18. DareDevil

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LEE YUNI

Quando o carro é comprado — vulgo, uma Mercedes lindíssima — e o dono do automóvel entrega as chaves nas mãos de minha omma, posso ver claramente o sorriso dela ficar gigante. Sinto que com mais essa conquista, ela se anima completamente fácil.

A única verdade é que minha omma merece toda a felicidade do mundo. Afinal, não é fácil para uma mulher solteira, ter que trabalhar e cuidar da única filha. Quando deveria ter dividido isso com o pai.

Minha mãe não me fez sozinha. E achando ser demais para si, meu pai a deixou. Acredito que seja por isso que minha mãe, até os dias de hoje, tem um pé atrás com homens. Nas palavras dela, eles são traiçoeiros e te fazem mil promessas. Sendo que das mil, não cumprem nenhuma.

Admiro-a demais e sua força se resplandece até os dias de hoje. Lee Soojin jamais deixará sua coroa cair e não será por pequenos problemas que ela ficará abalada. E hoje, ela está aqui. Conquistando seu primeiro carro, depois de batalhar e muito para tirar sua carteira de habilitação.

Sua felicidade é a minha felicidade, então, eu não poupo sorrisos ao vê-la tão contente com seu primeiro carro.

Sei que ela fará questão de ser a primeira a testar ele. Mas, como não sou nada boba, me ofereço para ser a primeira a ir com ela.

— Preciso desse tempinho sozinha. — Ela comenta. Eu cruzo os meus braços, indignada. — Oras, eu preciso aproveitar esse passeio sozinha. Só por alguns minutos, sim?

— Você não existe, sabia Soojin! — Ela me beija as bochechas e acaba rindo.

— Sua omma está grandemente feliz. Preciso aproveitar meu primeiro carro novo! — Disse. Eu ri, comparando-a com uma adolescente. Que tira sua carteira e ganha seu primeiro carro dos pais.

Um sorriso cresce em meu rosto e logo eu suspiro.

— Tudo bem, omma. Aproveite. — Beijo suas bochechas e vejo-a entrar no carro. — Vou aproveitar e comprar algumas coisas que estou precisando. Me ligue quando estiver voltando, ok?

— Ok, meu amor. Amo você.

— Te amo muito mais. — Ela coloca o cinto e acena.

E assim que ela acena, vejo seu carro sumir entre os outros carros.

Dou meia volta e sigo meu caminho, sentindo aquele breve aperto no peito. Não evito pensar em Jungkook, e isso me faz respirar fundo e passar as mãos sobre meu rosto.

Contudo, compreendo que estou apenas preocupada demais. Então, sigo meu caminho em direção as outras lojas.

JEON JUNGKOOK

Devido ao meu reflexo rápido, me abaixo antes que uma garrafa atinja minha cabeça. Garrafa essa, lançada por Jimin. Enfio meu celular dentro do bolso e respiro fundo, passando minhas mãos sobre meu rosto.

— Você tem que me agradecer e muito, porque se não fosse por mim, não participaríamos dessa corrida. — Sua voz soou alta e completamente irritada.

— Não enche, Jimin. Não começa o dia com perturbação, pelo amor de deus! — Comentei, tampando meus ouvidos.

Mas, me arrependi no exato momento ao dizer tais palavras. Já que senti um tapa forte acertar minha nuca.

— Irresponsável do caralho, isso sim! — Seus olhos estavam arregalados e ele parecia não acreditar na minha audácia.

— Eu não sou irresponsável, porra. — Toquei minha nuca, sentindo-a queimar.

— Não é? Jungkook, não é só porque você é o chefe, que tem que simplesmente chutar a porra do pau da barraca e ir se encontrar com seu casinho! — Os meus olhos se arregalaram e dessa vez, quem recebeu um tapa na nuca foi ele.

— Tenha respeito, Jimin. — Pedi. — Não se refira a Yuni como um casinho, tenha a porra do respeito.

— Não vai me dizer que...— Jimin respirou fundo. Os olhos se arregalando ao constatar o obvio. Enquanto ele acariciava a própria nuca, ele riu. — Tá apaixonado por ela, porra?

— E se eu tiver? Vai fazer alguma coisa? — Me aproximei dele, encarando seus olhos. Jimin respirou fundo, rindo.

— Eu deveria. Deveria, porque eu tô vendo que essa porra vai estourar pra todos os lados. — Negou, passando as duas mãos sobre o rosto. — Seu pai te ensinou tudo, menos a não se apaixonar. Não é Jungkook?

— Não toque no nome dele. — Quase rosnei. Mas, Jimin ergueu as mãos em rendição.

— Ele passou isso tudo pra você. Te ensinou coisas que um pai não deveria ensinar para um filho. Fez de você, uma cópia perfeita dele e você leva isso à risca. Mas, você caiu assim como seu pai. — O segurei pela gola da camiseta, puxando-o para mais perto.

Seja lá qual fosse o planinho dele, não daria certo.

— Não faça isso. Não jogue tão baixo assim.

— Vai me dizer que estou errado, porra? Seu pai morreu porque se apaixonou! — Elevou o tom de voz, cuspindo as palavras contra minha cara. — Ele cedeu ao amor, e isso lhe custou a prisão e evidentemente, a morte. Porque Jongsun não se renderia tão facilmente assim.

— Meu pai e eu somos pessoas totalmente diferentes, Jimin. — Soltei a gola de sua camiseta. Não valia a pena bater nele. — Meu pai cometeu erros sérios e isso ocasionou a morte dele. Não culpe a minha mãe, não culpe ninguém de minha família porque você não me conhece!

— Você está colocando tudo a perder por causa dela, Jungkook. Isso passa do ponto, quando envolve todas as nossas cabeças e você sabe que eu estou certo. — Respirou fundo. — Eu amo você, garoto. Te admiro grandemente e sou seu melhor amigo desde o princípio. Mas, acredite, eu não vou hesitar em eliminar ela se ela se tornar um problema.

— Isso é uma ameaça, Jimin? — Perguntei. Tampouco acreditando que aquelas palavras estavam realmente saindo de sua boca. Os meus olhos estavam arregalados e eu não consegui ter reação. — Teria coragem de acabar com a Yuni, sabendo dos meus sentimentos por ela?

— Acredito que tenha me interpretado errado. Mas, posso repetir...— Respirou fundo, tão nervoso quanto eu. — Se ela se mostrar um problema, eu não vou hesitar. Mas, se ela se manter quieta, o conto de fadas sobrevive intacto. Minha função aqui dentro é essa, Jungkook. Não se faça de inocente e não finja que esqueceu tudo.

— Jimin...

— Admiro que esteja se apaixonando e fico feliz que isso esteja acontecendo. Mas, em hipótese alguma, se esqueça quem você é e o que você faz. — Suas palavras foram duras e me acertaram em cheio. — Sou seu amigo, mas, acima de tudo sou seu braço direito. Sou um anjo, Jungkook. Tenho um coração nobre. Mas, também posso ser o diabo e perder rapidamente a minha humanidade. É assim que eu sou, é assim que todos nós somos.

— Certo. — Respirei fundo. Passando as mãos sobre meu rosto, tentando me recompor do choque de realidade que fui obrigado a tomar.

— Recomponha-se, chefe. Todos vão precisar do DareDevil correndo hoje. — Comentou Jimin. E com um sorriso fraco, apertou levemente meu ombro.

Assim como eu, Jimin odeia brigar comigo. Assim como eu odeio brigar com ele. Mas, apesar de saber que ele se sentirá culpado depois de me dizer essas coisas, ele sabe que eu compreendo.

Não posso me deixar cegar. Ou isso pode custar tanto para mim e meus amigos, quanto para Yuni.

Com os meus olhos fechados, massageei minhas têmporas. Puxando comigo a pequena mala, que tinham apenas os itens necessários para hoje à noite. Trazendo comigo meu capacete e seguindo para o mesmo local onde Jimin seguiu.

Hoje, a corrida seria contra adversários perigosos e eu precisava estar cem por cento focado. Logo, sem pensar em absolutamente nada.

Respirei fundo e desliguei o meu celular. Passando as mãos sobre meu rosto.

Sem dizer uma só palavra, entrei no carro. Jimin o fez logo em seguida e do jeito que estávamos, ficamos. Em silêncio. 

𝐅𝐔𝐂𝐊 𝐁𝐎𝐘, 𝐣𝐣𝐤.Onde histórias criam vida. Descubra agora