Cap 2 Linda noite

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Uma semana se passou e digamos que eu já estava mais habituada com minha nova rotina. Sentava me sempre no mesmo lugar, aturava aquelas gurias chatas com papos chatíssimos perto de mim, aturava aquela professora horrível que estragava a história toda, Mas me assegurava saber que tinha alguém igual a mim, pensando o mesmo que eu, e que na hora do intervalo iríamos ficar conversando.
Tudo ia muito bem, até que eu fui ao banheiro. Enquanto via meu reflexo no espelho, e ajeitava meu cabelo liso e longo, recebi uma estranha ligação de um número anônimo.
_Alô?! Disse eu curiosa.
_Thais da 2001? Vai ter uma festa na sexta feira a noite, na casa da Amanda. Só pra galera da turma, pode levar uma garrafa de vodka se quiser ir, vai ser bom pra você se enturmar. Confirmado? - Disse uma voz masculina fanhosa.
_Não, obrigada! Não vou a festas sem meu namorado. - Recusei e desliguei.
No intervalo eu comentei com o Vinicius sobre o convite pra festa e achei que ele iria achar o cúmulo como eu achei, mas pra minha surpresa, ele disse que iria e estava Até empolgado.
Vinicius é um cara que com uma semana de pouca convivência era impossível descreve lo. Sua aparência não parecia ser tão amigável, usava casaco mesmo no calor, como se quisesse se esconder, usava um crucifixo no pescoço e eu não sabia se era muito religioso ou gótico. Apostaria que gostava de ouvir rock, mas acho que isso é o menos importante, pois nem ele se limita. Desenha muito bem e tinha opiniões um tanto polêmicas. Antes de eu o conhecer, ele se metia em muitas brigas, mas não consigo imaginar muito bem. E ele aceitar ir numa festa assim, com aquelas crianças que nem mesmo gostavam da gente, surpreendeu.
Fui pra casa com um sentimento estranho.
Minha mãe e meu cachorro era toda minha família me esperando. Meu cachorro como sempre muito bem receptivo a cada chegada minha e minha mãe que nunca errou, já estava com as malas prontas para um fim de semana em Macaé, na casa do namorado. Ou eu vou pra casa do meu pai, ou eu fico em casa com meu namorado Tomás. Mas no meu subconsciente, uma voz falou: _Ou você vai naquela festa ver o que tem de bom rsrs. - Não né! De jeito nenhum, que doideira.
Tomás foi pra minha casa e tinha tudo pra ser um final de semana perfeito. Até que de noite a energia acabou. Foi um apagão geral, ficou a cidade inteira no escuro. Tomás não se importou muito, tinha sono pesado, dormiu até mais cedo. Mas eu odeio dormir no calor e no escuro total, fiquei muito zangada esperando a energia voltar e vendo o Tomás dormindo sem se importar comigo. As horas foram passando, eu fui até o portão e vizinhos disseram que a energia só voltaria no dia seguinte a tarde. Eu não iria dormir. E mais uma vez, aquele sentimento estranho e a vontade de ir a tal festa. Pensei bem, uma olhadinha, não vou nem beber nada.
Era um breu total nas ruas, mas o Vinicius me disse no telefone que a festa estava rolando assim mesmo. Cheguei na festa e era um quintal enorme com telhado, espaço que os pais da Amanda alugavam pra festas mesmo, os mesmos também não estavam em casa.
A festa tinha começado já tinha algum tempo e estavam a maioria já bêbados, o falatório era o som do ambiente, mais músicas do celular de quem tinha bastante carga, alguns ligaram lanterna do celular e mais a dentro tinha luzes de velas.
Vinicius estava mais estranho que o normal, devia ser a bebida, distante como sempre observando tudo, me convidou a beber também. E porque não? Já estava ali. Bebi vodka pura, pra mostrar que sou braba também.
Bebida vai, bebida vem, Vinicius me chamou num canto, pois queria me mostrar uma coisa. Eu pensei besteira? Claro que não, eu não penso essas coisas. Fui ver. Tamanha foi minha surpresa quando ele me mostrou que estava armado_Tá maluco? É de verdade isso? - Perguntei. _É uma linda noite pra matar e pra morrer (risos). - Respondeu ele com um sorriso malicioso. Eu disse que iria embora e dei as costas, mas ele puxou meu braço e disse: _Você fica!
Eu continuei parada do lado dele, sem dizer uma palavra e ninguém podia ver o meu desespero.
Clara, uma das meninas chatas, foi até o banheiro. Vinicius me puxou para ir também. Chegando no banheiro, ele a puxou pelo cabelo e deu um tiro em seu rosto. Eu gritei bem alto apavorada. _Naaaaaaaaão! - E todos saíram correndo da festa.
Eu cobri minha cabeça com as mãos temendo o que aconteceria comigo, mas ele apenas riu e disse: _Acabamos com essa garota chata da porra.
_Acabamos? Eu não matei ninguém, você é louco, me deixa ir embora. - Eu disse aos prantos.
Vinicius me segurou por trás do cabelo e me perguntou bem no ouvido com uma voz baixa e sincera: _Você quer mesmo ser a vítima da história?- Eu deveria estar com medo, lógico que deveria, mas aquele toque dele em mim, me fez sentir tanta confiança, tanta segurança, que eu enlouqueci de repente e disse: _O que vamos fazer com o corpo dessa vadia? - Ele sorriu pra mim, me abraçou e disse: _Nada. Vamos embora.
Pulamos o muro de trás da casa e fomos caminhando entre as árvores que tinham atrás do condomínio para não sermos vistos. Passamos em frente ao colégio e ele me chamou pra entrar e se esconder por um momento. Eu não sei o que passava na minha cabeça, mas eu me sentia nessa junto com ele. Subimos as escadas e nos trancamos numa sala, lá teriamos tempo de pensar no que fazer. Vinicius só sabia rir, e disse que falta muita gente, mas a principal já tinha ido. Sua roupa tinha respingos de sangue e aquilo me pareceu estranhamente atraente. Eu fiquei parada olhando um tempo, até que ele percebeu. _Eu não me enganei com você. Eu sabia desde o primeiro momento que você era minha. - Ele Disse. E num olhar profundo e penetrante ele perguntou: _Você é minha?
Com a boca seca e com certeza sem dúvidas, eu respondi: _Eu sou toda sua!
Vinicius me beijou de um jeito que me despiu a alma, algo que o Tomás jamais chegou perto. Tiramos a roupa e transamos naquela sala, como se fossemos feitos um para o outro. Eu lambia o seu corpo, com sede daquele sangue que me fizera ver. E ele com sua brutalidade, me fazia sentir dor ao demonstrar o seu amor. A lua cheia era nossa única luz naquela janela de vidro. E pensar como seria depois deixava ainda mais prazeroso.
Antes do dia nascer, eu consegui chegar em casa. Me deitei do lado do Tomás, fingindo que nada havia acontecido, e o mesmo permanecia dormindo.

Aquela noite Onde histórias criam vida. Descubra agora