Capítulo IV - A Batalha Decisiva

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Entrementes, os cavaleiros experientes – que haviam sido enviados como batedores pelas ordens do duque Jakob – relataram que Haraldsson se aproximava. Pois, quando ouviu que seu território roubado ao redor do acampamento estava sendo devastado pelos meus guardas, Haraldsson sentiu-se furioso. Com seus navios imobilizados e guardas para patrulhar a região, deixei Haraldsson sem saída, se não lutar. Despreparados, não tiveram tempo para treinar. Está era nossa vantagem.

Ao início da batalha, ambos exércitos tentaram obter vantagem. Usando a cavalaria com toda minha força para ataque. Na linha de frente dos defensores encontram-se os soldados mais bem armados, os Thegn, e nas fileiras traseiras, a infantaria leve dos Fyrd, que os assistenciam com uma artilharia limitada arremessaram suas azagaias e projéteis de todos os tipos, lhes dão golpes selvagens com seus machados e com pedras presas em cabos de madeira.

Haraldsson colocou na primeira fileira seus seguidores, armados com arcos e flechas. Na segunda fileira, colocou mais, e melhor armada vestindo armaduras. Atrás deles vieram os esquadrões, com Eiko, seu filho, cercado pela elite de guerreiros, de forma que ele poderia mandar suas ordens em todas as direções, por sinais de mão ou por gritos.

– Vamos! – Gritei, liderando a carga. – Por Rike!

Conseguimos ocupar todo o topo da colina com nossas tropas montadas para o combate, procurando auxiliar os soldados a pé. Sem nenhuma brecha para explorar e combater nossos inimigos exatamente como estes querem: frente a frente, sem possibilidades de investidas pelos flancos ou por brechas na defesa, lutando contra uma subida. O embate seria incerto.

Aterrorizada por tal carnificina selvagem, virou-se em fuga a enfantaria. Quase toda a linha de batalha de Haraldsson retirou-se.

– Perseguid-os! – Ordenei. – Não deixem escapar!

Nós éramos o exército da majestosa Roma, que ganharam tantas vitórias em terra e em mar, e que dificilmente retiraram-se em fuga. Com o sucesso, eu e meus guardas começamos a empregar a tática da fuga fingida, que consiste em fazer o inimigo acreditar que se está fugindo para retirá-lo de sua posição.

Pela grande extensão do terreno de batalha, a fuga é empregada mais duas vezes, criando mais perdas na defesa inimiga. Somando-se a isso, novas saraivadas de flechas são arremessadas nas últimas horas do dia, sendo que uma delas atinge Haraldsson, ainda vivo, retirando a flecha de seu olho, para logo em seguida ser atingido por um cavaleiro que lhe corta as pernas.

– É o fim! – Gritei. – Haraldsson caiu!

Seus filhos lutam até a morte, fazendo uma última defesa desesperada, enquanto são perseguidos até o pôr do sol. Naquele momento seguidores de Haraldsson batem em retirada, concedendo-nos vitória.

Ao fim da batalha, chegamos em um lugar muito alto, onde pudemos encontrar corpos de uma batalha devastada. Deste lugar podia-se ver outros lugares da fronteira de Rike.

– É uma vitória gloriosa! – Disse Mikel, aproximando-se de mim.

– Sim, mas ao custo de muitas vidas – Respondi, olhando para o campo de batalha.

Agora Haraldsson deixava de parecer com um Rei Vicking e se parecia com um verme. Um homem desprezível e miserável. E, a medida que Haraldsson rastejava, ele já não se parecia mais com um Rei. E as coisas que começaram a acontecer a partir daquele momento eram tão tristes e depreciativas que não consigo descrevê-las.

Para nós, este é o fim de todas as histórias dos Vikings, uma era de conquistas e pillagens que agora se encerrava com a derrota de Haraldsson. A paz poderia finalmente reinar em Rike, e eu, Nicollas, poderia governar com sabedoria e justiça.

– Meu senhor – disse Mikel, aproximando-se de mim –, o que faremos com os prisioneiros?

– Libertaremos os que se renderem e prometerem não mais lutar contra nós – respondi. – Quanto aos outros, serão julgados por seus crimes.

Mikel assentiu com a cabeça, entendendo minhas ordens.

– E o que faremos com o corpo de Haraldsson?

– Enterraremos-no com honras, como um guerreiro – respondi. – Embora tenha sido nosso inimigo, ele foi um grande líder e merece respeito.

Mikel concordou, e ordenei que se preparassem os rituais funerários para Haraldsson.

Enquanto isso, eu refletia sobre o que havia acontecido. A batalha havia sido longa e sangrenta, mas no fim, a vitória havia sido nossa. Agora, era hora de reconstruir e garantir que a paz durasse.

– Mikel – disse eu –, é hora de começarmos a reconstruir. Quero que você organize uma equipe para avaliar os danos e começar a reparar as estruturas danificadas.

Mikel assentiu e saiu para cumprir minhas ordens.

Eu fiquei sozinho por um momento, olhando para o campo de batalha. A vitória havia sido nossa, mas ao custo de quantas vidas? Quantas famílias haviam perdido seus entes queridos?

Suspirei e voltei ao castelo, sabendo que ainda havia muito trabalho a ser feito. Mas agora, com a paz restaurada, podíamos começar a reconstruir e criar um futuro melhor para Rike.

O Pecado da Luxúria - AshmadiaOnde histórias criam vida. Descubra agora