Homem de Gelo e os Novos Mutantes (Marvel 717 1)

Prelúdio do Caos

Poderíamos ser livres

Se soubéssemos que fomos escravos das dores um do outro

Uma coisa que eu acredito que eu poderia aprender

A ver meu inimigo como meu irmão

Então, poderíamos ser livres, de verdade

E o amor poderia lavar todas as dores

Não tenho medo de sangrar, se isso significa

Vamos fazer um melhor hoje, e não amanhã

We Could Be Free feat. Ty Dolla $ign — Vic Mensa

12 de março de 2020

Assim que Charlotte e Cassian decidiram unir forças com os X-Men, o garoto entrou em contato com Niko, informando a situação. Como tinha imaginado, ela ainda estava lá, parcialmente refém do Instituto Xavier enquanto Damon estivesse acamado, e com sua identidade exposta no mínimo para Lince Negra e o Homem de Gelo. Teriam de ser cuidadosos lá dentro. Se um dos dois os visse juntos, seria muito fácil descobrir quem era o namorado civil de Niko e ligar uma coisa a outra.

Sendo assim, ao chegar no Instituto ele não a procurou. Em verdade, após entregar o disco para o X-Men, ficou sentado na sala de visitas, vendo Charlotte andar agitada de um lado para o outro até por fim ver todo mundo correndo para a sala de televisão e decidir ir atrás. Foi o primeiro momento no qual viu Niko ali dentro, e os dois fingiram muito bem sequer se conhecerem.

Para Cassian, se unir aos X-Men era o último recurso possível, e se estavam ali era por, de fato, nem ele nem Charlotte terem mais ideia alguma sobre como vencer essa batalha sozinhos. E isso de certo piorou a dor que Cassian sentiu ao ver aquela notícia na televisão.

Há muito tempo, os Purificadores eram pequenos grupos de pessoas abordando mutantes aleatórios na rua e os provocando. Uma horda de ódio formada em cantos obscuros das redes sociais, um monte de gente xingando e promovendo ideais excessivamente conservadores aos quatro ventos. Depois veio um ataque físico, e depois veio mais outro, e de repente estavam armados e organizados, sendo uma verdadeira milícia. E, só então, a Irmandade tinha surgido.

Cassian jamais teria imaginado nesse grupo ganhando acesso a armas biológicas. Ele sentiu algo se retorcer em seu estômago, e no fundo de sua mente não conseguia deixar de se perguntar: por que tinham demorado tanto? Por que não tinham começado a Irmandade no primeiro sinal de intolerância, por que não tinham cortado o mal pela raíz? Todo esse tempo estavam planejando ataques a bases, caçando Purificadores e caçando a sede principal deles quando o movimento todo estava estruturado o suficiente para conseguir dar a volta nos X-Men, na Irmandade e na polícia de Nova Iorque. Poderiam ter caçado os poucos intolerantes no começo de tudo e acabado com o problema antes mesmo de existir.

Charlotte dizia que não. Ela acreditava que uma ação preemptiva teria dado mais motivo para os odiarem, que não havia decisão ou método escolhido por eles que não fosse ser distorcido pelos Purificadores e jogado de volta contra eles, e, portanto, podiam apenas ir direto ao método mais eficaz. Cassian não queria acreditar nisso. Queria acreditar em outros meios, em soluções limpas e legais. Talvez devesse ter dado mais ouvidos a ela. Só um pouco.

— Anúbis — Charlotte sussurrou em sua frente, depois dos X-Men terem deixado a sala. — Nós vamos deixar isso acontecer mesmo? Temos que fazer alguma coisa!