Trust

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(Guilherme)

Abri os olhos lentamente, já não dormia assim há bastante tempo. A cabeça dela estava encostada ao meu peito e eu, em forma de proteção, tinha o braço à volta da sua cintura. Lentamente, passei a mão pelos seus cabelos, enquanto a outra traçava as feições do seu rosto angelical. Senti as nossas respirações ficarem mais fortes, mais aceleradas, mais irregulares. O meu polegar passou pelos seus lábios entreabertos, os meus lábios ocuparam um lugar vazio na sua bochecha e fui tracejando beijos por toda a sua clavícula até chegar ao lugar pretendido. Dei-lhe um beijo casto, enquanto ela, vagarosamente, ia abrindo os olhos. "Bom dia amor", disse beijando-a. Desta vez foi diferente, a minha língua assaltou a sua boca e a minha mão alojava-se na cintura por debaixo da camisola. Ia fazendo movimentos circulares e como resposta ouvi um pequeno gemido, quase inaudível, mas ouvi. Ohhhh amor, ainda não percebeste que eu conheço melhor as tuas reações do que tu, isto porque sinto exatamente o mesmo. Puxei-a para o meu colo, entrelaçando as nossas mãos, ia dando beijinhos leves intercalados com mordidas por todo o seu pescoço. Talvez esta seja a forma que tenho para me desculpar por ter sido um grande otário ontem, ela estava tão chateada, eu só faço porcaria. As minhas mãos voltaram para o seu cabelo, enrolando-o e puxando carinhosamente.


Eu bem queria ter ido tomar banho com ela, mas era, provavelmente, abusar da minha sorte. Aqui estava eu a fazer o pequeno-almoço, sou um desastre na cozinha, tenho de fazer babystting à torradeira, para não deixar queimar o pão. Deixei-me ficar por coisas seguras a única coisa que percebo de cozinha é tocar em três botões, para aquecer a comida no micro-ondas, e vigiar a torradeira. Acho que estava bom, foi à procura de sumo no frigorífico e encontrei morangos. Boa! Adoro morangos com nutella!! Abri a despensa e lá estava um pontinho, despejei o conteúdo para um pote e aqueci, também no meu grande amigo micro-ondas, para a mesma ficar mais líquida. Lavei, cortei as pontas aos morangos e organizei tudo de forma fofa num prato. Só espero que esteja bom ...
Estava para me sentar à mesa, quando a Joana apareceu na porta da cozinha. Uau, ela estava linda, com cabelo solto e meio molhado, uma sweat minha vestida e todas as suas belíssimas pernas desnudas, só para mim. Passei, rapidamente, a mão pela boca, tenho a certeza que esta a babar. Eu espero que ela tenha uns calções por baixo, porque sou capaz de não me conter. Ela sentou-se ao meu lado e, a atrevida, ainda teve a lata de pôr uma perna em cima do meu joelho, se ela sonhasse o efeito que tem em mim ... mergulhou um morango no chocolate, levou-o à boca e deu um pequeno gemido, a estas horas da manhã e já preciso de um banho gelado. Ahhhhhh, já percebei que ela me está a provocar e castigar por ontem. Mas que raio é que ela queria que eu fizesse? Nunca me perdoaria se a magoasse fisicamente ou se fizesse alguma coisa contra a sua vontade. Ela é o meu mundo, a minha vida, a minha XuXu. Continuo sem perceber porque é que ela me escolheu, há outros rapazes mais bonitos, mais inteligentes, rapazes que não estragam tudo de bom na sua vida. Ela é demasiado especial, eu não a mereço, eu não, não...não a mereço. Senti uma mão no meu ombro, a pura das verdades é que ela estava sempre lá, conhecia-me melhor do que eu, era a única pessoa que eu permitia ver as minhas trevas. Ela é a única que não as julgas, que as ama. Eu devia de me afastar, não sou bom para ela, mas não consigo, nem isso sou capaz de fazer.


Ia massajando a parte interna das umas coxas em movimentos circulares e, de vez em quando, descia até aos joelhos. Neste preciso momento, estávamos a assistir um filme bastante piegas na Netflix, já estávamos no terceiro, um de comédia, um de terror e agora um muito romântico, demasiado romântico. Enfim, foi uma tarde fantástica, cada um com o seu copo de Coca-Cola, pipocas e demasiadas gomas. Rimos muito, adorei a parte em que agarrava e protegia a minha XuXu, dos sustos que apanhava do filme, e agora estou aqui focado nas suas maravilhosas pernas e pescoço, onde deixava beijos molhados, isto de facto era muito mais interessante. Finalmente, o filme estava no final, mais meia hora e adormecia. Por muito mais que me custe ir, tenho de o fazer, prometi ao meu pai que ia jantar com ele. Passou um mês e com o divorcio dos pais da XuXu ainda não achei o momento apropriado para fazer aquilo que penso todos os dias antes de adormecer. Havia duas coisas que me andavam a remoer há bastante tempo, primeiro ela ainda não tem um anel para mostrar que é minha, de alma, de corpo e de coração e ainda não lhe disse as três palavras sagradas. Tudo isto se vai resolver numa noite, em poucas horas de êxtase. A minha respiração acelerou só de pensar em tracejar todas as suas curvas com a minha boca, pele com pele, dentro dela, fora dela, demasiadas vezes para se contar... BOLAS! Estamos de conchinha no sofá, ela vai perceber, bolas! Preciso de um banho gelado, pensa em vómito, sim um bebé a vomitar! Mas isso não é nojento se for o nosso, para! Tenho de parar estes pensamentos insanos, rapidamente. O filme acabou e ela sentou-se, a minha salvação chegou. Obrigado! Ia ser horrível ter de justificar como fiquei assim.

- Amor, tenho de ir, já são sete da tarde, preciso de um bom banho e tenho de ir jantar com os meus pais. - Deixei-lhe um beijo na testa e levantei-me.

- Não vás! - Agarrou-me no pulso, e puxei-a para os meus braços. - Não quero ir dormir sozinha! A cama fica fria, como a minha vida - disse num tom quase inaudível - quando te vais embora.

- Eu não posso ficar, desculpa. Se quiseres venho dormir contigo, mas sou capaz de chegar tarde. - Partia-me o coração vê-la assim, tão necessitada de mim e da minha companhia, só posso jurar pela minha alma que o sentimento é recíproco.


Corri para casa, tomei um banho curto e muito gelado para ver se tirava as imagens quentes da minha mente. Vesti uma camisa, calças azuis com um terno e ténis novos, pelo que percebi íamos a um restaurante "chique", preferia mil vezes ir a um fast-food, mas hoje não tive sorte. Apanhei um táxi e quando cheguei a minha mãe estava sentada ao lado do meu pai. Isto não é coisa boa, o que é que eu fiz desta vez? Eles não estão a discutir, o que já é um avanço.


O meu coração parou: "O teu pai vai viajar por um mês", foram estas mesmas, as palavras, que a mulher à minha frente expelia da sua boca. Naquele momento pensei no pior, ia ficar um mês sozinho em Lisboa, nunca a minha mãe permitiria, se fosse para o Porto, não podia ter aulas e a segunda rodada de testes iria começar daqui a duas semanas.

- Porque é que não me disseste que estavas a namorar? Afinal eu sou a tua mãe! Mesmo não passando muito tempo agora contigo, amo-te como sempre te amei, nada mudou.

- Desculpa, ainda não somos namorados oficiais, para além disso nunca mais tivemos os dois juntos e não achei que era uma coisa que devia ser dita por telefone. Bem, eu realmente gosto dela.

- Sabes que eu e o teu pai confiamos plenamente em ti, já tens quase dezoito anos e vamos te deixar ficar durante as quatro semanas cá e vais passar os fins de semana em casa da, tua namorada, ou de um amigo, ok? Não te quero tanto tempo sozinho. Fechas sempre a porta e as janelas, quando o teu pai chegar quero tudo impecavelmente limpo e arrumado. Acho que não preciso dizer que está proibido fazer festas no apartamento, se quiseres leva um amigo para estudares, estás por tua conta e risco. Já és crescido, tornaste-te um homem tão depressa. - Era sempre assim, até pareciam casados, a minha mãe é que fazia toda a conversa e o meu pai só ia acenado com a cabeça.

- O nome dela é Joana, mãe. Pai, hoje ela está sozinha em casa e prometi que dormia lá. Se precisares de alguma coisa avisa. Desculpa sei que combinamos em eu dormir lá em casa, hoje, mas a mãe dela saiu de viagem e não me sinto nada bem em saber que ela não tem ninguém para lhe fazer companhia.

- Não te preocupes miúdo, eu confio em ti. Não te esqueças que amanhã já é domingo, quero depois de almoço em casa para combinarmos as coisas para este próximo mês. - Era tão bom, mesmo com os meus pais divorciados, ambos sempre confiaram muito em mim, como nunca fui rapaz de andar com más companhias ou de me meter com raparigas a torto e direito, sempre lhes ganhei o seu respeito. O que me dava bastante liberdade, mas, também sei, que se falhar com eles, todas as minhas relíquias vão acabar.


Cheguei a casa da Joana e abri a porta, ela tinha-me dado uma chave suplente, caso fosse preciso alguma coisa, ela confiava mesmo em mim, a minha XuXu. Encontrei tudo no mesmo sítio, a TV estava em silêncio, a passar um noticiário qualquer, e a minha bela adormecida no meio do sofá. Estava tão mal deitada, se ficasse assim ia estar cheia de dores de costas amanhã. Passei a minha mão, vagarosamente, pela sua pena, um num movimento coloquei-a no meu colo, género noiva. Levei-a até à cozinha e sentei-a na bancada, enquanto ia despertando. Agarrei na sua cintura e levei-lhe a maça à boca, era óbvio que ela não tinha jantado, não a ia deixar ir para a cama de estômago vazio. Ela negou várias vezes, já estava a perder a minha paciência, quando ela finalmente se apercebeu-se que eu não ia desistir e que podíamos ficar assim a noite toda. Ela lá comeu a maçã, enquanto eu lhe fazia uma sandes.


Agarrei numa sweat minha que estava guardada no meu roupeiro, com muita tristeza minha, fiquei quase sem nenhuma lá em casa porque ando a curtir com uma rapariga especializada em roubar a minha roupa. Enfim....

Adormeci mais uma vez agarrado à minha rainha, os seus lábios contra o meu pescoço e a sua respiração quente a vaguear pelo meu peito.

Amo-te tanto. 

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