Chegada a Pedra Queimada

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Loki tinha imaginado o ato de voar como algo magnifico e de fato o era, se você ignorasse o cabelo que insistia em ficar em sua cara, o cegando ou o sufocando. Também deveria desconsiderar os olhos ressecados, além dos arranhões que se acumulavam em suas coxas por roçarem constantemente nas escamas de Ragnar. Uma sela era sem dúvida necessária caso pretendesse efetuar voos futuros com o seu amigo dragão. Mesmo que a simples menção de sela para um dragão iria originar um grande conflito de normas e tradições, o que, por sua vez, poderia gerar um pequeno melodrama diplomático.

"Bem que eu já devo causar um melodrama diplomático por estar montando um dragão (mesmo que sem uma sela!). E não um dragão qualquer, mas o príncipe herdeiro de NIflheim!" já imaginava as consequências que teria que arcar por seus atos, mas ao vislumbrar aquelas estupendas montanhas cinzentas, rodeadas por nuvens e salpicada por neve em seus cumes todas as suas preocupações se dissipavam.

Ragnar voou por entre cachoeiras, cuja água vertia para mortais precipícios. Suas águas frias e as nuvens de vapor refrescaram Loki. A visão do reino dos dragões visto por uma diferente perspectiva sem dúvida conferia um aspecto mais atraente ao inóspito cenário que se acostumara a ver durante a sua jornada. Havia campos verdes escondidos em remotos vales. Criaturas semelhantes a bodes com exuberantes chifres em espiral, que saltavam habilmente por entre as reentrâncias das rochas, se locomovendo sem dificuldade pelas íngremes encostas montanhosas. Seres aquáticos que muito lembravam uma mescla de cobras com peixes, saltavam dos leitos dos rios, acompanhado a correnteza e o sobrevoar de Ragnar. Tudo era tão belo e novo...

"Logo chegaremos a Pedra Queimada" declarou Ragnar com sua conexão mental com Loki. O jovem gigante logo endireitou o corpo, tentando detectar a única construção arquitetônica produzida pelos dragões, já que eles não eram um povo que prezava por castelos, casas ou coisas desse tipo, preferia uma confortável gruta ao invés de uma elaborada obra de engenharia. Não demorou para detectá-la. Um grande salão circular moldado em rocha pelo o fogo de mais de cem dragões. Pilares contorcidos formavam o perímetro da instrutura. A marca escurecida do salão fazia jus ao a denominação pedra queimada.

– Você consegue imaginar tantos dragões unidos para construir isso? – perguntou em voz alta, praticamente gritou já que pela velocidade do vento não sabia se Ragnar podia mesmo escutá-lo.

"Se eu me lembro bem das lições de história, sei que que esse salão foi um marco para indicar a unificação das tribos dos dragões, formando o reino de Niflheim propriamente dito" corroborou Ragnar.

"Todo ano fazemos uma cerimônia relembrando esse dia. Dragões lançam seu fogo sobre a Pedra Queimada, renovando a aliança."

– Até você participa? Pensei que não sabia ainda a produzir fogo... – provocou ganhando um pequeno rosnado de seu amigo como resposta.

"Eu não sou tão filhote assim, Loki. Cresci muito desde a última vez que nos encontramos."

– Sério?

"Sim! Antes eu nem conseguia voar direito, recorda?"

– Bem, isso é verdade. – Anuiu.

Apesar de defender a sua maturidade, Ragnar não demonstrou a sua desenvoltura com o fogo tão pouco perdurou no assunto. Os dois se aproximavam da Pedra Queimada, onde se podia notar a presença de outras figuras, provavelmente outros aliados de Jotunheim se organizando para a recepção e dar início a reunião.

– Você voa muito bem, isso eu devo concordar, – começou a falar Loki, apreensivo – mas e em relação ao ato de pousar?

Ragnar parecia vacilar, Loki notou e voltou a insistir:

Entre Trovões e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora