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Shivani Paliwal

Enfurecida com o que acabo de ouvir, sinto vontade de pegar a caneta que está comigo e enfiar no crânio dele, mas a seguro com força e respondo, enquanto contenho meus impulsos assassinos: - Isso não lhe diz respeito, senhor May.

Inacreditável. Ele estava me espionando? Me sinto invadida.

- O que há entre você e o namoradinho da sua chefe? - prossegue. Olha a que ponto chegamos!

Pisco os olhos e respondo: - Veja bem, senhor May, não quero ser desagradável, mas nada do que o senhor me pergunta é da sua conta. Então, se o senhor não deseja mais nada, voltarei à minha mesa.

Irritada e sem lhe dar tempo de dizer qualquer coisa, saio da sala e bato a porta. Quem ele pensa que é? Assim que me sento, o telefone interno toca outra vez. Reclamo mas atendo.

- Senhorita Paliwal, venha à minha sala. Já!

Sua voz soa enfurecida, mas eu também estou assim. Desligo e, contrariada, entro de novo disposta a mandá-lo à merda.

- Traga-me um cafezinho.

Saio da sala. Vou à cafeteria e, quando volto, deixo o café em cima da mesa.

- Não tomo com açúcar. Traga adoçante.

Repito o percurso, xingando todas as gerações da família de Bailey, e, quando volto com o maldito adoçante, entrego a ele.

- Coloque meio envelopinho no café e mexa.

Como assim? Ele quer que eu misture seu maldito café? Aquela ordem me deixa indignada. Ele não para de me olhar, e a sua expressão de superioridade me tira do sério. Que Filipense idiota! Sinto vontade de jogar o café na cara dele, mandá-lo plantar batata, mas no fim das contas faço o que ele pede sem contestar. Quando termino, deixo o café na sua frente e me viro para sair da sala.

- Não saia, senhorita Paliwal.

Escuto-o levantar-se. Volto para olhar para Bailey. Suas sobrancelhas estão franzidas. As minhas também. Ele está furioso. Eu também. Rodeia a mesa. Senta-se apoiado nela com os braços cruzados e as pernas abertas. Sua atitude me intimida. Nossa distância diminuiu. Isso me deixa nervosa.

- Shiv...

- Para o senhor sou a senhorita Paliwal, se o senhor não se importa.

Ele me olha com sua costumeira cara de mau humor e eu sinto que o ar está tão pesado, que poderia ser cortado com uma faca. Que tensão!

- Senhorita Paliwal, aproxime-se.

- Não.

- Aproxime-se.

- O que o senhor quer? - pergunto.

Sem alterar sua expressão dura, murmura entredentes: - Aproxime-se, por favor.

Respiro fundo para que veja meu estado de ânimo e dou um passo adiante. Seu olhar duro exige que eu me aproxime mais um pouco, mas não me deixo amedrontar.

- Senhor May, não vou chegar mais perto. Pode me demitir se isso o faz se sentir o Rei do Universo. Mas não vou me aproximar mais do senhor. E, de quebra, ainda vou denunciá-lo por assédio.

Afasta-se da mesa. Dá dois passos na minha direção e eu dou um passo para trás. Ele solta o ar bufando. Pega meu braço, me puxa e abre as portas do arquivo. Me empurra para dentro e, uma vez protegidos pela privacidade que o lugar nos dá, pega minha cabeça com as mãos, me atrai para si e me beija com voracidade.

Um Passo Atrás De VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora