Capítulo 12 "Bangkok"

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                  Gulf

Sempre odiei aeroportos.

Na minha opinião, no inferno deve haver um lugar mais ou menos parecido.

Seguranças armados acompanhados por seus cães hostis, somados à aglomeração de pessoas indo e vindo arrastando malas com rodinhas barulhentas.

Era como se a qualquer momento algo estivesse prestes a dar errado, alguém esbarrar em mim e implantar algo ilícito em meu bolso ou em meus pertences, meu perfume cítrico chamar a atenção dos cachorros, algo assim e no final acabo no corredor da morte, cumprindo minha condenação.

Paranoias, criadas graças a anos assistindo documentários de aeroportos.

A verdade é que aeroportos e aviões sempre deixavam nervoso.

Nunca fui fã de altura, costumava embarcar totalmente embriagado em todas as minhas viagens, numa tentativa de enganar meu cérebro.

O pouco oxigênio sempre ajudou a ficar bêbado rapidamente.

Quando Mew e eu chegamos no aeroporto, tudo que eu queria naquele momento era um copo de whisky com gelo, mas não tinha dinheiro nem mesmo para o gelo.

Ficamos um tempo sentados nas poltronas da sala exclusiva da primeira classe, com estofados confortáveis, e amplas janelas de vidro que ofereciam uma vista dos aviões no local de embarque.

Do lado de fora, o céu que aos poucos estava ficando mais escuro, indicando que iria chover.

Gosto da chuva apenas quando estou deitado em minha cama, me imaginar em um avião em meio a nuvens e trovões deixa ansioso.

Os minutos se passavam, e minhas mãos estavam geladas e minha boca seca ─ Definitivamente precisava beber.

Senti meu celular vibrar em meu bolso, e rapidamente o peguei, esperando que fosse uma mensagem de meu irmão. Ele não havia respondido minhas últimas mensagens, nas quais eu o informava que estava a caminho de casa.

No mesmo instante em que meus olhos avistaram a notificação, senti meu corpo gelar.

Era Lamai, depois de dias sem sinal de vida.

" Lamai: Vai continuar com esse show ou vai ser homem e assumir sua responsabilidade? Achou que eu não fosse descobrir que alguém tem lhe enviado dinheiro? Eu já imaginava que um parasita como você, não iria sobreviver sozinho, sem ninguém pra sugar. Seu irmão me decepcionou, sua influência sobre ele não é nada positiva, vocês devem ficar um tempo sem contato."

Ler aquela mensagem, fez meu estômago se revirar. Depois de dias sem sinal, sem notícias e quando ele finalmente apareceu, conseguiu sugar qualquer faísca de felicidade ou esperança que eu ainda mantinha naquele momento.

Tentei ligar para meu irmão, sem sucesso.

─ Está tudo bem? ─ perguntou Mew, ao meu lado.

─ Sim... ─ respondi, com uma voz mais aguda, me sentindo desnorteado.

─ Tem certeza, quer um pouco de água, ou... ─ Mew segurou minha mão, olhei para o chão.

─ Vai continuar com esse show ou vai ser homem e assumir sua responsabilidade?

Afastei minha mão rapidamente olhando para Mew, que devolveu o olhar confuso.

─ Gulf, eu perguntei se você quer uma água ou ir ao banheiro.

Aquela voz ecoava na minha cabeça, sua voz parecia tanto com a de Mew.

─ Uma água... ─ respondi.

I married a manOnde histórias criam vida. Descubra agora