Herdeiro Da Morte

capítulo 5

Caio

_ Pare de se maquiar, Caio._ Melyssa entrou na cabana batendo os pés impaciente, as poucas sardas dispostas pelas maçãs do rosto salientes estavam ruborizadas pelo calor que se fazia do lado de fora, e o cabelo ruivo cacheado preso em um coque frouxo no topo da cabeça._ Vamos chegar para o jantar se continuar assim.

_ Deixe de ser exagerada_ Provoquei dando-lhe uma cotovelada leve nas costelas enquanto me esticava para pegar minha camiseta que estava dobrada sobre a mala ao lado dela_ O almoço será servido por mais duas horas, e você está irritadinha apenas pelo fato de que meu rostinho lindo vai fazê-la perder todo o apetite.

_ Seu nojento_ Ela me empurrou enquanto eu ainda passava a roupa por minha cabeça, fazendo- me cair sentado no saco de dormir às minhas costas. E gargalhamos, tão alto que qualquer manobra que Melyssa poderia ter feito para entrar em uma barraca masculina sem ser notada pelos inspetores estaria arruinada.

Mas o riso se interrompeu quando as abas da tenda se abriram de súbito revelando um Teddy cambaleante e ofegante, os cortes espalhados por sua pele quase escondidos pela lama que se agarrava às suas vestes, mas o sangue que cobria a maior parte de seu corpo era bem nítido, gotejando um rastro pela terra onde ocupava e, o tom de bronze comum de sua pele se apagava agora dando espaço ao marrom acinzentado de boca branca. Ele perdera sangue demais.

Avancei imediatamente, mas seus joelhos já haviam cedido fazendo-o cair sobre o tapete de barbantes que forrava a superfície da tenda, coloquei-me ao seu lado observando enquanto Melyssa fazia o mesmo e avaliava sem muita experiência os novos ferimentos aparentes nas costas de Teddy.

­_ Eu estava... _ Sua voz fraquejou enquanto ele tentava apoiar o corpo nos joelhos trêmulos para se levantar, caindo mais uma vez e abrindo uma nova ferida superficial na testa. _ Eu apenas...

_ Cale a boca!_ Teddy foi interrompido pela voz firme de Melyssa que preencheu a tenda com uma autoridade surpreendente diante do usual tom suave e divertido._ Permaneça deitado como está e deixe que cuidemos de tudo, pode se explicar depois._ Ela simplesmente afirmou sem espaço para argumentação e me fez um sinal para que eu passasse o braço por baixo de um dos ombros e a ajudasse a levantar meu amigo.

Ao deitá-lo em seu saco de dormir, Teddy gemeu de dor por ter sido apoiado sobre alguns cortes e Melyssa me pediu para que buscasse um balde de água e qualquer produto medicinal que encontrasse, levantei-me contente por ser útil e segui apressadamente até a entrada da cabana quando ouvi a voz debilitada e arfante de Teddy me interromper:

­_ Sálvia_ Virei-me encarando seu rosto pálido e molhado por suor com a testa franzida enquanto tentava formar uma frase completa_ Vi um campo de sálvia não muito longe da encosta dessa colina.

_ Isso fica fora dos limites do acampamento_ Melyssa encarou-me preocupada ao rasgar uma de minhas camisetas à fim de produzir tiras de tecido capazes de estancar o sangue que insistia em escorrer até a última gota de meu amigo.

_ Não importa_ Voltei-me mais uma vez para as abas da barraca que me separavam do dia tranquilo lá fora ainda sem tocá-las.

_ Apenas seja rápido_ A voz de Melyssa saiu tensa e assenti sem encará-la ao respirar fundo e partir em minha tarefa.