O despertar do sonho

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Aqueles dias pareciam um sonho. O que era de certa forma contraditório, afinal, de início Loki imaginava que toda aquela viagem e estadia no reino elfico seria um verdadeiro pesadelo. Mas toda aquela impressão negativa tinha se dissipado com o desenrolar dos acontecimentos. A família real de Asgard de nada parecia com monstros sanguinários que todos tanto falavam em Jotunheim. Eles podiam ser briguentos e meio fanáticos por feitos militares, entretanto era amigáveis e não parecia exibir nenhum tipo de preconceito em relação ao príncipe Jotun. Entretanto, a sua maior surpresa estava em relação a Thor, seu futuro "marido" se revelou alguém suportável para conviver, um amigo até. O fato de não ser transformado em uma serpente já demonstrava o quão favorecido estava Thor em relação aos pretendentes anteriores de Loki. Embora ainda desgostasse de toda a ideia de casamento, o sentimento de se relacionar com Thor e sua família não se encontrava no mesmo patamar.

Como todo o sonho, a hora de acordar se aproxima... E para Loki isso significava o retorno ao seu reino, dando adeus as mágicas terras de Alfheim.

– Será que é o suficiente?

A pergunta lançada por Býleistr despertou a curiosidade do jovem príncipe Jotun, o fazendo se virar. E ali está seu irmão mais velho, arrumando uma trouxa no lombo do boi-almiscarado. Sua montaria parecia já sofrer pelo o excesso de peso e Býl ainda nem o estava montando.

– O que você está levando aí? – questionou Loki apesar de já ter uma ideia do que seria a resposta.

– Lembrancinhas de Alfheim. – respondeu com um sorriso orgulhoso estampado nos lábios.

– Lembrancinhas... – Loki se aproximou da trouxa e a inspecionou, não demorou para encontrar um faisão inteiro, frito, no meio a outras "lembranças" de seu querido irmão.

– Sabe, Býl... Acho que a lógica de você trazer lembranças de nossas viagens, seria coisas que podemos preservar. Para provar que estivermos em tal lugar e não algo perecível. – Tentou comprovar isso retirando uma torta de carne, ainda quente, da bagagem de Býleistr.

– Isso será consumido e você nem se lembrará do gosto quando chegarmos ao castelo de Utgard!

– Loki, não se preocupe quanto a isso. Meu estomago dificilmente esquecerá todas as iguarias que consumi aqui...Além disso, se buscar mais entre as minhas coisas vai encontrar botes de conserva. Pelo o que os elfos me contaram, os produtos ali podem durar anos.

– Ora, mas com você tais produtos não irão durar nem dias! – frisou Loki.

– Isso pode ser verdade. – Matutou o gigante de gelo – Talvez eu devesse pegar mais...Só para garantir que...

– Não. – Cortou Utgard que olhava com reprovação a pilha de mantimentos/lembrancinhas de seu filho – Já chega de comida. Alias, acho melhor descartar alguns desses seus souvenirs...Sua montaria não deve carregar tanto peso assim! Lembre-se Býleistr, devemos ser prudentes com nossas escolhas e isso incluiu a quantidade de lembrancinhas a serem levadas.

– Descartar! Mas isso...Seria um tremendo desperdício. – Choramingou Býl, mas o seu pai não queria ouvir tais lamentações, tinha se distanciando para arrumar sua própria montaria.

– Se você comer talvez não seja tanto desperdício assim. – sugeriu Loki sentindo um pouco de pena do irmão, afinal, ele parecia mesmo desolado com a possibilidade de jogar aquela comida fora.

– Oh! Tens razão... Ainda temos tempo antes de viajar. Posso comer alguns desses quitutes! – pelo visto, a sua tristeza não perdurara por muito tempo.

Entre Trovões e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora