Alguém tinha lhe trazido um manto. Uma atitude apreciada por Loki que devido a transformação tinha perdido parte de suas vestimentas. Normalmente conseguia conservar suas roupas quando alterava a forma, uma das vantagens da magia era na preservação da decência e pudor daqueles que a utilizavam. Entretanto, para que fizesse isso era necessário: energia e concentração. Esse último foi perdido em meio ao "pouso" o que resultou em nudez não planejada.
"Thor iria enfatizar que eu gosto de fazer entradas triunfais...Mas nesse caso, não sei se triunfal seja a melhor palavra a ser usada. Quiçá desastrosa?" matutou tentando conter o rubor de suas bochechas. Aquela seria a sua primeira reunião com o conselho dos aliados de seu pai. De fato, desejara causar uma memorável primeira impressão...E pelo visto, havia conseguido.
"Viva para mim..." pensou Loki, sarcástico.
– Está se sentido melhor? – Alguém perguntou, ao levantar a cabeça notou Potrus, primo de Ragnar, que lhe oferecia uma caneca do que deveria ser chá.
– Os primeiros voos sempre causam um pouco de enjoo...Até mesmo para nós dragões. – Falou, solicito. Apesar de Ragnar reclamar tanto do primo (que ele era chato, mandão, não sabia relaxar, não sabia rir de suas piadas etc.), ele parecia ser um bom dragão. Na verdade, ele parecia ser um grande irmão mais velho, pronto para auxiliar tudo e a todos.
– Ainda está enjoado, filho? – Skrymir questionou.
Loki se remexeu desconfortável pelo excesso de atenção que estava tendo. Não tinha nada contra cuidados de seu pai, mas fazer isso em público, em meio a uma reunião com poderosos dragões e gigantes de fogo? Isso era bem embaraçoso.
– Estou muito bem! – informou, falando um pouco mais alto que o normal. Bebeu o chá de uma vez, como se aquele ato restaurasse sua imagem de algum modo. Era uma ilusão, sabia disso, mas não custava nada acreditar em uma fantasia.
– Ótimo. Bom o suficiente para ficar de castigo, presumo.
Loki encarou o seu progenitor ainda mais mortificado.
– Castigo? – Aquilo destinado a crianças jotuns e não a rapaz crescido como Loki! Não que Loki não tenha ficado de "castigo" antes, mas ali era outra situação! Outro contexto! Ele estava noivo de Thor (teoricamente, afinal ainda não haviam assinado o tratado de paz nem nada) e isso deveria significar que tinha ascendido a degrau da maturidade. Para piorar Helblinde estava dando o seu famoso meio sorriso cheio de escarnio, o que claramente indicava o quão entretido o herdeiro de Jotunheim estava no momento ao assistir a humilhação do irmão mais novo.
– Sim, trata-se de uma medida disciplinar para educar filhos que agem de forma irresponsável, ao ponto de colocar os outros em perigo além de a si mesmo. – Explicou Skymir lentamente.
– Eu sei o que "castigo" significa, pai. – Disse Loki, agora em um tom mais baixo de fala – Mas...Me por de castigo? Aqui? Não seria mais prudente esperar chegarmos em casa?
– E qual seria o seu argumento para adiar o seu castigo, meu filho? Ou devo esperar que você faça outra travessura e assim acumular mais punições até chegarmos em casa?
Loki engoliu em seco, reconheceu com rapidez os indícios de fúria no semblante do seu pai. Certo, talvez ele tivesse sido um pouco insensato, inconsequente...Mas para a sua defesa, o fato de Ragnar não saber pousar lhe era desconhecido! Então, a forma como Loki resolveu a "crise" foi até bem admirável (na sua opinião, claro).
– Loki, iremos ficar de castigo juntos! Isso não é legal? – Disse Ragnar abanando o grande rabo reptiliano, todo alegre. Não conseguia sentir raiva em relação ao amigo, por isso conseguiu esboçar um tímido sorriso. Tentaria ignorar a situação de ser colocado na categoria de "filhote rebelde", pelo menos por enquanto.
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Entre Trovões e Gelo
FantasiaOs nove reinos vivenciaram, durante séculos, um conflito constante entre o reino de Jotunheim, governado pelos Jotuns, também conhecidos como gigantes, e o reino de Asgard, formado por Aesir e Asynjur, seres semelhante a humanos apenas em aparência...