More

31 5 0
                                    

Passou mais de um mês, está tudo bastante tranquilo, não podia estar mais feliz, apaixonada e muito feliz. Já disse que estou feliz? Acho que não, então pronto, estou feliz. O Gui é tudo aquilo que sonhei, mas é real. Está lá, às vezes, no seu mundo, mas ouve-me sempre, compreende-me, mima-me e acima de tudo faz-me sentir especial. Cada dia que passamos juntos o desejo aumenta, os calores-frios continuam iguais, ou até mesmo, mais intensos, qualquer toque é como se fosse o primeiro, todas as vezes que os nossos lábios se tocam é como se todo o meu ser se derretesse nos seus braços. Ele é muito mais do que o meu namorado, ele é o meu mundo. Meu namorado, gosto de como essas palavras se pronunciam nos meus lábios, meu namorado e eu sou a sua a sua namorada, sua...sua, meu...meu. Gosto disto, sou capaz de me habituar. Cada vez que trocamos olhares, o meu coração acelera, fico com calor, não consigo controlar a minha respiração, muito menos os meus sentimentos.


Enquanto a minha mente vagueia na ideia das mãos dele a vaguear pelo meu corpo, a Inês está a maquilhar-me. Vai haver uma "minifesta" e estou aqui quase por obrigação, é uma espécie de celebração pela época de testes ter acabado, na minha opinião, completamente desnecessária. Vão estar presentes demasiadas raparigas para o meu gosto e, para além disso, o Gui vai. Eu disse que as coisas estavam tranquilas, não que os meus ciúmes tinham acabado, mais tóxico, menos tóxico, pouco me importa. Ele é o meu namorado. MEU! Até posso, eventualmente, vir a admitir, que estou a ser, ligeiramente, possessiva. Porém, ele é a única pessoa que me faz sentir segura e especial.

- Joana! Fica quieta! Uma pessoa aqui tentar ser precisa e não te deixar igual a uma bruxa e tu aí a fazer expressões faciais horrendas ou talvez, um termo melhor, puramente assustadoras. Vá! Fica quieta. - Ia para abrir a boca, não sei se pedir desculpa ou para reclamar, quando fui agredida outra vez. - Nada de falares, ou queres ficar com um olho preto e outro castanho? Já estou quase a acabar, és mesmo inquieta, calma, mas não respires, quieta!


Passado uns cinco minutos de tortura, já estava, relativamente, bem maquilhada, não estava muito carregado, adorei. Sentia-me uma pessoa nova. Obviamente, que não tenho jeito nenhum para me maquilhar, então, enquanto a Inês acabava de se maquilhar, eu esticava o meu cabelo. Normalmente, eu deixo as pequeninas ondas que se formam em paz, mas hoje queria ter um ar diferente, não sei, sentia que hoje ia ser um dia especial. Ténis: cheque; vestido: cheque; maquilhagem: cheque, acho que está tudo. Agarrei na carteira e saímos de casa, já estávamos bastante atrasadas, como sempre.


A discoteca era realmente encantadora, rapidamente, no meio de tanta confusão, entre pessoas, música e bebidas, encontrámos a nossa "maltinha" na mesa mais afastada do barulho, como se isso fosse possível. Congelei, a minha boca abriu mais o que um bebé à espera para receber a comida na boca, estava literalmente com o queixo no chão. Eu sei que não vejo bem, mas desta vez juro que não foi nenhuma ilusão. Primeiro, quem era aquela loira? SEGUNDO, por que raio é que ela tinha a sua nojenta mão no braço do meu namorado. Fiquei vermelha de fúria, só me apetecia matá-la, quem pensa que ela é? Dá para perceber bem que o Gui estava muito constrangido, com aquela pindérica! Isso mesmo, com a aquela pindérica a esfregar-se nele. A Inês agarrou-me o braço e, com um tom de raiva, semelhante ao meu, disse: "Calma, vai lá e mostra quem é que manda".


Nesse momento, os nossos olhos cruzaram-se, ele olhou para mim, tentando decifrar os meus sentimentos, enquanto ia avançando para a mesa. Estavam todos sentados e tinha sobrado uma cadeira, logicamente que, como boa amiga, deixei a cadeira para a Inês e sentei-me no colo do Gui.

- Olá a todos! - Cumprimentei, amigavelmente, sem desviar os olhos da loira, virei-me para o Gui e fiz questão de dizer em alto e bom som. - Olá amor, como estás? Já estava cheia de saudades! - A seguir dei-lhe um beijo e a outra pindérica olhou para mim com cara de nojo, TOMA! O Gui agradeceu-me com um sorriso. Se não soubesse o quão irresistível ele é tinha matado a loira. - Bem, vamos aproveitar? Estou cheia de sede.

Assim, rapidamente, chegaram bebidas, cada um com a sua e fomos festejar. Dancei, bebi, dancei agarrada ao chato, que ficava todo o tempo a perguntar-me se estava bem. Realmente, já estava a ficar animada, nada demais, sentia só o timbre da música nas minhas veias, a minha cabeça estava ligeiramente tonta, mas acho que se deveria, maioritariamente, ao facto de ter dançado por umas boas quatro horas. Fui bebendo muita água, porque, obviamente, não sou doida e não quero acordar amanhã de recessa. O Gui fez questão de beber somente bebidas não-alcoólicas, argumentando que alguém teria de cuidar de mim, chato!

Entretanto descobri que a loira era uma amiga do Tomás, aquele gajo não sabe mesmo que anda a fazer à vida. Ela é uma autêntica cobra, víbora, pindérica. Passou a noite toda a fazer-me má cara, sempre que saia de perto do Gui por dois segundos, lá estava ela a atirar-se para cima dele e, o pobre coitado, tentava afastá-la o mais educadamente possível. Mesmo não querendo os meus nervos estavam à flor da pele, cada vez que tentava aproximar-me do Gui ele não me deixava continuar, não é como se ele me estivesse a afastar, mas também não me incentivava a apimentar as coisas. Estava frustrada, com ciúmes e cansada.


Hoje ia ficar com o Gui em minha casa, porque, entretanto, o meu pai mudou-se para um apartamento antigo que tinha alugado, a minha mãe saiu em viagem, ou seja, tinha a casa só para mim até domingo à noite. Já eram quatro da manhã, quando agarrámos nas nossas coisas, vestimos os casacos e entrámos no táxi. Durante o caminho, fui enroscada no colo do Gui e ele ia-me fazendo carinho no cabelo. Já estava há cinco minutos a tentar encontrar a chave dentro da mala, até ele agarrar-ma e tirar de lá as chaves, abriu a porta e assim que chegámos dentro de casa, empurrei-o contra a parede.


Colei as minhas mãos ao seu peito, subi uma até ao pescoço, ele estava ofegante, bom menino. Impedindo-o de se mexer, tomei-lhe os lábios, num beijo de puro egoísmo. A minha língua assaltava-lhe a boca e pouco me interessa se é bruto demais, eu quero, eu preciso dele, eu preciso dele dentro de mim, eu preciso que ele arranque este calor que me sufoca, eu quero isto, eu quero! Quero mostrar-lhe que não é só o meu coração que lhe pertence, a minha alma e o meu corpo também, eu quero ser a boneca que ele usa e que nunca se farta, eu quero que ele me use, eu preciso que ele me use! Não parámos o beijo, quando ficamos sem ar, dei algum espaço, mas não parámos, eu não queria parar. Passei, vagarosamente, as minhas mãos pelo corpo do meu Deus, até chegar à borda da camisola. Comecei, lentamente, a subi-la, enquanto lhe devorava os lábios, até que senti uma mão a segurar-me o pulso, não com força, mas com muita precisão. De repente, ele colocou uma das suas fortes e grandes mãos no meu pescoço e trocou de posições, agora era eu que estava encurralada. "O feitiço virou-se contra o feiticeiro". Ah, que irónico! Ohhh, bolas, com uma mão no meu pescoço e a outra na minha cintura, não havia forma de me mexer, rispidamente ele parou o beijo. Não, não! Não pares, eu imploro, por favor continua.

- Por favor, não faças isto ser mais difícil do que já é, não vai acontecer nada, bebeste demasiado e amanhã de manhã ias-te arrepender. Então, por favor, para. - Uma lágrima brotou no meu olho e ele rapidamente tratou de a secar. - Heiii, não chores.
- Tu não queres ficar comigo, provavelmente, preferias a loira que passou a noite toda a atirar-se para cima de ti, ela deve de ser bem melhor. - Estava com um tom bastante calmo o que até a mim me assustava, podia estar a ser irracional, talvez tanto quanto ele foi irracional quando acabou com o beijo.

- Eu só tenho olhos para ti, como é que não vês isso? Não consigo respirar quando estás por perto, a tua essência é como se fosse uma droga, das mais irresistíveis, quando não te vejo não consigo concentrar-me em nada porque ou crio paranoias se estás bem ou fantasias onde tu estás em cima de mim. Eu sou um ninguém sem ti, eu sem ti sou um nada, tu és o meu mundo e eu nunca te vou largar, nem por chocolates. Vá vamos para a cama.

Ele deu-me um abraço urso, levou-me para o quarto, ajudou-me a enfiar o pijama e tirou as calças. Dormimos agarrados e, como de todas as vezes em que dormimos juntos, foi a melhor noite da minha vida.

Why me?Onde histórias criam vida. Descubra agora