32 - Pai

40 0 0
                                    

K A K A S H I 

- Quem diria que morreríamos tão cedo – meu pai falou depois de um tempo – claro que não tão cedo como a sua mãe.

Fiquei quieto observando as chamas da fogueira crepitarem, era loucura da minha cabeça aquele momento ou de fato poderia estar acontecendo? Encarei o perfil dele iluminado pelas chamas, ele estava exatamente igual as minhas lembranças. O cabelo branco longo com o rabo de cavalo, o uniforme Jonin com a manga esquerda cor branca e vermelha, o sinal do canino branco. Tristeza me invadiu ao lembrar a dor que foi perde-lo tão jovem.

- Pai, eu sempre quis te perguntar uma coisa, por que alguém como você, conhecido como canino branco decidiu ignorar o código da vila e abandonar uma missão crucial para salvar um companheiro? Se você não tivesse feito isso, ninguém o teria condenado e você teria vivido uma boa vida – falei e suspirei – eu me sinto tão triste.

- Entendo – ele exalou colocando uma mão em meu ombro para me fazer encará-lo – foi duro para você, né?

- Sim – fechei os olhos tentando suprimir todas as dores que as lembranças traziam e respirei fundo clareando a mente – mas sabe, pai, seja lá o que tenha acontecido, sei que foi para o melhor, eu vejo isso agora e te entendo, você quebrou o código para salvar a todos e tenho orgulho de você por ter feito isso.

Os olhos dele me encararam surpresos, mas era a verdade, eu tinha perdoado meu pai. Tinha perdoado ele há um bom tempo, para ser sincero, no dia que Obito falou todas aquelas verdades para mim tantos anos antes. Eu tinha mudado e tinha deixado àquela mágoa para trás, meu pai era um homem honrado não importava o que dissessem dele e eu tinha aprendido da forma mais dura a dor de perder um companheiro. Eu sabia agora o que o tinha feito largar uma missão para salvar uma vida, era algo que eu também faria.

- Obrigado, meu filho – a expressão de dor em seu rosto se suavizou.

Então eu senti um calor em minha pele, uma luz verde que vinha do céu me chamando, suplicando por mim. A voz de Kyra implorando para que eu voltasse. Encarei a luz assustado ela cobria meu corpo e me envolvia, o semblante do meu pai era curioso e divertido, e aos poucos sua feição ficava mais transparente como se estivéssemos nos distanciando.

- Parece que você veio muito cedo – meu pai sorriu – deve haver algo que você tenha que fazer.

- Pai...

- Que bom que conseguimos conversar, obrigado por me perdoar – o rosto dele estava cada vez mais distante – agora eu posso seguir em paz e finalmente poder ver sua mãe.

A primeira coisa que eu senti foi a luz do sol, quente sob minha pele, meus olhos podiam ver o azul do céu e ouvir os barulhos ao meu redor. Vivo, eu estava vivo de novo.

Pensei em tudo que havia conversado com meu pai, não sabia se tinha sido real ou se era apenas ilusão da minha cabeça. Mas eu me sentia em paz, finalmente em paz, ouvir a história dele e compreender a sua dor, perdoar. Dizer ao meu pai que tinha sentido falta dele, mas entendia suas motivações não só permitiu que ele se libertasse como também tinha me libertado daquela mágoa tão antiga, da revolta e a incompreensão. Sorri com o coração calmo, ele iria encontrar com a mamãe. Quem sabe encontrar a própria paz.

Choji chorava ao meu lado e Katsuyu me recebeu feliz. A lesma me atualizou sobre o que tinha acontecido. Pain tinha destruído a vila com uma poderosa onda de repulsão e Kyra tinha sido pega pelo ataque, a lesma deixou claro que minha noiva mal tinha conseguido sobreviver ao golpe, mas que ela tinha conseguido curar a maior parte dos machucados dela. Katsuyu também contou como Naruto tinha dominado o chacra sábio e usando o senjutsu foi capaz de derrotar os seis Pains, também me comunicou que o garoto tinha liberado todas as nove caudas, mas havia sozinho controlado o poder da raposa.

A VONTADE DO FOGO - SAGA DO FOGO/LIVRO 03Onde histórias criam vida. Descubra agora