Capítulo VII - Vislumbre

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Nicollas! - Ouço meu nome seguido de gargalhadas altas. A última coisa que vi foi a luz da lua brilhando através da janela antes que ele arranhasse suas longas unhas podres pelo meu peito, com sua outra mão abafando meus gritos. Então me sentei na cama e percebi que era somente um sonho, mas assim que ouvi o cantar do galo lá fora, ouvi novamente sua voz ecoando em minha cabeça chamando pelo meu nome.

Assustado, levantei-me em prantos ainda pensando sobre a noite passada. O que havia acontecido? O que era aquela criatura com asas e três cabeças?

Enquanto esses pensamentos me atormentam, desço para tomar café com minha amada mãe e com a companhia de Eric sentado ao lado dela, ambos apenas esperando para que eu me sente à mesa para começarmos a comer.

– Meu filho, o que aconteceu ontem? - perguntou minha mãe, com preocupação nos olhos.

– O que quer dizer, mãe? - Digo em um tom despretensioso.

– Sua entrada abrupta pelos portões do Castelo. Você parecia assustado e com medo.

– Me perdi durante o passeio na floresta e acabei encontrando alguns lobos. Estavam caçando e, como eu estava sozinho, me assustei e fuji." - Digo rápido e com convicção. Como poderia contar que havia visto um monstro? Me chamariam de louco!

– Lobos? Bem, precisamos reforçar sua segurança. Não pode ficar sozinho, é muito perigoso. E enquanto aos lobos, vou ordenar que alguns guardas os caçem.

Um breve momento de silêncio se instalou enquanto estou perdido em meus pensamentos ainda sobre o ocorrido de poucas horas atrás. Será que aquelas pessoas o adoram? O que faziam lá? Ele é um monstro mesmo? Mas... E as cabeças e as asas? E o cervo? O sangue, o símbolo, o encantamento... Como eu consegui fugir?

– Eric, como está a situação financeira do reino? - perguntei, preocupado.

– Rhum... não é boa, senhor. As receitas não estão cobrindo as despesas, e os cofres estão quase vazios. Precisamos de uma injeção de dinheiro urgente para evitar a bancarrota. – respondeu Eric, com uma expressão sombria.

– E a Itália? Será que eles nos emprestarão novamente?" - perguntei, sabendo que a Itália era nossa última esperança.

– Duvido, senhor. Eles já nos emprestaram uma grande quantia no passado, e não estão dispostos a correr o risco novamente. Além disso, as relações com a Igreja Católica estão tensas, e isso não ajuda – disse Eric, balançando a cabeça.

Entendi o problema. Sem o apoio da Itália, nosso reino estava condenado à ruína. E foi então que um pensamento sinistro surgiu em minha mente.

– E se houvesse outra maneira de obter o dinheiro que precisamos? - perguntei a mim mesmo, lembrando-me da criatura que havia visto na floresta.

– O que foi, senhor? - perguntou Eric, notando minha expressão pensativa.

– Nada, Eric. Apenas uma ideia louca. - disse eu, sacudindo a cabeça.

Mas não era louca. Era uma ideia que poderia salvar nosso reino. E eu estava disposto a fazer o que fosse necessário para torná-la realidade.

– Peço licença. - Levantei-me abruptamente sem dar chance à minha mãe me perguntar. Subindo as escadas em direção à biblioteca localizada em meu escritório, busco livros que explicam a teoria que eu estava formulando em minha cabeça.

O Pecado da Luxúria - AshmadiaOnde histórias criam vida. Descubra agora