Basketball

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Já estava de noite, o frio começou a percorrer o meu corpo, enquanto as rajadas de vento chicoteavam-me a cara. As lágrimas quentes, junto com o toque do Gui, faziam todos os milímetros da minha pele arrepiarem-se. Cada vez que uma lágrima me escorria pela cara abaixo, o Gui dava um beijinho nela, de forma a sentir o seu sabor. Estava enroscada no colo dele, as mãos brincavam com o meu cabelo, delineavam as formas do meu corpo e davam-me pequenos mimos pelo rosto, enquanto o meu olhar se perdia na escuridão da noite. A minha mente estava uma confusão gigante, tinha o único rapaz que alguma vez amei a dar-me toda a atenção, mas não sei sequer o que somos, não consigo parar de pensar nos meus pais, no divórcio. Estava tão perdida com tudo.


Amanhã era, finalmente, sexta-feira! Ohhhhhhh, não! Dei um sobressalto! Como é que eu fui-me esquecer? Goshhh a minha mente está uma miséria.

- Heiii, XuXu que foi?! Estás bem?
- Humm sim, lembrei-me que amanhã é o teu primeiro jogo de basquetebol. Sou eu que vou liderar os preparativos depois do jogo. É mesmo muito importante ganharmos este jogo, assim a escola vai poder ir às distritais. Desculpa, por estar completamente ausente. Estás preparado, sentes-te nervoso? Precisas de alguma coisa?
- Shuuuu- disse-me, colocando um dedo nos meus lábios. - Tu não tens sido nada menos do que o meu ponto seguro, a minha luz, tu não estás ausente, estás sempre aqui para mim, assim como eu estou sempre aqui para ti. Sim, meu amor? - O meu coração parou. Ele tinha mesmo acabado de me chamar "meu amor"? Desenrosquei-me do colo dele e sentei-me, com uma perna para cada lado e colei as nossas testas, enquanto anuí. - Ahhh, senti tanta falta da tua respiração quente contra o meu rosto. Bem eu sinto-me preparado, ahhh- Ia suspirando, enquanto soprava lentamente o ar que tinha dentro dos pulmões, na sua cara. - Acho que vai ser um bommmmm.... ahh sabe tão bem.... joggggo-goo.
- Tenho uma ideia...
- Nunca vem nada de bom quando tens ideias. - Idiota! Juntei mais o meu quadril ao dele, mexendo-me um bocadinho. - O que é que estás a fazerrr? - Perguntou-me com a respiração pesada.
- Se amanhã ganhares... vais ter um prémio, no final - Ele estava completamente focado em mim, os seus olhos curiosos devoravam-me, imploravam por uma explicação. Mordi o lábio, desatei o cabelo, coloquei-o atrás das orelhas e atei. Não precisava de dizer mais nada, ele entendeu perfeitamente a mensagem. - Bem tenho de ir, amanhã temos aulas. - Ia para me levantar, numa tentativa de fugir ao seu olhar, aquele que me queimava por dentro, aquele olhar intenso, que refletia a noite nublosa, a sua alma escura. Ele colocou uma mão atrás das costas, proibindo-me de mexer. Ia para falar, quando, sem a minha autorização, o idiota, começou um beijo calmo. Talvez não tão idiota assim, eu precisava demais, eu queria mais, cada vez que tentava aprofundar o beijo, ele impedia-me. Ia ao seu ritmo, devagar, com calma, até que ele acedeu ao meu pedido e tornou o beijo calmo, no mais violento, que alguma vez tive. Era intenso, forte, adorava o sabor, o seu gosto, parecia que os nossos corpos se uniam de uma forma tão especial, uma conexão tão perfeita, parecia que estava a tocar na sua alma. Tivemos de parar, uma vez que ia sufocando, odeio, fico sempre sem ar. Antes me soltar, mordeu-me o lábio inferior, acho que deitou um bocadinho de sangue, pelo sabor metálico que ficou na minha boca a seguir. - Levas-me a casa?


Fiquei à porta de casa a vê-lo a ir embora, ainda sentia a minha testa quente do beijo de despedida. Já eram dez quando entrei em casa, a minha mãe tinha adormecido no sofá. Cobri-a com uma manta, desliguei a Tv e as luzes. "O que será da minha vida daqui para a frente?". A minha mente continuava numa confusão, mas desta vez não chorei, aliás um leve sorriso apareceu nos meus lábios, involuntariamente.
Não conseguia parar de pensar no que tinha acontecido, a forma como as suas mãos me tocam, como todo o meu corpo parece eletrocutado quando as nossas línguas se unem. A água percorria-me o corpo, enquanto ensaboava o corpo, as minhas mãos tornaram-se nas dele. A sensação da água fervente a bater na pele, o cheiro, a sensação escorregadia do sabonete. É melhor parar, não vou levar isto mais para a frente. Acabei de tomar o banho de água gelada, para retirar todo o calor que sentia. Mesmo assim o meu corpo parecia estar a ferver, a minha respiração estava ofegante, todos os poros do meu corpo estavam arrepiados. Sentia na minha espinha, nas minhas entranhas: o toque, a respiração, o sabor, o calor dele.
Estou a enlouquecer, tenho de parar com isto já. Vou dormir amanhã vai ser um grande e long0 dia.

Why me?Onde histórias criam vida. Descubra agora