41 - Um caminho sem volta

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K Y R A

Karin caminhava de um lado para o outro quando finalmente aparecemos na caverna, ela se lançou sobre Sasuke abraçando-o, mas ele se afastou dela sem muita gentileza. Obito me abraçou com carinho me ajudando a andar, meu peito ainda estava dolorido após o chidori de Sasuke. Ele se atirou sobre o sofá e sentei ao seu lado enquanto Obito pegava comida e chá. Tirei as sandálias e Sasuke também chutou as dele deitando a cabeça no meu colo, acariciei seus cabelos limpando um pouco das fuligens.

- Você vai se alimentar, tomar um banho e descansar – falei para ele.

- Você é muito mandona, sabia? – ele resmungou fazendo bico.

- Minha função é cuidar de você, garoto – falei apertando sua bochecha.

Karin sorriu e nos deixou a sós dizendo que também precisava de um banho, eu expliquei para ela onde pegar roupas limpas. Sasuke passou a mão nos restos da minha blusa, culpa brilhou em seu olhar.

- Você acha que eu sou uma pessoa ruim? – ele perguntou.

- Não – respondi e ele ergueu o olhos para mim – você é uma pessoa a quem coisas ruins aconteceram.

- Naruto falou que você cuidou dele – ele disse seriamente.

- Acho que você não sabe, mas Naruto é filho do quarto Hokage – falei e os olhos de Sasuke se arregalaram surpresos – quando Minato morreu para proteger a vila por causa da raposa, ele pediu para o meu avô cuidar do Naruto. Vovô acreditou que trocando o sobrenome de Naruto para Uzumaki ao invés de Namikaze e não associando o menino a ele, poderia fazer com que os inimigos de Minato não atacassem o garoto. Mas nós dois sabemos que ao invés de proteção tudo que o Naruto recebeu foi desprezo, eu me importava com ele, era doce e arteiro, e era apenas um menininho que não tinha culpa de seu destino.

Sasuke ouviu as palavras com atenção, fechando os olhos por um momento.

– Eu sinto tanta raiva o tempo todo, Kyra, esse ódio que me consome, essa revolta, eu não sei como explicar... ás vezes parece que eu estou sufocando em dor – ele gaguejou.

- Não precisa me explicar nada – falei – não importa qual seja a sua escolha, Sasuke, eu sempre vou amar você.

Ele sorriu para mim e se ergueu o suficiente para me abraçar, um abraço forte e firme, senti seu corpo tremer com o choro, mas eu não o soltei. Era o choro de uma criança, um garoto quebrado e ferrado.

- Obrigado, por tudo – ele fungou – eu amo você, também.

Obito voltou nos encontrando daquele jeito, não falou nada, deixou a bandeja com comida e retirou a máscara se sentando perto da lareira. Sasuke se soltou de mim, limpando as lágrimas e se virou para Obito.

- Madara, eu quero transplantar os olhos de Itachi, quero estar com todo o meu poder quando for enfrentar o Naruto – ele disse com firmeza.

- Tudo bem, mas antes coma um pouco, tome banho e eu os transplantarei para você – Obito disse.

Karin voltou algum tempo depois, vestindo uma calça e uma blusa minha que serviram nela perfeitamente. Sasuke foi tomar banho, agora devidamente alimentado e eu me retirei também exausta. Quando fechei a porta do quarto de Obito a realidade de tudo que eu havia feito naquele dia recaiu sobre mim, a guerra estava declarada, meu nome agora liderava o ranking de criminosos, pensei em toda a dor que aquilo causaria a minha família, a dor nos olhos de Kakashi quando entreguei anel, a culpa me arrasou e eu cai no chão deixando as lágrimas virem, todas de uma vez, o choro estrangulado.

A VONTADE DO FOGO - SAGA DO FOGO/LIVRO 03Onde histórias criam vida. Descubra agora