Todas as explicações nas aulas de ciências físicas fizeram um pouco mais de sentido e ganharam vida na minha cabeça, não era um aluno exemplar e que prestava atenção aos mínimos detalhes e associava os efeitos às causas reais, claro, aquilo deveria vir à mente por efeito de ansiedade momentânea. O ar frio é mais frio que o quente, portanto quando o tempo esfriava como agora, seria natural que lugares mais altos se tornassem tenros. O vento uivando por entre os enormes blocos de verde concreto são menos brandos, a visão panorâmica de uma cidade congelada se estendia por onde os olhos concerniam.
Visão elevada.
Outro conceito aleatório aparecia, quando nos deparamos com esse cenário vasto, existe uma pontada, um pequeno impulso de desprender-se, designado como uma resposta dada pelo cérebro, tentando se acostumar com o fato de que o mundo em que vivemos não se resume ao horizonte ocular, algo que entendemos, no entanto demoramos a compreender, quando o encaramos, o mundo nos encara de volta. No fim, vemos com os olhos e enxergamos com o cérebro.
-Já chega de correr ? -Perguntava um pouco ofegante -Não achei que ia fugir ainda agora.
Págo fintava o outro garoto, dando as costas ao outro prédio, do outro lado de uma longa e larga rua.
-Não tinha a intenção de fugir. Agora eu também não poderia, mesmo se quisesse -Ele dizia se pondo a me rodear, examinando cada resposta que pudesse dar -Aquele cadáver lá embaixo me atrapalhou, não consegui lutar direito.
Pouco depois que Mavis e Jonetsu escaparam, Págo conseguiu me empurrar de cima dele e se libertar, entretanto, ao invés de iniciar um contra-ataque ou perseguir os outros dois, com um movimento rápido, seus passos emitiram ecos graves enquanto ele quase usava a velocidade de vários Passos Rápidos para escalar as paredes estreitas do muro, porém vendo que não conseguira me despistar, acabamos numa pequena perseguição pelos telhados dos prédios residenciais até esse beco sem saída.
-Era amigo seu ? Não sabia que esse tipo de coisa existia de onde vem.
-De onde eu venho ?
-Posso estar enganado, mas pelas cores na roupa e as insígnias, você parece do Reino de Gelo.
-Isso é tão desgastante... -Dizia em uma reclamação para si -Eu sou o príncipe do Reino de Gelo, Págo Bóreos.
-Oh, que legal, eu nunca vi um príncipe antes. Err...me chamo Purehito, Morningstar -Introduzi-me -Achei que os nossos reinos tivessem uma relação pacífica ?
-Pacífica...você é burro ? Não conhece o mínimo da história entre os nossos países ?
Ergui uma das sobrancelhas.
-Claro que conheço, vocês vem de um povo nômade que se instalou naquela província abandonada, até o reconhecimento da coroa de que aquilo era outro país.
Págo parava para me encara de frente, parecia agora mais enraivecido que o normal, como se as duas feras interiores entrassem num consentimento de destruir tudo aqui à sua frente.
-É claro, eu devia esperar esse tipo de resposta. Parece bem mais bonito quando ignoram o fato de que esses "nômades" eram ladrões, prisioneiros e qualquer um que não se encaixasse nos padrões dos mermans na época !
Recuava um passo para trás, sentindo algo se encaixando na minha cabeça.
-Quer dizer...
-Que nós fomos jogados para morrer naquele deserto de gelo. Pensa direito, Purehito, você acha que alguém em sã consciência gostaria de viver num lugar de uma estação só, com pouca água, comida e qualquer recurso natural onde o solo é congelado ? E é claro que não bastava nos abandonar a própria sorte, ainda somos obrigados a pagar pela nossa liberdade e uma coexistência pacífica com uma taxa da nossa produção !
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O Conto dos Exilados:Reflexos de uma utopia opaca
Ficción General"O coração dos que foram exilados Quando tocados como um só Dentre fogo e neve sofisticados Mancharão o céu de angústia com dó Do momento que o mais alto pico manchado de negrume For todo seu ser ponderado Emendado, enriquecido e corrigido esse sopé...