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[Harry's POV]

Eu acordo mas ainda não abro os olhos, peço pela quinquagésima vez hoje para que tudo tenha sido um sonho, ou melhor, um pesadelo, então eu os abro, e pela quinquagésima vez hoje, me decepciono, Ed está do meu lado, parado, encarando o nada, como sempre, na verdade, ele nem pisca, estamos parados em uma pista aeroviária, esperando alguma coisa, provavelmente um avião, mas pra que? Os últimos dias tem sido melhor que o esperado, mas mesmo assim são péssimos, quero dizer, Ed me da o que comer, o que beber, não tem me machucado como eu achava que faria, então eu posso dizer que as coisas estão suportáveis.

- Vamos - ele diz, acho que foi a única coisa que ele já disse, pra mim pelo menos - eles chegaram.

Eu olho pra frente e percebo que um avião de viagem comum pousou bem na nossa frente, percebo também que meus pulsos estão amarrados, mas que Louis continua em minha cintura, Ed deve estar muito mal para não ter notado ele ali.

Ed da a volta no Jeep e abre a porta do meu lado, me pegando pelo braço e me levando até o avião, eu entro e me sento em uma das poltronas mais à frente, 1° classe, pelo jeito Ed não é de usar a classe econômica.

Meia hora depois, uma mulher com uma manta negra sai da cabine do piloto, se senta e começa a falar com Ed.

- Então foi esse que voce escolheu? - ela aponta para mim - vai ser um desperdício, ele é bem bonitinho.

- Foi - ele diz, quase sussurrando - se chama Harry.

- Harry huh... - ela sorri, sem tirar os olhos de mim - Camila vai gostar dele. Mas não muda muita coisa, ele vai morrer de qualquer jeito - ela ri - ou não. Você está com fome Harry? - ela pergunta - Ed tem te alimentado bem?

- E-estou - gaguejo antes de conseguir segurar a palavra dentro da boca.

- Espere um minuto, querido - ela entra na cabine do piloto novamente e volta com uma bandeja cheia de frutas, bebidas e doces - aqui Harry, sirva-se.

- Como você conseguiu tudo isso? - pergunto, apontando para a bandeja.

- Tenho minhas fontes -ela diz, então volta para a cabine e em seguida Ed a segue.

Eu fico sozinho com uma bandeja de comida, entao eu faço o que todo sobrevivente faria, como, em menos de meia hora, toda a comida ja havia acabado. Então eu deito a cabeça na janela e durmo.

Quando eu acordo ja são 4:00 da manhã, posso dizer pelo "4:00" gigante e vermelho piscando no relógio do avião, eu olho pela janela, a cidade (seja la qual for) está linda, os prédios pegando fogo, os carros capotados, as colunas de fumaça subindo dos mesmos, é uma visão inspiradora, o que será que Louis diria dessa visão?

Louis...

Como será que ele está? Será que esta vindo atrás de mim? Será que esta vivo? Espero que sim, pois pelo o que a mulher me disse, eu vou morrer (ou não).

Então uma lagrima desce pelo meu rosto, queimando-o e me causando um calafrio, segundos depois, meus olhos estão transbordando os gritos desesperados que eu estou segurando à dias, eu olho para o lado e percebo que aquela mulher esta ali, me encarando, a quanto tempo ela esta ali? Eu tento secar as lagrimas, mas minhas mãos continuam amarradas, então ela se levanta e se senta ao meu lado, tira um lencinho de uma das dobras de sua túnica e começa a secar minhas lágrimas.

- Quer conversar? - ela pergunta - pode se abrir comigo, eu não vou falar nada pra ninguém, até por que eu não teria ninguém para falar.

- Por que? - pergunto olhando para ela, ela é linda, cabelos soltos, olhos penetrantes, realmente muito linda - por que eu vou morrer?

- Ah querido - ela sorri, e diz o que pra ela parece ser tranquilizante - você vai ser a próxima cobaia, vamos usar seu DNA e seus anticorpos para tentar criar a cura do vírus que transformou todo mundo em zumbis. Infelizmente, nenhuma cobaia anterior sobreviveu, mas quem sabe você não tem sorte?

- Q-quem são vocês - pergunto, assustado - por estão fazendo isso?

- Nós somos os Death Dealers - ela diz - nós temos que achar a cura, pois fomos nós que inventamos o vírus.

- Vocês são loucos - eu digo, quase voltando a chorar de desespero.

- EU NÃO SOU LOUCA - ela começa a gritar, em um ataque de cólera - EU SÓ QUERO SER FELIZ COM ELA, EM UM MUNDO NORMAL E CALMO, E SE EU PRECISAR USAR TODOS OS SOBREVIVENTES QUE EU ENCONTRAR PARA DESCOBRIR A CURA, EU VOU. NÓS VAMOS SER FELIZES. EU E ELA. JUNTAS.

Ela se levanta e caminha até a cabine do piloto novamente, batendo os pés, ela está louca. Na verdade, todos nós estamos.

Eu examino o lencinho que ela esqueceu comigo e encontro um "L" bordado, "L" de que? Sra. L? Talvez seja a primeira letra do nome dela, L... Qual será o nome dela, deve ser alguém importante, afinal, ela espalhou o vírus pelo mundo, quem será ela? L...

Dead SurvivorsOnde histórias criam vida. Descubra agora