A Casa dos Ratos

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Todos os meus amigos são pagãos, vá com calma

Espere eles perguntarem a você quem você conhece

Por favor, não faça movimentos bruscos

Você não sabe nem metade do abuso

Bem-vindo ao grupo de pessoas

Que tiveram um grupo de pessoas que eles amavam

Distanciados deles

Você vai pensar: Como eu cheguei até aqui, sentado ao seu lado?

Depois de tudo que eu disse por favor, não se esqueça

Heathens — twenty one pilots


03 de fevereiro de 2020


De todos os Morlocks morando nos esgotos, Riya era a com mais contato com o mundo superior. Completamente apaixonada por música, ela chegara a fazer diversas apresentações como DJ freelancer, onde aproveitava o escuro de luzes das casas noturnas para esconder sua aparência. Cobrava barato, o dinheiro era bem-vindo aos Morlocks e até hoje nunca levantou nenhuma dúvida para o mundo exterior sobre quem ela seria de verdade.

Agora, porém, já fazia uma semana desde a fatídica invasão da Irmandade a um prédio de Purificadores, ela havia cancelado todos os shows de vez. Já há algum tempo Nath vinha questionando o quão sensato esses passeios dela entre os humanos eram. Ela poderia se parecer com um deles pela maior parte do tempo, mas seu corpo se transformava nos momentos mais inesperados. E se alguém a visse quando furos de flauta se abrissem em seu braço ou um menear de cabeça fizesse seus cabelos ressoarem como as cordas de uma harpa? E se um purificador estivesse na plateia?

Riya tivera esperanças dessas coisas durarem pouco tempo, de em breve voltar aos palcos. Vinha fazendo novas mixagens, montando setlists... E então, depois daquela notícia do embate contra Purificadores em um prédio, estavam todos proibidos de sair.

Nathaniel não tinha literalmente proibido as pessoas de saírem, mas ele se preocupava muito com todos os mutantes vivendo ali. E se os Morlocks davam certo, era porque havia regras. Assim, se Nath dizia "vamos sair só um de uma vez e só para buscar suprimentos, porque está perigoso demais", ninguém ousava discutir.

E assim, Riya se entregara ao tédio. Jogada sobre um sofá com as pernas para cima do encosto e a cabeça para baixo do assento, ela observava o pequeno mundinho onde vivia de cabeça para baixo. Estava tudo muito silencioso. As pessoas tinham medo, ela também. As pessoas conversando o faziam muito baixo, outras faziam passatempos silenciosos, como jogos de cartas.

— Ei, Juna — Riya sussurrou.

A mutante de pele com textura de diamante estava sentada no chão, encostada ao sofá, jogando seu game boy. Riya observou o bonequinho do Link parar de andar, e Juna pausar o jogo, olhando para o lado e a encarando.

— O que foi?

— Você está precisando de alguma coisa? Jogo novo, vestido... Alguma coisa de menina que você não pediria ao Santino?

Juna suspirou e se levantou. Riya tentou não gemer de desagrado ao vê-la fazer isso.

— É para nosso próprio bem, Riya. Você sabe como as coisas estão lá em cima. E se alguém descobre a gente?

Homem de Gelo e os Novos Mutantes (Marvel 717 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora