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LIZ DAMACENO
Copacabana, Rio de Janeiro.
3 meses depois — Dezembro.

Três meses se passaram desde o ocorrido na Rocinha, muitas coisas mudaram e principalmente eu. Não sinto um pingo de arrependimento pelo o que eu fiz e se fosse preciso, faria quantas vezes fosse necessário.

— Liz, presta atenção. — Mariana me cutuca me despertando.

— Desculpa amiga, o que você disse? — pergunto a encarando.

— Qual desses sapatinhos de bebê eu devo comprar para fazer a surpresa para o Cobra, o branco ou o amarelo?

Sim, Mariana está grávida de dois meses e descobriu faz apenas três dias e desde então está planejando uma supresa para o Cobra.

— Gosto mais do branco.

— Ravi acabou de chutar. — Naiara fala se aproximando de nós com a mão sobre sua barriga.

Como eu disse, muita coisa mudou nesses três meses incluindo a Naiara entrar oficialmente para o nosso grupinho. Essa aproximação só me deu a certeza de que ela era facilmente manipulada pela Thaís, aliás falando nela a mesma segue sumida, sem rastro algum e eu tenho certeza que tem dedo do Adamovich no meio disso.

— Quero comprar alguma coisa pra Catarina. — Maria comenta.

— Você ainda nem sabe se sua mãe está grávida de uma menina. — falo.

— Acredito na minha intuição de irmã. — pisca. — Estou tão ansiosa, são muitas crianças para eu mimar.

— Irei participar do parto de todas. — Júlia fala empolgada.

— A Ju, também vou querer que participe quando for a minha vez. — as quatro me encaram no mesmo instante. — O que?

— Pensei que não queria ser mãe. — Mariana fala.

— Não quero agora, mas futuramente quem sabe. — dou de ombros.

— Do jeito que você e o Adamovich estão, não vai demorar pra ficar de barriguinha. — Maria Clara fala rindo.

— Ué, vocês voltaram? — Naiara pergunta confusa.

— Não! Continuo solteira, Maria que está falando merda demais. — respondo.

Igor e eu não estamos juntos, porém somos um caso perdido e sempre acaba rolando aquela recaída básica que todo ex casal já teve.. não tenho controle, quando vou ver eu já tropecei e caí direto na sua cama durante a madrugada ou ele na minha.

— Vocês deveriam parar com isso e se assumirem de novo.

— Concordo. — Naiara concorda com a fala da Júlia enquanto analisava alguns bodys infantis. — Alguém vai acabar saindo machucado no final, recaída com ex quando ainda se ama é a pior coisa a se fazer.

— Aí gente, apenas tiramos o atraso um do outro nada demais. — falo como se não fosse nada. — Aliás, já chegou no meu ouvido que ele está de papo com várias meninas do morro.

— Não acata o que o povo do Vidigal fala não, tudo fofoqueiro que inventa uma pá de coisas da vida alheia. — Mari fala. — E eu super dou apoio a Júlia e a Naiara, ou vocês ficam juntos de vez ou param com isso porque coisa boa que não vai sair no final. — fico em silêncio.

— Quem cala consente.

— Cala a boca Maria Clara. — rosno e ela ri. — Viemos as compras e não para falar da minha vida amorosa, então vamos para de papo que eu ainda quero passar na loja de cosméticos e comprar alguns cremes e perfumes.

— Tô louca pra comprar o novo lançamento da Victoria Secrets. — Naiara fala sorrindo de orelha a orelha.

Depois de quase uma tarde inteira no Shopping Cassino Atlântico, voltamos para o Vidigal em torno das seis horas da tarde, estou morta de passar o dia inteiro fazendo compras e tudo o que eu preciso é de um belo banho e minha cama.

— O que você tá fazendo aqui? — pergunto ao passar pela porta do meu quarto e ver que Igor estava sentado encima da minha cama.

— Precisamos bater um papo reto.

— Precisa ser agora mesmo? Tô cansada..

— Tem que ser agora, Liz. — corta a minha fala e eu suspiro.

— Posso pelo menos guardar o que eu comprei? — ele assente.

Não deixo transparecer nem um pouco do meu nervosismo, mas a real é que eu estou tremendo na base porque de certa forma eu sei muito bem a onde essa conversa vai chegar e eu não estou nem um pouco preparada para tê-la.

Começo guardando as roupas que havia comprado e isso durou em torno de uns dez minutos, já podia ouvir o barulho dos pés do Igor batendo no chão demonstrando que ele estava impaciente.

— Senta aqui, vamos conversar. Tu vai demorar a beça pra guardar tudo o que comprou.

— Espera, só falta os perfumes e..

— Chega Liz, para de querer fugir desse assunto porra. — vocifera me fazendo engolir em seco.

Me viro de frente para ele e encosto minha costas sobre a minha cômoda, cruzo os braço e permaneço em silêncio à espera de que ele de a primeira palavra.

— Não quero viver assim. — fala e eu meu coração acelera. — Não quero isso pra mim, nem para você e principalmente para nós. Eu não te quero só para tirar o meu atraso, te quero para chamar de minha.. minha mulher, minha morena, minha garota. Eu te quero pra vida toda, quero que tu seja a mãe dos meus pivetes, quero tu more junto comigo e que juntos, possamos construir a nossa família. Eu te amo Liz, como nunca amei ninguém antes e eu não quero que sejamos apenas alguém que tira o atraso um do outro, eu quero que a gente se assuma novamente como um casal.

— Igor, eu..

— Eu não quero viver assim, apenas tendo uma "recaída". Ou nos assumimos de vez ou a gente nunca mais tem esses encontros e cada um segue a sua vida.

— Por favor não me faça escolher. — murmuro com a voz embargada.

— Você me ama, é tão difícil tomar uma decisão? — fico em silêncio. — Você não me ama mais! — vejo seus olhos lacrimejarem.

Eu te amo idiota, é claro que eu te amo. — meu subconsciente grita.

— Eu não posso. — falo depois de um tempo em silêncio e ele me encara atento. — Eu não posso escolher ficar com você, porque eu tenho medo. Tenho medo de que você me machuque mais uma vez e eu me decepcione e enquanto esse medo estiver em mim não podemos ficar juntos.

— Então..

— Então a escolha é que paramos com nossos encontros a partir de hoje e cada um segue sua vida! — completo. — Me desculpa, mas eu não posso. — uma lágrima escorre pelo meu rosto.

— Eu entendo. — sorri amarelo caminhando até mim. — Espero que tu seja feliz e que encontre alguém que não te cause medos sobre relacionamento. — coloca uma mexa do meu cabelo atrás da orelha. — Eu te amo e sempre vou estar aqui, sabe onde me encontrar. — segura meu rosto com as mãos e me encara profundamente antes de depositar um beijo em minha testa. — Se cuida, morena.

(...)

Soluço no colo da Maria Clara enquanto ela acariciava os meus cabelos.

— Eu não queria que acabasse assim.

— Mas foi melhor assim. — minha amiga fala. — Se vocês ficassem apenas tendo recaídas, uma hora alguém iria se machucar feio e como você mesma disse, enquanto o medo estiver em você não será possível escolher ficar com ele.

— Eu o amo e não queria ter medo de viver ao lado dele. — admito. — Mas eu acredito que tudo tem um propósito e se não estamos juntos, é porque realmente não era pra ser e eu tenho que aceitar isso.

— Só quero te pedir uma coisa. — a encaro esperando que ela dê continuidade. — Não surta quando ver ele com outras mulheres, porque uma hora isso vai acontecer e ele não vai te esperar para sempre, a vida é curta e quando ele se der conta mesmo da sua escolha, ele irá realmente seguir em frente. — engulo em seco ficando em silêncio.

Só Por Uma Noite [M] ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora