Chegada em Niflheim

1.8K 298 104
                                    


A densidade da neblina aumentava conforme avançavam sobre o território de Niflheim. O ar também se tornava mais pesado, decorrente da umidade daquelas terras formadas praticamente por rios e altas montanhas. A vegetação era constituída praticamente por arbustos espinhosos e rasteiros, agricultura era atividade praticamente impossível de ser implantado ali. Isso não era desvantagem, afinal, Dragões não eram o tipo de povo que se importa em arar a terra, plantar e colher os frutos. Não. Dragões eram um povo que caçava, com suas garras, dentes e fogo.

Loki acariciava Snjár, sua Vargr estava irrequieta desde que cruzaram a fronteira. A sua loba, tal como os outros Vargrs de Jotunheim, é considerada uma predadora de topo da cadeia alimentar. Todavia, ali...Ela era mais um aperitivo para os supremos repteis voadores.

– Está tudo bem, eles não irão te comer... – tentou tranquilizá-la acariciando por trás da orelha da gigante loba.

– Sei que Vargrs são as carnes mais apreciadas pelos os Dragões. – disse Helblinde fazendo com que Loki o encarasse com fúria. Snjár soltou um misto de rosnado e ganido, como se quisesse parecer corajosa apesar do evidente medo que sentia.

– Uma dica, querido irmão, se não tens nada de proveitoso para dizer, melhor ficar calado. – disse Loki com dentes rangendo.

– E eu tenho outra dica, adorável irmãozinho, se aprecias tanto a sua boca ou língua, melhor não importunar alguém que carrega uma espada...

– Oh! Que dica útil, valoroso e sábio irmão mais velho, pois eu posso modificá-la nesse sentido: se aprecias tanto a sua existência como um gigante de gelo, melhor não importunar alguém que pode usar a magia para te transformar uma lagartixa!

– Se fizesse isso, seria um ato de traição...

– Realmente, acho que seria um ato de traição as lagartixas, elas não mereciam receber um novo "integrante" tão feio na sua raça...

Helblinde rosnou e Loki tentou rosnar de volta.

– Parem vocês dois. – falou Utgard em um tom cansado, já que não era a primeira vez que intervia para apartar as brigas de seus filhos. Naquele momento o rei dos Jotuns já estava começando a reconsiderar a sua ideia de trazer Loki e Helblinde para a reunião com os aliados. Entretanto, não podia negar os fatos, Helblinde era seu herdeiro e deveria aprender como se portar diante dos reinos amigos, já que não demonstrou semelhante diplomacia diante os Asgardianos. Loki, por sua vez, tinha um papel fundamental naquela reunião, já que a mesma seria focada na aliança, mais precisamente, no noivado de seu filho mais novo com o herdeiro de Asgard. Desta forma, não podia negar a presença dos dois, mesmo que esses mesmos dois pareciam estar ao ponto de se engalfinharem como Vargs enraivecidos.

"Býleistr faz falta..." pensou o gigante monarca, seu filho do meio parecia exercer o papel de equilíbrio entre o trio fraterno.

– Estamos no território Dragão, mas não devemos tratá-los como se eles fossem feras famintas. Eles são nossos aliados e amigos. Deste modo, nenhuma montaria, seja ela um Vargrs ou bois-almiscarados, sofrerá algum perigo eminente de se tornar a próxima refeição. – explicou.

Loki assentiu, mesmo que de contragosto. Tentava ser paciente e tolerante, mas era praticamente impossível se manter calmo ao lado de Helblinde. Seu irmão mais velho parecia fazer questão de humilhá-lo ou incitá-lo ao confronto desde o início da viagem. Pelo menos em Jotunheim eles se evitavam, com seus afazeres e deveres. Contudo, isso era impossível de fazer naquela viagem em particular. O pior é que parecia que Helblinde estava ainda mais insuportável do que de costume. Como se realmente odiasse Loki ou algo do tipo.

Entre Trovões e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora