Todas as Nossas Versões - Camren

Capítulo 2

NOTAS INICIAIS

Ola pessoas.
Fiquei muito feliz com a receptividade do primeiro capítulo.
As teorias por aí já começaram pra saber quem a Camila vai ter que matar, e se ela vai conseguir?
Fiz um TT para conversarmos sobre a fic e caso vocês queiram falar comigo, dar dicas, feedbacks e tudo mais.
@fabixy96

Sem mais delongas, vamos para o capítulo.
Enjoy.

POV Camila

Minha respiração está rápida, pesada e neste exato momento não há absolutamente mais nada dentro do meu estômago. Por mais que meu organismo queira colocar mais alguma coisa para fora, não há mais nada. apoio minhas costas na parede gelada atrás de mim e limpo minha boca com a manga da roupa.

Você tem que matá-lo.

Eu fecho os olhos mas ainda posso ver as palavras, é como se elas estivessem marcadas em mim, queimando. Não posso aceitá-las, tem de haver outra saída que não essa. Eu não sou nem tão dura, nem tão má.
Não ainda.

Ouço a mola da entrada do aquecedor ranger e sei que Lauren vai querer me perguntar o que está havendo, mas antes que ela possa se pronunciar sobre qualquer coisa, eu escuto longe no corredor, um barulho metálico de porta. Alguém está se aproximando. Me levanto repentinamente e me jogo em cima do ralo. Não sei o que o Doutor pode fazer se descobrir que eu consegui o abrir, e faço menos ideia ainda do que ele pode fazer se achar o papel que eu encontrei.

Infelizmente meu cérebro só consegue processar uma coisa: ele vai me matar.

Talvez com a melhor coordenação motora que eu já tive na vida, quebro a colher em todos os menores pedaços que consigo e os jogo dentro do ralo. Agora já é possível ouvir um barulho de botas pesadas contra o cimento. Coloco a grade em cima do ralo e recoloco os parafusos do melhor jeito que consigo com os dedos e as unhas para não deixar pistas. Jogo o saco plástico e o papel embaixo do meu estreito colchão e me jogo em cima dele, logo então, o rosto de Vives aparece na janela da porta da minha cela.

- Cadê a colher? - Ela pergunta.
"Que bom, ela não é tão idiota quanto eu pensava" penso com ironia.
- Eu não sei do que você está falando. - Digo, inclinando a cabeça para trás fingindo estar despreocupada e me forçando a respirar normalmente, já que neste momento minha pulsação e frequência respiratória se elevaram de uma forma razoável.

Vives vira-se para a sua direita atrás da minha porta me dando a perceber que está conversando com alguém que não consigo ver. Alguém que com certeza não está usando botas militares e por isso, não ouvi se aproximar. Lucy não tinha um grande porte para um soldado, mas com certeza se fazia ser ouvida e notada dentro daquele lugar, em qualquer situação.

Os dedos dos meus pés se contoceram dentro do chinelo. Quem será que também estava ali?

Vives se vira de novo para mim e diz: "Sabemos que você está com ela. Entregue-a!"
Eu tinha que pensar rápido. Se de fato entrassem na minha cela eu teria que desenterrar os pedaços do ralo, e então, eles vasculhariam todo o lugar atrás do que quer que fosse. Dá para imaginar o que eles fariam se encontrassem um papel com uma lista de ameaças e a minha letra escrita nele? Eu não consigo pensar em como e quando eles me matariam. Mas com certeza seria uma morte extremamente lenta e dolorosa. Porém, eu jamais darei a essas pessoas o que quer que seja, não importa o quão microscópico fosse.

- Vão se ferrar! - Eu digo um pouco mais alto do que o normal para que Lauren escutasse.
- É só uma colher de plástico, menina. - Escuto a voz do Doutor do outro lado da porta junto com Vives. - O que vai fazer com ela? Cavar um túnel para sair daqui?
Me coloco completamente em estado de alerta ao ouvir aquela voz.
-Vai para o inferno que é o seu lugar, seu lixo! - Dessa vez eu realmente grito, mas não para que Lauren me escutasse, e sim porque eu não aguentava qualquer parte daquele homem próxima a mim.
- Camila, o que está acontecendo? - Escuto a voz rouca e preocupada de Lauren pela ventilação.
- Última chance. - O escuto falar novamente.