A VONTADE DO FOGO - SAGA DO FOGO/LIVRO 03

46 - Preparativos de guerra

K A K A S H I 

Observei Kyra retirar as adagas de chacra, as espadas e todo o equipamento ninja. Ela não olhou em minha direção nenhuma vez enquanto Inoichi colocava as algemas em seus punhos para escoltá-la até o centro de inteligência. 

- Desculpe por isso - Inoichi disse para ela.

- Não tem problema - ela sorriu, mas havia tanta dor em seu olhar que não foi surpresa quando uma lágrima desceu por sua bochecha.

Encarei de longe enquanto Kyra era levada, Tsunade se aproximou tocando meu ombro em compreensão e fechou novamente a porta da cabana. Shikaku espalhou o mapa do país do relâmpago na mesa e começou a separar batalhões hipotéticos, anotando os nomes de todos os Edo Tensei que Kyra tinha nos informado. 

Homura e Koharu observaram com atenção os nomes dos irmãos ouro e prata, Ginkaku e Kinkaku, foi pelas mãos deles que o segundo Hokage tinha sido morto na primeira guerra mundial shinobi. Os dois anciãos nos contaram pela primeira vez como era a batalha de sua época e como era indescritível a força das duas lendas do país do relâmpago.

Além deles havia Asuma, Hayate, Hiashi Hyuga, os sete espadachins da névoa, Itachi, Deidara, Sasori, Kakuzu e Nagato. Ninjas formidáveis que mal tínhamos conseguido derrotar sozinhos, além de muitos outros Edo Tensei.

- Vamos descansar, a caminhada até o país do relâmpago será longa, amanhã – Tsunade disse por fim – quando tivermos todas as informações dos outros países dividiremos o nosso poderio.

Fiz uma reverência e sai da cabana, eu queria muito ir para onde Kyra estava, queria conversar com ela e ouvir o que ela tinha a dizer sobre o plano, sobre Obito, sobre nós dois. Caminhei decidido até a cabana de interrogatório, os ninjas não me bloquearam e eu a vi, de costas para mim com os olhos fechados, a mão de Inoichi em sua testa e as lágrimas que caiam de seu rosto.

- Você acreditava mesmo que seu plano funcionaria, Kyra - Inoichi comentou quase com pesar - estava disposta a sacrificar sua propria vida e a vila por causa dele, ah, eu posso ver que você achou ter pensado em tudo.

Inoichi tirou a mão da cabeça dela no momento que ela abriu os olhos, opacos, tristes.

- Achei que poderia concertar um pouco desse mundo, que era uma plano melhor que o de Madara - ela falou baixo - achei que podia proteger as próximas gerações, proteger o Naruto, criar um mundo melhor onde meu irmão pudesse ser feliz.

- Querida, uma guerra é imprevisivél, você não tem como controlar o que acontece em um campo de batalha - Inoichi disse - você ainda é uma criança, mas tudo que aconteceu com certeza lhe ensinou uma lição valiosa.

- Eu tenho muito respeito por vocês - ela continuou - mas vocês continuam pensando apenas na folha, o que eu vi...

- Eu sei o que viu, eu compreendo o que se passou pela sua cabeça - ele disse - não há maldade em seus pensamentos, só pesar. Meu relatório oficial é que você voltou para casa, que está do nosso lado.

- Posso sair daqui? Ou ficarei detida? - Ela perguntou.

Inoichi segurou o olhar dela por alguns segundos, mas assentiu deixando-a ir, observei enquanto ela ficava de pé e fazia uma reverência para ele.

- Kyra, concertar o mundo não é um trabalho que se faz sozinho - Inoichi disse - ainda somos a sua familia, você não tem apenas o Obito e o Sasuke, ninguém aqui a odeia.

Os olhos dela se arregalaram um instante, e pela primeira vez desde que ela tinha chegado seu rosto se abriu em um sorriso. Inoichi colocou uma mão no braço dela sorrindo de volta, ela acenou antes de se virar e no segundo que seus olhos registraram a minha presença o sorriso desapareceu. Sua expressão enrijeceu, havia culpa e arrependimento em seus olhos.