Não perca a consciência, Astra!A voz mental do próprio Astra foi o que o impediu de desmaiar.
Tossiu sangue ao apoiar o peso do corpo sobre os braços, tremendo enquanto se erguia do chão. Sentia como se tivesse sido esfaqueado internamente, com a visão turva em direção ao asfalto agora sujo com o seu sangue.
Ele ofegava, desesperado por ar por mais que o processo doesse incrivelmente. O corpo todo doía, por dentro e por fora, e reunir força para se mover e reagir entrava facilmente na lista de piores testes de resistência que já tinha enfrentado até o momento.
Mas não era como se Astra não fosse resistente o suficiente para passar nesses testes.
A primeira coisa que ouviu durante o seu treinamento na Vila em que cresceu, é que ele nunca se tornaria um OIS com o corpo frágil e pequeno que tinha. Por ser uma criatura mágica, a sustentação dos escudos mágicos que criava dependia diretamente e inteiramente da sua disposição física.
Portanto, Astra precisava de uma resistência que ninguém achou possível que desenvolvesse graças ao seu biótipo físico.
Realmente, Astra nunca superaria o seu biótipo.
Até por que, ele não via a necessidade de superar.
Dessa forma, forçou a adaptação do treinamento ao seu corpo, e se tornou tão resistente (e um pouco mais) quanto um ginasta. Quando queria se enganar e viver algo mais simples, conseguia acreditar que treinava exatamente para se tornar isso, e não para conseguir aguentar levar porrada sem deixar seus escudos quebrarem.
Astra sentia cada um dos ataques contra os escudos, independente de quais fossem. Estava conformado que seria assim para sempre, sabia que a magia que ganhou de Afrodite funcionava dessa forma.
Era por isso que, no momento, sentia como se tivessem aberto um buraco dentro dele, usado para drenar toda a sua energia enquanto lutava para manter o escudo gigantesco de agora entre os escombros.
Astra finalmente conseguiu mover o rosto, arregalando os olhos ao perceber o tamanho do escudo de energia mágica rosa que criou de última hora. Não só em diâmetro, mas também em altura, era o maior escudo que já havia feito na vida, cobrindo até mesmo o chão em que sentava sobre.
Ao olhar ao redor, viu os outros semideuses desacordados ou tão desorientados quanto ele por de baixo do escudo. Sentiu uma pontada no peito em meio a dor generalizada do corpo quando pensou que, mesmo que esse fosse o maior número de pessoas que já protegeu com um escudo seu, ainda não era nem o suficiente.
Então foi obrigado a registrar o que aconteceu de fato: O prédio em que morava foi demolido, tornando-se os escombros que os rodeavam por todos os lados, com cortinas de poeira que denunciavam que não havia se passado muito tempo desde a destruição quase total do prédio.
Astra morava no quarto andar. A demolição começou de cima, do último andar até os primeiros mais próximos do térreo. Para Astra evitar aquilo com um dos seus escudos, ele precisaria ter envolvido o prédio inteiro a partir de, pelo menos, o penúltimo andar.
Obviamente, isso era impossível. O escudo atual já representava o limite da sua magia. Proteger um prédio inteiro de quinze andares era impossível.
Racionalmente, ele sabia disso.
Emocionalmente, não.
Chorar era um esforço que não podia ter, quase um luxo no momento. Porém, seus olhos se encheram de lágrimas querendo ou não, soluçando e amplificando sua dor ao entender que só salvou os semideuses que moravam do quarto andar a baixo.
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Blue/Red Black [BL] (✔)
FantasyPara não serem esquecidos e perderem a existência no mundo, os Deuses das mitologias repassaram a sua essência enfraquecida para crianças a cada geração nova. Essas crianças são chamadas de semideusas, porém, apesar de não terem o poder total de um...