Perdidos

9 4 1
                                    

Se eu morrer jovem, me cubra com cetim

Deite-me em uma cama de rosas

Afunde-me no rio ao amanhecer

Mande-me embora com as palavras de uma canção de amor

A faca afiada de uma vida curta, bem

Eu tive apenas tempo o suficiente

If I Die Young — The Band Perry


12 de março de 2020


Juna agarrou seus cabelos com as mãos, respirando fundo e tentando conter o tremor em seu corpo. Ouvia uma bagunça de vozes sobrepostas nos comunicadores, instruções trocadas, alertas e desespero. Ela levantou os olhos, encarando o monitor e a luzinha piscando indicando a tentativa de chamada aberta para a Índia, Nova York e a Alemanha. Não havia resposta em nenhuma delas. Nada de Noturno. Nada de Fera. Nada de ajuda.

Diamante, por favor, me diga que conseguiu algo... — ela ouviu Luke pedir, do outro lado da comunicação.

As luzinhas continuavam piscando, indicando que ainda não tinha conseguido derrubar os bloqueios de comunicação nesses lugares. Ao seu lado, Nath estava tentando outras formas, ligar para Roberto por exemplo, e ver se ele conseguia um avião para algum desses locais, mas até lá, os dois sabiam, seria tarde.

E foi.

Ele não está respirando — Juna ouviu a voz da Purificadora do outro lado dizer.

Santino estava morto. Santino estava morto.

— Não... — ela murmurou, tirando o ponto do ouvido e se levantando. — Não, não, isso não pode estar acontecendo, não...

A respiração de Juna ficou ofegante, e ela foi a passos tortos até a parede da sala, escorando o corpo nela e tentando se controlar. Sentia calafrios pela espinha, e estava se sentindo zonza. As lágrimas se juntando em seus olhos começaram a escorrer profusamente, e a garota começou a chorar em soluços fortes e desesperados.

Isso não devia ter acontecido. Não podia ter acontecido. Santino não podia estar morto, não era justo! Não... Ela devia ter feito alguma coisa. Ela devia ter sido capaz de impedir isso, como da última vez. Por que não tinha tido uma visão sobre isso? Não, isso não era justo... Ela deveria ter conseguido ver o acontecimento, deveria ter podido fazer algo a respeito!

Ela sentiu um toque repentino em suas costas e se virou, sobressaltada, vendo Nath parado com a expressão confusa. E preocupada.

"O que foi? O que aconteceu?"

Os sinais do garoto saíram trêmulos ao fazer a pergunta, e Juna sabia exatamente o que o assombrava. Que algo de ruim tivesse acontecido com Luke ou Santino. Que ela fosse dizer a ele que alguém de quem ele gostava muito tinha se ferido. Ou pior.

Como? Como poderia dizer isso a ele?

— E-Eu...

Juna balbuciou, sem sequer levantar as mãos para fazer os sinais adequados. Não tinha forças para isso. Não conseguia reagir, e à medida que os tremores em seu corpo começavam a passar, o pânico dava lugar à apatia.

Era sua culpa. Não era esse o único bendito benefício de sua mutação a ter transformado em uma aberração de circo? Que pudesse impedir esse tipo de tragédia? Que pudesse alertar os demais, salvar suas vidas, manter aqueles próximos de si bem? De que servia tudo isso se não podia salvar a vida de um amigo?

Homem de Gelo e os Novos Mutantes (Marvel 717 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora