{Para o povo do Downrectioners, que me encorajaram a escrever}
[Harry's POV]
- Mas Gemma... - eu peço pela 20° vez.
- Não Harry. Eu já falei milhares de vezes que você não pode dirigir - ela fala revirando os olhos.
Nós estamos em Manhattan, são quase oito horas da manhã, estamos viajando por uns 3 dias seguidos, parando apenas em postos, para abastecer, comer e beber.
- Gemma - eu chamo pela 21° vez.
- Harry, eu já falei, NÃO - ela diz quase gritando.
- Não é isso - eu digo, tentando acalma-la - é que eu to com fome, e preciso ir no banheiro.
- Ok. - ela começa a diminuir a velocidade até parar perto de um mercado - Greyce's Store huh.
- Deve servir - eu rio enquanto a gente entra no mercado, Gemma estava com sua adaga em mãos e eu levava uma pistola que a gente achou na delegacia uns dois dias atrás.
- Eu vou lá nos fundos procurar alguma coisa útil - ela diz enquanto se distancia - você fique aqui e sirva-se, se alguma coisa acontecer me chame ok ?
- Ta ta - eu aceno me direcionando a área de carnes.
- Porra, não tem nada interessante aqui, cadê os Nuggets ? - de repente eu sinto uma dor se espalhando pelo meu corpo à partir da minha perna, pouco depois de um disparo.
- AAAAAAAH. - eu grito, caindo no chão. - MAS QUE PORRA ! - eu me viro pra encontrar um cara, de uns 22/23 anos, cabelos castanhos, olhos azuis lindos, usando uma calça skinny preta, uma camisa branca e uma jaqueta jeans, ele estava com uma pistola em mãos, dela saiam fios bem finos de fumaça, a cena mais excitante que eu um dia vou presenciar. Mas mesmo assim, por que ele atirou em mim ?
- Harry, o que foi ? - Gemma vem correndo de trás de um dos balcões e quando percebe o que aconteceu aponta seu rifle para o estranho - MAS QUE MERDA É ESSA ? QUEM É VOCE ? DA ONDE VOCÊ VEIO ? EXISTEM MAIS SOBREVIVENTES ? POR QUE VOCÊ ATIROU NELE ?
- Err... desculpa... E-eu pensei que fosse um zumbi - ele parece bem desesperado, e começa a passar a mão pelos cabelos perfeitamente bagunçados dele - s-sim, existem outros, uns 50, em um acampamento aqui perto... E-eu posso levar vocês lá. Cara, a nossa médica, ela pode cuidar de você. Meu nome é Louis. Vamos logo, antes que você fique infectado.
Ele me pega no colo, eu entrelaço meus braços em seu pescoço, ele cheirava a suor e terra, mas isso é normal ultimamente, afinal, quem toma banho em um apocalipse zumbi ? Ele é maravilhoso, sua barba a fazer roçando em meu braço, o toque dele me arrepia até o ultimo fio de cabelo, clichê ? Muito. Ele me coloca no Jeep dele, enquanto Gemma nos seguia com a nossa moto. Então eu sinto uma vontade repentina de dormir... Minha visão começa a escurecer...
- EI GAROTO - Louis grita, me tirando da êxtase que a dor proporcionava - NÃO DURMA !
- M-meu nome é Harry - eu gemo.
- EI HARRY - ele grita de novo - NÃO DURMA.
- Ok, ok, eu não vou dormir... - eu susurro quase dormindo.
- PORRA, ACORDA HARRY, QUE MERDA - ele agarra o meu braço e o chacoalha.
- Ta, ta, e-eu não to dormindo mamãe - eu gemo, imaginando ele me apertando daquele jeito em outras circunstâncias.
- Chegamos - ele diz, freiando o carro com um solavanco que fez com que eu batesse com a cabeça no porta-luvas.
Ele sai do carro, abre a porta do passageiro, me pega no colo e corre em direção a uma das barracas, ignorando todos os "quem é esse ?". La dentro, uma menina de uns 20 anos estava sentada, lendo uma revista de 2 meses atrás. Louis me coloca na cama mais perto.
- O que aconteceu Louis ? - ela pergunta, levantando da cadeira e deixando a revista de lado.
- Eu atirei nele - ele diz, suspirando - E VOCÊ NAO DURMA OU VAI ACORDAR APANHANDO.
- Calma amigo. - a garota diz mostrando as palmas de suas mãos em um gesto apaziguador - você vai acabar matando ele de medo. Sr. Valentão.
- Cala a boca Cara - ele sorri - e... Você não vai fazer nada ?
- Aé. Cadê o tiro ? - ela pergunta passando os olhos em Harry.
- Na panturrilha - ele aponta pra minha perna.
Então ela começa a pegar uma pinça, uma bacia com água, álcool, algodões, esparadrapos e umas faixas, ela aponta para mim com um pedaço de madeira.
- Pra que isso ? - eu pergunto, olhando pro pequeno bastão.
- Coloca na boca - ela entrega o bastão para Louis que o coloca na minha boca.
- Morde. - ele fala, em um tom quase fraternal.
- Louis, não deixe ele dormir - então ela vira pra mim e diz - e você, sinto muito por isso.
Ela joga álcool na minha perna e então uma onda de dor e ardência preenche todo o meu corpo. Eu mordo o bastão, sentindo meus dentes cravarem nele. Então ela pega a pinça e a enfia na minha perna, procurando a bala. Finalmente... Ela a encontra, depois de segundos que pareceram horas. Então ela coloca a bala na bacia e começa a costurar o machucado, depois, é claro, de jogar mais álcool na minha ferida, eu cravo meus dentes no bastão com mais força ainda, quebrando-o.
Depois de costurado e enfaixado ela se vira pra mim e diz:
- Julgando pelos seus gritinho e gemidos. - ela olha para Louis e eles trocam olhares de deboche - Essa foi a primeira vez que você levou um tiro ?
- F-foi... Aah... Foi s-sim - eu respondo. Pequenas bolinhas pretas nublando a minha visão.
- Ok. Pode dormir agora. - ela olha pra Louis e depois pra mim - vou cuidar dos outros pacientes.
- E eu vou chamar a sua irmã - Louis diz, indo em direção à saída.
Então a minha visão escurece e dessa vez ninguém tenta impedir...
