Capítulo 40

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NOTAS INICIAIS

Sim, esse é o último capítulo dessa estória linda e eu espero de verdade que vocês tenham gostado.

Escutem essa última música e apreciem. 

Boa leitura e nos vemos lá no fim. <3




POV Karla
(PLAY Opaline - Novo Amor)

Eu não entendo. Não consigo. O Shawn que eu conhecia tinha planos. Tinha sido feliz. Tinha sorrido para mim e me convidado para tomar café da manhã apenas horas antes de ir para o velho chalé dos pais em Chesapeake e acabado com a sua vida. Não faz nenhum sentido.

Acho que nós nunca sabemos de verdade o que está acontecendo dentro de outra pessoa.

Porém, enquanto eu chorava por muito tempo naquela primeira noite depois de Dinah me contar o que acontecera, os pedacinhos de Shawn que nunca pareceram muito certos - as explosões repentinas de temperamento, a intensidade em seus olhos quando ele dizia que o mundo precisava ser mudado, a maneira como às vezes parecia que a menor pressão o faria quebrar em pedaços - começaram a se encaixar como peças de um quebra-cabeça, pintando uma imagem diferente do menino que eu achava que conhecia tão bem. Um menino mais frágil e machucado do que eu percebera. Dinah acha que ele nunca superou a morte dos pais. Ele estava em terapia por causa disso havia anos, tendo começado depois da crise que tivera no dia do funeral deles. Eu nunca soube disso; ele nunca me contou.

No funeral, fico entre Dinah e Lauren Jauregui. Passei os últimos dois dias na cama chorando muito e gritando, e não me sobraram lágrimas para hoje. Estou vazia, como se tivesse morrido com Shawn. Eu me apoio em Lauren porque não tenho certeza se consigo ficar em pé sozinha e olho feio para o sol por ter ousado brilhar hoje. Deveria ser como nos filmes, tudo escuro, uma chuva fina e guarda-chuvas pretos estendendo-se a distância. Mas o grupo no cemitério é pequeno, apenas as pessoas que realmente conheceram e amaram Shawn. O circo foi deixado para trás na igreja.

Enquanto o pastor fala, minha mente escorrega de onde estamos, do caixão e das flores e do buraco no chão. Penso nas pilhas de cadernos do quarto de Shawn que Dinah me deu porque não podia suportar ver o trabalho que o irmão amava tanto ir para uma unidade de armazenamento em algum lugar. Lágrimas que queimam, acho que tenho algumas ainda, no final das contas, cortam o entorpecimento que me cobre como mortalha enquanto me lembro da primeira vez que Shawn me falou do seu trabalho. A memória se ergue em frente a mim, fresca e intocada como se eu a estivesse revivendo.

- Karla!

Meus olhos estão embaçados enquanto tento ouvir educadamente a conversa dos amigos da minha mãe quando ouço alguém sussurrar meu nome.

- Karla! Ei!

Uma mão se fecha em volta do meu punho, eu me viro e vejo Shawn, alto, magro e esquisito, ainda não totalmente desenvolvido atrás de mim. Ele me puxa para longe, e nós deslizamos em meio à multidão de convidados, cada um agarrado a uma taça de vinho e um pequeno prato de aperitivos.

- Eu procurei você em toda parte.

- Desculpe, a mamãe estava me fazendo conversar com aquelas mulheres que são do conselho da sinfonia com ela. Acho que ela só queria me exibir.

Baixo os olhos para o vestido de festa que mamãe me arrastou até a Neiman's para comprar e me forçou a usar na festa de Natal dos Mendes. É prateado e tem contas na parte de cima, e objetivamente deve ser algo lindo, mas faz com que eu me sinta a Barbie Debutante da mamãe.

- Olha o que eu peguei na cozinha quando o pessoal do bufê não estava olhando... - Shawn diz, brandindo uma garrafa meio vazia de champanhe. - Vamos dar o fora daqui.

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