This is me trying

09

Naquela noite nada parecia abalar as emoções de Yerin, tudo parecia sob controle, mas quando Sinb havia se aproximado de sua mesa tudo fora por água abaixo até mesmo seu humor. Sua vontade de correr para fora daquele estabelecimento para longe de Sinb parecia querer aumentar mais, porém respirou fundo com seus olhos fechados e fez uma prece para que a morena não estivesse mais alí, mas não havia funcionado como ela esperava. Como ela teve tal audácia de pedir para se sentar com elas? Não bastasse Sinb ter quebrado seu coração da pior forma possível. Não desejava esse tipo de dor nem para o seu pior inimigo doía tanto que parecia algo físico machucando seu peito e lhe rasgando sem sequer uma anestesia. Era tragicamente cômico doer tanto e ainda assim pensar nela.

— Eu conversei com Sinb quando estávamos lá fora como pôde ver, na verdade eu lhe disse algumas coisas. Não foi bem uma conversa. — Iniciou a morena de forma neutra colocando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha, por dentro um turbilhão de sentimentos novos e velhos estavam borbulhando em seu peito, por fora Yerin parecia um mar de calmaria e compreensão.

— E o que aconteceu depois?

— Não aconteceu mais nada, eu só lhe disse que ela mesma foi a causadora da perda de suas amizades, ela ficou em silêncio sem dizer absolutamente nada.

— Você não deveria pagar com a mesma moeda Yerin, acho que vocês deveriam conversar melhor com ela, às vezes ela pode ter seus motivos para tais feitos. 

— Não Sana, ela mesma sabe que o que fez foi puro egoísmo de sua parte. Como se seus amigos fossem canadenses e melhores do que nós.

— Yerin, todo mundo muda todo mundo erra e faz coisas que se arrepende depois. Não é como se em algum momento você, eu ou qualquer outra pessoa não fosse errar também. Não somos perfeitos, mas podemos dar uma segunda chance e fazer mudar.

— Eu sei... Mas eu ainda me sinto, eu ainda sinto raiva dela e não consigo vê-la como a velha Sinb que era minha melhor amiga.

— É compreensível que você sinta raiva, mas vê-la como antes é impossível as pessoas não são as mesmas pra sempre. 

— Você é , desde quando nos conhecemos...

— Não amor, meu caráter e tudo o que eu aprendi durante toda minha vida é o mesmo, mas eu vivo em constante mudanças sempre tentando melhorar. Mas se eu errar tudo bem também...  — Yerin suspirou baixo assentindo em resposta de que havia entendido o que a namorada havia lhe dito, ela era realmente encantada por Sana e pelo fato da mulher saber o que dizer em momentos turbulentos. Se sentia até melhor em colocar seus sentimentos para fora.

— Argh... Você sabe cozinhar, fazer doces deliciosos e também sabe dar os melhores conselhos. Como não me apaixonar mais? — Minatozaki soltou uma risadinha descontraída e se aproximou da namorada entrelaçando seus dedos, ela tentava manter um relacionamento agradável e saudável para com Yerin e aquilo funcionava muito bem. Discussões sempre haveriam, porém com uma boa conversa honesta olho no olho era tudo o que precisavam para enfim se entenderem. 

                (...)

O sono de Jung parecia ter se dissipado com tanta facilidade quanto o pousar de uma borboleta sobre uma flor. A conversa que tivera com Sinb e com Sana fora o estopim para que ela mantivesse sua mente um tanto ocupada com pensamentos que lhe tirara o sono. Mesmo se tomasse milhares de remédios para adormecer ainda assim não conseguiria nem ao menos pegar no sono, esta então soltou um suspiro lânguido e se retirou da cama que a horas atrás parecia demasiado confortável seguindo assim até a cozinha. Sentiu um leve arrepio com o vento que lhe abraçava, mas ainda assim não se importou tanto, foi até a geladeira pegando uma garrafa de vinho e uma taça colocando o conteúdo no mesmo. Yerin precisava tanto daquela bebida quanto qualquer coisa no mundo, queria se acalmar e tentar colocar os pensamentos em ordem ou apenas beber sem intenção alguma, caminhou até a sacada de sua casa sentando-se no estofado de couro  comprada há dias atrás e deu uma leve balançada na taça de vinho levando então até a boca, sentiu o gosto doce lhe invadir por completo. A morena queria mais do que tudo que toda aquela situação acabasse e não lhe afetasse tanto, poderia parecer até egoísmo de sua parte, mas ela não queria uma aproximação de Sinb para depois se decepcionar novamente como da última vez. Não era muito difícil esquecer que ela fora a pessoa ao qual mais tentou ir atrás da amizade e conversar com ela, porque desta vez ela cederia para Sinb? Nada justificava o que ela tinha feito afinal.

— Eu seria uma estúpida se a deixasse entrar novamente em minha vida, quem me garante que ela não fará isso novamente? — Indagou a morena consigo mesma negando com a cabeça, dar um voto a Sinb seria como dar um tiro em seu próprio pé, certo? E também elas não tinham mais a mesma conexão de quando eram mais novas, ambas cresceram e tinham pensamentos e objetivos diferentes nunca daria certo. — Foda-se, não vou dar oportunidade alguma para ela, vai ficar como está e eu não vou nem mesmo tocar no assunto ou qualquer coisa do gênero. — Deu de ombros não se importando mais com aquilo. 

— Amor, o que faz acordada? — Yerin se assustou ouvindo a voz da namorada, colocou a mão no peito tentando respirar profundamente sentindo seu coração bater rápido. — Desculpa, eu não queria te assustar, mas você não estava na cama e achei que estava mal.

— Tudo bem, eu só não estava conseguindo dormir... Vamos?

— Vamos. 

                     (...) 

A morena se sentou na beirada da cama de sua melhor amiga com um sorriso suave no rosto e em seguida levou suas mãos até seu cabelo num carinho, Sinb fechou seus olhos brevemente sentindo aquele ato a acalmar.

—  Eu me lembro perfeitamente quando nós estávamos naquela casa abandonada a noite, você disse bem assim "Yerin, eu não quero mais ficar vamos embora, eu estou ficando com muito medo". Daí eu te pedi para ficarmos só mais um pouquinho, porque segundo Kim e Soyoung nós não conseguiríamos entrar na casa mal assombrada, daí eu queria mostrar pra elas que conseguíamos sim entrar lá. Você foi muito corajosa Sinb-yaaa, eu também estava com medo, mas eu estava com você e meu medo não existia mais.... — Yerin terminou sua frase dando assim uma longa pausa enquanto ainda afagava os cabelos de Sinb, esta por sua vez estava um tanto sonolenta que nem ao menos se deu ao trabalho de falar alguma coisa. Ela estava gostando da companhia de Yerin e queria estar alí para sempre junto de sua amiga. Seu coração antes turbulento agora se encontrava tranquilo e quieto. — Mas eu também me lembro com muita perfeição o modo como você me deixou, você destruiu a minha vida num passe de mágica como se eu não significasse nada pra você, como se eu não existisse mais. Sinb, você foi o motivo de minha destruição, o motivo de recaídas... Você se tornou a pior pessoa que um dia eu fui amiga, eu jamais quero isso para minha vida de novo, jamais quero você comigo ou no meu caminho. Nem quando você era minha melhor amiga eu amei alguém tão intensamente como eu amo ela, pode ter a total certeza de que ela é mil vezes melhor do que você.  E eu nunca em hipótese alguma vou te perdoar por tudo o que fez nem que você se ajoelhe me pedindo perdão várias e várias vezes. Quero que viva com essa culpa pra sempre e nunca mais volte para a minha vida de novo, porque o que eu sinto por você é nojo e se eu pudesse em outra vida não teria te conhecido jamais.

— Yerin, por favor ... Por favor, eu estou te pedindo fica mais um pouco, fica.... Eu te expliquei porque...

— Suas justificativas são tão sem sentido, você é uma idiota mesmo de achar que eu iria perdoar você depois de tudo.  — A morena disse com um sorriso debochado brincando em seus lábios e então desapareceu do quarto de Sinb, sem nem sequer deixar algum rastro.

Os respingos de suor caia sobre o rosto pálido da coreana, os cabelos grudados em sua face e a respiração descompassada a deixou tão assustada que jurou que aquilo fosse real, jurou para si que não era um sonho, mas sua mente estava a brincar consigo. As lágrimas pesadas se fizeram presente, parecia que a qualquer momento seu coração fosse saltar pela boca de tanto que batia sem pausa, Sinb respirou mais uma vez e se levantou da cama cambaleando um pouco, sua cabeça parecia uma roda gigante incessante. Sentiu o chão gélido fazer contato com seus pés e então voltou para colocar os chinelos perambulando até a cozinha que ainda se encontrava com as luzes apagadas. A única luz ali era o da lua que batia no vidro da janela, mas ainda assim Sinb decidiu ligar o interruptor, e ao faze-lo abriu a geladeira pegando um pouco de água despejando sobre o copo. Suas mãos ainda trêmulas segurava o  objeto de vidro com um pouco de dificuldade.

— Eu a machuquei tanto, e eu não a mereço... Eu só queria que ela estivesse comigo aqui, eu sinto tanto... — Desta vez as lágrimas de Sinb se fizera mais forte do que antes, aquela dor parecia lhe apertar o peito a deixando sem respirar, Yerin tinha razão nada justificava o que ela fez. — Tem razão, eu não mereço nem uma segunda chance, quem dirá perdão.