar duas vezes já pegou o fuzil de um dos meus homens morto e tomou controle da situação.. tu é ágil, gosto disso, por isso que já te coloquei no movimento de cara.

— E o que isso tem haver com confiança? — cruzo os braços e ele levanta, dando a volta por sua mesa parando em frente a mesma.

— Tudo, se tu fosse um x9 tentaria de todas as formas saber o que se passa pela Rocinha, e o principal, tu iria babar meu ovo como ninguém babou. — rio. — Tu ficou na sua, então sei que posso confiar em você.

— Certo. — sorrio para ele. — E o que tu quer que eu faça?

— Tem um carregamento de armas pra buscar hoje, aqui no Rio mesmo, horário marcado é as quatro da tarde, não vou pode ir porque tenho outros bagulhos pra resolver, então preciso que tu vá.

— Demoro chefe, tu manda eu faço.

— Vou te enviar a localização no celular, sem atrasos, o fornecedor é pontual e precisamos dessas armas urgente. — assinto, por que ele precisa delas com urgência? — Sete dos meus homens irão contigo, todos eles muito bem armados.

— Pode crê.

— Não vacila PH, confio em ti. — me alerta.

— Não vou te decepcionar, te dou a minha palavra. — ele sorri satisfeito e da um sinal para que eu possa sair da sala.

Adamovich vai adorar saber disso, preciso dar um jeito de falar com ele sem arrumar suspeitas contra mim.

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