Do Outro Lado da Arma

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Agora que a guerra acabou comigo

Eu estou acordado, e agora posso ver

Que não resta muito de mim

Nada é real a não ser a dor

Prendo minha respiração desejando a morte

Por favor, Deus, me acorde

One — Metallica


10 de março de 2020


Theo não conseguia ver detalhes da enorme confusão instaurada nas portas do armazém. Ouvia os tiros e, vez ou outra, via um corpo caído no chão. A batalha começou a deslocar-se um pouco para a direita, e a pouca visão de Theo foi perdida de vez atrás de uma das várias prateleiras do local.

Para piorar, as luzes se apagaram de repente, e os computadores desligaram de uma vez. O protocolo de segurança da base tinha sido ativado, e qualquer conexão com os servidores dos Purificadores tinha ido pro espaço.

— Por favor, me diz que deu tempo de enviar o vírus.

— Nem metade — Niko respondeu, com um suspiro frustrado, levantando-se. — O que está acontecendo?

— Não sei... Alguma invasão. Infernos, logo agora, de todos os momentos?

Theo se virou de costas para a porta, desistindo de ver algo pela janela. Havia uma lanterna presa ao topo da arma que Theo tinha pego do Purificador na porta, mas ele ainda não sabia se era uma boa ideia acender. Iria os dar visão dos acontecimentos, sim, mas também denunciaria sua presença. E ele não precisava pensar muito para saber qual era o plano ideal agora.

— Precisamos sair daqui antes que alguém nos veja — Theo murmurou. — Pegue o pendrive. Vamos dar o fora e viver para lutar outro dia.

Com um suspiro cansado, Niko retirou o pendrive do computador, juntando-se a Theo na porta. Apenas tinham uma arma com eles, mas ele esperava nem sequer precisarem usá-la, então não deveria ser problema. Com sorte, não seria.

Ele abriu a porta da sala de computadores bem devagar. Havia luzes movendo-se no canto esquerdo do armazém, lá na frente, e era de onde todos os sons vinham. Tiros. Muitos gritos. Theo fez um sinal com a mão para Niko o acompanhar, e foi caminhando devagar para a parede direita do armazém, aproveitando as sombras daquele lado do local onde não haviam combatentes.

Os passos eram silenciosos, mas rápidos. Não precisavam preocupar-se tanto com barulho, qualquer som mais delicado e abafado desapareceria no meio de todos os ruídos da batalha do outro lado. Theo não queria correr, sabendo que sua sombra mexendo muito rápido poderia atrair atenção, mas a vontade era forte. Entre as estantes, a cada passo, ele podia ver um pouco mais de luz do outro lado, enquanto se aproximavam da batalha.

— Eles estão na porta? — Niko sussurrou.

— Sim. Podemos tentar sair pelos fundos, por onde entramos. Não tem ninguém desse lado do armazém.

Mas, por azar, nesse momento, algumas luzes brancas, características das lanternas das armas dos Purificadores, apareceram por entre as prateleiras, bem à frente deles e os separando da porta dos fundos. Em um pensamento rápido, Theo deu um tapinha no ombro de Niko, a chamando para o seguir. Os dois correram para trás de uma das prateleiras em sua frente, escondendo-se nas sombras e observando a movimentação ali.

Homem de Gelo e os Novos Mutantes (Marvel 717 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora