Quando Navi abriu os olhos novamente, ainda era noite.
Ele estava deitado sobre a lateral do corpo, a cabeça sobre um travesseiro macio e familiar: Um dos travesseiros da sua cama em que dormia todos os dias. Piscou algumas vezes, sendo acertado pela luz ambiente roxa da luminária de lava sobre o seu criado mudo, exatamente como nas noites em que acordava de madrugada por algum motivo.
Eu estava sonhando?
Foi a primeira pergunta que fez em mente ao se sentar sobre o colchão, o corpo por debaixo das cobertas macias que rendiam o conforto que precisava quando chegava tarde cansado do trabalho. Seu quarto estava escuro a não ser pela luminária ao lado cama, que deixava ali caso precisasse ajudar Cibele durante a noite e não tivesse tempo de acender a luz antes.
Falando na gata, ela miou alto e longo ao notar o dono acordado. Cambaleando um pouco sobre a cama por conta de estar agitada, ela foi até o peito de Navi da forma mais rápida que conseguiu, lambendo seu rosto com a linguinha áspera de forma quase desesperada. Navi acabou rindo, segurando-a com cuidado.
Essas eram as duas coisas que sempre o acalmavam: Sua cama e Cibele.
Mas não entendia o desespero de Cibele.
Qual parte foi um sonho, afinal?
Não conseguia fugir do seu processo racional. Enquanto abraçava Cibele, pode dar uma boa olhada no próprio corpo e percebeu que não usava mais o uniforme do restaurante, e sim o pijama que tendia dormir com na maior parte dos dias da semana, a não ser que tivesse que lavá-lo.
A blusa de botões era grande demais nele, chegando até as suas coxas, com listras de várias cores diferentes que formavam um arco íris que já tinha desbotado pelo tempo de uso. Seu cabelo também estava solto e armado ao redor do seu rosto, mas não se lembrava de chegar em em casa, de se trocar, de se colocar para dormir.
Quase como se tivesse simplesmente perdido horas da sua vida sem saber.
Navi olhou ao redor pelo quarto antes de surtar de fato, arregalando os olhos ao achar seu broche dourado de borboleta com as asas azuis e vermelhas por de baixo da luz roxa da luminária, sozinha sobre o criado mudo quando deveria estar presa no seu uniforme negro do restaurante.
Nem pensou duas vezes antes de se esticar pela cama para pegar o broche, ainda segurando Cibele.
- Por quê você...? Como você quebrou--?
- Navi!
A voz de Peeta o surpreendeu quando ela exclamou alto em felicidade.
Peeta deixou a porta do quarto aberta atrás dela, acendendo a luz e se dirigindo com rapidez até a cama de Navi. Ela também não usava mais o seu uniforme do restaurante e sim outro vestido branco simples que gostava de usar, com duas canecas de Navi em mãos. Deixou as canecas sobre um dos criados mudos, e se sentou próxima de Navi para passar os braços pelo pescoço dele e abraçá-lo com força.
Era o tipo de abraço de alguém que passou muito tempo preocupada.
- Navi, eu 'tô tão feliz que você acordou! Eu 'tava tão preocupada com você, por favor nunca mais me assuste assim!
- Peeta... – Navi soou tão confuso quanto se sentia, por que realmente, ele não estava entendendo muita coisa naquele momento. Deixou Cibele sobre a cama para não esmagá-la sobre o abraço de Peeta, mas continuou segurando o broche dourado entre os dedos, fechando-os ao redor dele.
Sentiu os dedos começarem a tremer.
- Como eu... Como eu quebrei...? – Navi murmurou, e percebeu que estava horrorizado. Peeta se afastou minimamente para poder olhar para a mão de Navi e entender do que ele falava, alongando os olhos suavemente.
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Blue/Red Black [BL] (✔)
FantasyPara não serem esquecidos e perderem a existência no mundo, os Deuses das mitologias repassaram a sua essência enfraquecida para crianças a cada geração nova. Essas crianças são chamadas de semideusas, porém, apesar de não terem o poder total de um...