Antes do derradeiro Encontro

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O castelo se erguia de forma estonteante na encosta íngreme da montanha. Um observador podia se perguntar como tal construção fora feita em terreno tão irregular. Talvez, o mesmo observador se admirasse ao saber que tal castelo já detinha centenas de anos e que arquitetos antigos foram responsáveis por erguer aquela fortaleza de pedra sobre o precipício da mais alta montanha de Jotunheim. Não foram engenheiros e arquitetos comuns, muitos eram Fjölkyngi-Jotun, o que explica o aspecto quase que sobrenatural do edifício...Só a magia poderia ter permitido a existência do grande castelo de Utgard.

Como moldado na própria rocha enegrecida da montanha, o legendário castelo se destacava na embranquecida pela neve, que era eterna nos picos da montanha. E dentro dele, em seus largos corredores, coberto por tapeçarias centenárias que contavam a história do povo Jotun, um Jotun em particular caminha a passos rápidos. Parando em cada cômodo, enfiando a sua cabeça no mesmo, farejando o ar e soltando um palavrão.

– Pelos deuses mortos! Onde está o Loki? – Rosnou o gigante azulado.

Outro gigante, a passos mais lentos o acompanhava, em uma das mãos trazia um pernil assado de javali, comia lentamente enquanto levantava, com a sua outra mão, a borda de uma tapeçaria, como se esperando que seu irmão caçula ali estivesse escondido.

– Býleistr! – Rosnou o gigante menor – Você não está ajudando!

– Eu estou. – Respondeu com a boca cheia – Mas...Se iremos viajar para além de Jotunheim, o certo é tenhamos um bom café da manhã, não é mesmo? Alias, irmão Helblinde, você deveria comer um pouco, você anda muito estressado, comer sempre me relaxa.

–Estressado? Eu não estou estressado! – Continuava a rosnar – Sabe o que fará que eu relaxe? Achar aquele nanico e o amarrar em uma das nossas montarias! Onde já se viu, desaparecer logo na nossa partida para se encontrar com os Asgarianos? E se ele fugiu?

– Ele não fugiu. – Garantiu Býleistr.

– E como você sabe disso?

– Ele deu a palavra dele, irmão.

Nisso Helblinde não pode soltar uma resposta que contradissesse o seu irmão, pois mesmo gostando de enfatizar os defeitos de Loki o irritava admitir que o filhote não faltava com a sua palavra.

– Além disso... – Byl arrancou com os seus dentes um grande naco de carne e mastigou, mas isso não o impediu de continuar falando – O papai sempre o encontra.

Helblinde rosnou. Sim, isso era verdade, o Utgard dos Jotun parecia ter uma estranha habilidade de encontrar Loki mesmo quando este utilizava suas habilidades magicas para se ocultar no ambiente.

– Nosso pai não deveria perder o seu tempo com essas coisas! Ele tem um reino para governar e ...

– Você está chateado por que nunca consegue achar o Loki quando ele muda de forma. – Interpôs o outro Jotun já descartando o osso, já havia devorado a carne do imenso pernil.

– Eu... – Novamente Helblinde demorou para formular um bom argumento contra a afirmação de seu irmão – Isso não é verdade! E daí que ele muda de forma? Essa habilidade é inútil!

– Aham. – O outro deu os ombros – Só acho que ao invés de gastar nosso tempo nessa busca sem resultado, poderíamos estar na cozinha comendo.

– Aquele pernil não foi o suficiente para você?

– Irmão Helblinde, aquilo só foi o aperitivo. – Sorriu Býleistr.

O Jotun baixinho soltou um longo e enfadado suspiro. Desistiria, por hora, de sua caçada. Não gostava quando Loki tinha vantagem em relação a ele, aquela irritante habilidade de trocar de forma, alterando a sua aparência e corpo era por demais imprevisível.

Entre Trovões e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora