45 - Sacrifício

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K Y R A 

O sol brilhou intensamente quando o dia amanheceu e Madara seguia sentado na mesa dessa vez com Zetsu ao seu lado e Kabuto do lado oposto, o garoto tinha trazido os caixões de Edo Tensei, todos os membros falecidos da Akatsuki com a exceção de Hidan, Konan e Kisame que seguia infiltrado no país do relâmpago para descobrir o posicionamento das tropas. Também havia ninjas renomados do país do vento, Relâmpago, Terra, Água e claro do país do Fogo, meu peito apertou ao ver o caixão com meu tio Asuma. O desrespeito com o corpo daquelas pessoas, Kabuto sorriu com provocação e eu sabia que ele tinha feito aquilo unicamente para me atingir. Ódio borbulhou em meu peito, mas não cai em sua artimanha, dei as costas entrando na caverna.

O quarto de Obito era um refúgio particular e eu consegui explicar a Karin tudo que estava acontecendo, que ela e Sasuke precisavam fugir dali o quanto antes, no minuto em que saissemos para a guerra eles deveriam ir embora e encontrar refúgio em Konoha. Karin comentou como chacra de Madara era imponente e terrível, como olhar para um monstro frio odioso, se pudesse descrever seria como uma aura azul gelado como a neve do país do ferro capaz de cortar a pele. Dei a Karin armas e kit de sobrevivência, estávamos apenas aguardando o retorno de Obito para marchar para a guerra.

Madara estava observando o mapa com atenção na mesa quando me aproximei dele, seus olhos escarlates se ergueram um instante.

- Entediada? – ele perguntou se recostando na cadeira de maneira relaxada.

- Ansiosa, Obito está demorando – comentei me sentando na cadeira oposta a dele.

- Tem uma coisa que me deixou curioso – Madara começou – Zetsu me mostrou as informações sobre você, tinha uma família, boa vida, iria se casar. Por que escolheu o Obito ao invés do Kakashi?

A pergunta me pegou de guarda baixa, eu mesma tinha pensado muito sobre aquilo tentando justificar minhas escolhas da melhor maneira possível.

- Obito estava sozinho e acreditava que uma ilusão traria paz ao mundo – dei de ombros.

- Acha que meu plano é uma ilusão? – ele inclinou a cabeça para o lado como se observasse uma presa.

- Colocar todo mundo em um genjutsu é uma ilusão, a paz não será alcançada assim e depois de alguns anos todos morreriam. Dizimar a humanidade é sua resposta para acabar com os conflitos.

Madara ponderou minha resposta durante alguns minutos.

- O conflito está atrelado ao ser humano, mesmo que eu deixasse algumas crianças vivas, por exemplo, em algum momento do futuro elas iriam brigar por qualquer que fosse o motivo fútil – Madara explicou.

- Por isso estou dizendo que o seu plano é uma ilusão, uma enorme falha, você não esta trazendo paz está apenas recorrendo a opção mais fácil que é a morte de milhões – repliquei – talvez isso tenha tornado você e o meu bisavô tão diferentes, ele luta pelos seus enquanto você apenas mata por nada.

A comparação fez os olhos de Madara faíscarem, eu estava jogando um jogo muito perigoso, provocando sua fúria. Hashirama era o ponto fraco dele e ódio de Madara pela minha linhagem era o gatilho que fazia sua verdadeira personalidade vir a tona, eu tinha crescido com histórias dele e de Hashirama, eu sabia onde atacar para atrair o monstro para fora e quem sabe por um milagre fazê-lo repensar essa loucura.

- Você se decepcionou com o mundo – continuei – eu compreendo, concordo que a natureza humana busca conflito, durante esse tempo que passei como ninja renegada eu conheci o submundo ninja, vi crianças sendo maltratadas, guerras serem travadas, fome, exploração e violência. A filosofia do vencedor acima do perdedor, entendo o que motivou seu descontentamento e eu também fico indignada com tudo que acontece, mas não acredito que um mundo de sonhos concertaria isso e se você quer saber, acho que nem mesmo você acredita nisso, passei muito tempo pensando sobre tudo que me disse ontem, a sua história. Você está sofrendo, perdeu todo mundo e falhou com Izuna, acha que traiu a memória dele ao perdoar meu bisavô, ao construir Konoha, se ressentiu dessa escolha, ficou sozinho porque seu próprio clã lhe deu as costas e se entregou ao ódio e a rivalidade.

A VONTADE DO FOGO - SAGA DO FOGO/LIVRO 03Onde histórias criam vida. Descubra agora