Insomnia

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Muitas pessoas estavam reunidas em uma espécie de pátio do instituto agora, eles formavam filas em uma mesma direção e Mark se sentia completamente incomodado com toda aquela barulheira.

- Ali! - Chenle que estava ao seu lado, aponta em direção a uma pequena janela que havia entre uma pequena sala e o lugar onde estavam. - É ali onde você deve pegar sua medicação todos os dias.

- Medicação? - o canadense ainda estava confuso com tudo oque estava acontecendo, até o fato de agora estar preso naquele lugar ainda era algo inexplicável para ele.

- Bom, se você está aqui significa que deve ter algum problema, por isso tem que tomar medicação. - o garoto mais novo conclui.

- Escuta aqui, eu não sou louco como vocês, não preciso de remédios. - Mark falava em um tom sério.

- Ah, sério? Então por que veio parar aqui? - Chenle perguntava com um certo sarcasmo, mas não é respondido. - De qualquer forma, ainda não devem ter acertado as doses e horários dos seus remédios, esse horário é marcado apenas para pegarmos a medicação que nos ajuda a dormir.

Mark solta um longo suspiro, a frente não podia deixar de notar a forma assustada como os outros garotos se organizavam corretamente nas filas enquanto alguns dos funcionários mantinham-se circulando de um lado a outro encarando-os.

Todo aquele clima suspeito desde a tal conversa com o coordenador, deixavam o garoto confuso, nenhum dos pacientes pareciam querer manter contato visual com a maioria dos cuidadores, era como se eles temessem algo.

Um dos pacientes aproxima-se dos dois garotos que estavam parados um pouco distantes, ele chega até Chenle e sussurra algo em seu ouvido.

- Eu preciso ir a um lugar, continue na fila e pegue seus remédios, a gente se vê depois. - o garoto entrega um pequeno tapinha nas costas de Mark e caminha apressado na direção oposta.

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Lee estava de saco cheio de ficar naquela fila imensa, ele solta mais um suspiro e sai de sua posição rapidamente indo em direção a tal janela, ao chegar até ela nota a presença ali de uma jovem garota, a mesma possuía cabelos longos e ondulados e uma pele clara, ela assusta-se ao notar a presença repentina do garoto a sua frente.

- Mar... - o garoto é interrompido pela mesma.

- Mark Lee, certo? - ela agora mantinha um sorriso leve entre os lábios, enquanto ele apenas confirma com a cabeça. - Aqui estão os remédios.

Ela entrega a ele um pequeno fraco com duas pílulas e um copo com água. O canadense não poderia deixar de notar a forma como a garota olhava em seus olhos e "inconscientemente" se curvava devagar expondo um pouco de seu grande decote, ele não podia mentir que talvez gostasse de toda aquela situação.

Antes mesmo que pegasse o pequeno frasco das mãos da garota, acaba notando um dos cuidadores se aproximando de si.

- Senhor Lee, acho que não deve ter sido orientado sobre as regras do instituto, mas aqui costumamos respeitar as filas durante os horários de medicação. - o homem parecia ser um pouco mais velho que a maioria dos cuidadores que o garoto havia visto por ali, possuía uma leve barba por fazer e aparência intrigante.

O garoto mantinha seu semblante calmo no rosto com o sorriso amargo de sempre, porém, em sua mente a essa hora já cogitava fortemente a ideia de apenas ignorar totalmente oque o homem havia falado e simplesmente retomar oque estava fazendo, porém, mirando sua atenção rapidamente ao resto das pessoas que persistiam em suas posições na fila, notando seus semblantes assustados enquanto assistiam toda a situação, ele então decide apenas voltar até a sua posição de inicio na fila.

Lee estava intrigado com todo comportamento suspeito ocorria naquele lugar e por mais que não se importa-se nem um pouco em ter socado imediatamente a cara do tal cuidador, ele queria apenas esperar e ver onde aquilo tudo iria dar.

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Mark caminhava lentamente indo em direção ao corredor de seu quarto, ao parar em frente a porta do mesmo, nota passado ao seu lado o garoto que ele havia reencontrado na biblioteca mais cedo, seu rosto era levemente inchado e seu corpo parecia lutar para dar pequenos passos arrastados.

Lee abre a porta lentamente ainda observando o loiro que andava devagar pelo corredor, ao focar sua atenção para dentro do cômodo percebe a presença de Haechan que se mantia em pé parecendo procurar algo dentro do guarda-roupas.

O canadense entra fechando a porta e indo em direção a sua cama, chegando até a mesma puxa um pequeno pedaço de papel de seu bolso em seguida cuspindo duas pílulas nele, as embrulha e escondendo em baixo da cama.

- Não tomou a medicação? - DongHyuck pergunta enquanto se mantém parado em frente ao móvel.

- Parece que não. - Mark fala retirando sua camisa. A maior parte do tampo era obrigatório se manter vestidos com as peças brancas que Lee especialmente odiava, porém, durante a noite os pacientes poderiam utilizar os pijamas que eram disponibilizados.

- Tem certeza que não quer tomá-las, os primeiros dias aqui podem ser difíceis para pegar no sono. - ele fala em um tom amigável.

- Já tomei muitas dessas porcarias, nenhuma delas faz mais efeito, de qualquer forma só preciso me concentrar. - Mark veste a camisa que estava na cabeceira de sua cama e senta-se, enquanto Haechan apenas permanece petrificado em sua posição.

- Por que está me encarando? - O canadense fala notando os olhos espantados que o garoto mantinha nele.

- Ah... nada, eu só... - o garoto nem mesmo termina a frase e em uma ação rápida deita em sua cama.

Mark então vai até o interruptor e apaga as luzes, em seguida deita-se em sua cama, fitando o teto.

- Ei, ouvi dizer que esse quarto costumava ser só seu, é verdade? Os outros estão sempre acomodando duas ou três pessoas. - Haechan permanece virado para a parede em silêncio. - Seus pais são ricos ou algo assim?

Mark permanece sem resposta até que supusesse que o garoto estivesse dormindo e volta sua atenção ao teto do cômodo.

- Apenas concentre-se e durma, amanhã as coisas podem ficar bem piores por aqui. - Hyuck fala com uma voz baixa.

- Piores? Por que?

- Sempre que um novato chega, um supervisor vem da cidade para acompanhar o instituto durante o primeiro dia, ele provavelmente irá embora amanhã e as coisas vão voltar ao normal. - os suspiros durante a frase eram recorrentes.

- Voltar ao normal, como assim? - Mark novamente não é respondido, agora parecia de fato que o garoto havia pegado no sono, ele então teria que esperar para ver do que a conversa do garoto se tratava de fato.

Ali concluía-se o primeiro dia de Mark no instituto, ele ainda não podia acreditar que aquilo era real, por mais que não o surpreende-se o fato da mãe e o padrasto terem arrumado uma forma de o afastar de vez, não podia deixar aquilo como estava, não poderia estar fadado a passar boa parte de sua vida preso naquele estranho lugar, ele a essa hora também já construía ideias de como poderia escapar de vez dali e isso não seria uma tarefa fácil. Mas já estava decidido, ele iria fazer isso por mais que demorassem alguns dias, porém, primeiramente ele precisaria garantir que seu plano daria certo e a partir de amanhã ele estaria cem porcento empenhado nisso, ao fim segue observando o teto por um tempo até que finalmente pegasse no sono.

A Dose of Life || NCT DREAMOnde histórias criam vida. Descubra agora