36 - Obito Uchiha

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K A K A S H I 

Após o encontro desastroso com o Raikage decidimos alugar um quarto numa hospedaria antes de voltar para a folha, Tenzo se ofereceu para ficar com Naruto que ainda estava arrasado e quieto. Peguei o quarto ao lado caso precisassem de mim. Eu tinha tirado os sapatos e o colete com a cabeça cheia demais quando senti a presença dele, saquei uma kunai quando Madara ou Tobi apareceu diante de mim, à máscara laranja, o manto da Akatsuki.

- Não quero lutar – ele ergueu as mãos – vim para conversar com você, Kakashi, é importante.

Fiquei quieto, mas não baixei a guarda.

- O que você quer? - falei com cada grama de ódio que pude reunir.

- Primeiro, acho que devemos nos conhecer cara a cara – ele disse e ergueu a mão até a borda da máscara laranja.

Terror e choque me bloquearam, me travaram dos pés a cabeça ao encarar aquele rosto, um rosto tão absurdamente familiar como o meu próprio. Um rosto que era um dos que mais permeavam meus pesadelos, um fantasma de alguém que eu amava e achava ter perdido durante tanto tempo. Impossível! Era impossível que aquele na minha frente fosse Obito. 

Minha mão tremia segurando a kunai e eu tentava controlar os sentimentos dentro de mim.

- Isso não pode ser real, você é o Obito? – questionei.

- Bom saber que as cicatrizes ainda me deixam reconhecível – ele deu um meio sorriso que não chegava ao olho.

O olho esquerdo estava enfaixado porque aquela orbita era vazia, porque aquela orbita estava comigo. As cicatrizes marcadas do lado direito onde às pedras tinham atingido. Alto, ele tinha ficado mais alto do que eu e mais ágil. Meu coração parecia fora de si, aquilo era impensável, impossivel.

- Como isso é possível? Eu o vi morrer – falei aturdido – eu fui ao funeral, eu vi as pedras cairem...

Obito suspirou e começou a me contar a sua história, ele detalhou inicialmente a história de konoha e a longa rivalidade entre Madara e Hashirama, uma rivalidade que vinha muito antes das guerras em suas famílias. Obito me explicou que Madara e Hashirama eram as reencarnações dos filhos do sábio de seis caminhos, Indra e Ashura. Uma rivalidade que ultrapassava os conceitos terrenos, por isso Madara e Hashirama estavam fadados a batalharem, mas no que achávamos ter sido o ultimo combate no vale do fim foi apenas um truque de Madara para escapar da morte e levou com ele um pedaço de Hashirama. Obito explicou que Madara transplantou o pedaço de carne de Hashirama nele mesmo, em uma tentativa de despertar o poder do lendário sábio. Afinal, um era descendente de Indra e o outro de Ashura, unindo os genes poderiam replicar o DNA de Hagoromo, o sábio dos seis caminhos.

Muitos anos se passaram e quando finalmente o poder de Madara despertou ele já estava velho e debilitado demais para conseguir por forma aos seus objetivos, Madara havia despertado o rinnegan e usando o doujutsu invocou a estatua demoníaca do caminho exterior – a casca do dez caudas que Hagoromo havia selado na lua para impedir que destruísse o mundo shinobi – Madara usou a estatua para prolongar sua vida e transplantou o rinnegan para uma criança do clã Uzumaki chamado Nagato, na esperança de que quando ela crescesse usasse o rinne tensei para trazê-lo de volta a vida. Porém, nesse meio tempo, em plena a terceira guerra mundial shinobi, Obito havia de alguma forma conseguido ficar entre as pedras e não esmagado por elas, sua teoria era de que o kamui começava a se manifestar.

Madara cuidou de Obito, transplantando células de Hashirama para o corpo semidestruído dele e regenerando o lado direito de seu corpo. Mas até que ele dominasse e ficasse forte levaria muito tempo, Obito explicou que quando estava naquela caverna à única coisa que ele queria era melhorar logo para voltar para nós, eu e Rin. Meu peito apertou ao o ouvir dizer aquelas palavras, detalhar que finalmente nós dois tínhamos nos entendido e que agora éramos capazes de lutar como um só, e ele finalmente me entendia. Porém, mais ou menos, um ano depois um dos servos de Madara trouxe a noticia que eu e Rin corríamos perigo, sendo perseguidos por ninjas da névoa. Eu me lembrava daquele dia com tanta precisão que cada palavra que saia da boca dele era como kunais me perfurando. Baixei os olhos enquanto ele detalhava que seu corpo ainda estava fraco demais para sair da caverna e que o servo de Madara se ofereceu para ser usado como armadura e assim ele tinha conseguido chegar até onde nós estávamos. Apenas para ver Rin se atirar diretamente no meu chidori e morrer.

A VONTADE DO FOGO - SAGA DO FOGO/LIVRO 03Onde histórias criam vida. Descubra agora