Capítulo 3

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Sarah

A claridade produzida pela fresta da porta toca em meu rosto e eu o afundo ainda mais no travesseiro. Não acredito que esse babaca vai começar essa palhaçada outra vez. A presença dele me incomoda de forma diferente de como eu esperava. Não senti medo. Não sei se pelo fato dele não se aproximar de mim ou tentar me tocar... O fato é que quando o olhei, sua imagem não provocou o costumeiro pavor, apenas me deixou encabulada.

Ouço o som da cadeira sendo arrastada e ele senta. Por que ele não some? Por que todos não entendem a simples mensagem de que eu quero ficar sozinha. Não quero um monte de pessoas me dizendo o que fazer, lembrando todas as responsabilidades que foram jogadas sobre mim.

O que eu posso fazer para me ver livre desse jacu? Não quero que as pessoas me vejam assim. Quero me livrar dessa sensação insuportável. Lentamente eu espio de lado e seus olhos estão sobre mim novamente. Porque ele tem que me olhar tanto? Ele me intimida. Parece querer me desvendar, me virar ao avesso e descobrir tudo que eu carrego aqui dentro. Só em pensar nisso me encolho ainda mais. Ninguém seria capaz de compreender ou suportar essa podridão. Está em meu abismo e deve ficar lá.

Passa-se mais um bom tempo e ele permanece lá. Seu olhar alterna entre mim e seu tablet. Vejo que se veste para impressionar. Usa camisa, calça e blazer muito bem alinhados. Também está usando um óculos de armação preta que dá um ar de intelectual e que ao mesmo tempo é bem sexy. Principalmente se você levar em conta o hábito que ele tem de fazer um biquinho ou morder ocasionalmente os lábios. Em alguns momentos ele coça a barba, que mantém perfeitamente aparada. Percebi que ele é cheio de caras e bocas. Nesse curto período de tempo que estou observando, ele já me mostrou várias expressões. Tem um certo mistério, mas também é divertido.

Voltando ao meu problema original, o que preciso fazer para ele desaparecer?

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Voltando ao meu problema original, o que preciso fazer para ele desaparecer?

- Dá para sair do meu quarto? - resmungo de uma vez - eu não quero você aqui.

- Eu estou disposto a negociar com você, Sarah - ele propõe com um sotaque carioca, que fazem as palavras dançarem sedutoramente em sua boca. Porque essa boca prende tanto a minha atenção?

Eu não respondo. Ele continua lá parado me encarando. O que ele quer dizer com negociar?

- Podemos fazer uma troca - sugere como se escutasse minhas confabulações.

Estou quase disposta a fazer qualquer coisa para ele e sua turma me deixarem em paz?

- O que você quer? - sento na cama e espero sua proposta.

- Eu quero muitas coisas. - responde me avaliando de uma forma que me deixa tímida - A princípio, eu quero um momento do seu dia.

Meu coração dá uma martelada inesperada. Como assim? Ter que ficar apenas eu e ele? Nunca tive essa coragem. Engulo seco.

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