Kaboom!

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Aqui vencemos ou aqui caímos

A história não vai se importar nem um pouco

Arrume a cama, acenda a luz

A Dona Misericórdia não estará em casa esta noite

Você não perde tempo nenhum

Não escuta a chamada mas atende à ligação

Virá para você, como para todos nós

Estamos só esperando

O martelo bater

Hammer to Fall — Queen


12 de março de 2020


Talvez antes de tudo aquilo acontecer, Santino não teria chamado um carro de aplicativo. Não teria também saído de casa com uma blusa de mangas curtas, ou bermuda cáqui mostrando as pernas, o que era precisamente sua vestimenta de agora. Sua pele estava inteiramente vermelha, em um tom mais vibrante que o usual levemente apessegado de antes. Os cabelos pretos tinham crescido um pouco, revelando cachos largos. Os olhos amarelos brilhavam em contraste com o vermelho de seu corpo. Santino não só estava muito confortável com sua aparência naquele momento, como tinha o cuidado (e o prazer) de vestir uma blusa verde clara, sugestão de sua mãe, uma cor perfeita para harmonizar com o vermelho de sua pele.

O motorista do carro estava o encarando bastante. Santino sabia do risco de entrar no carro de um possível racista e intolerante, especialmente com o endereço final da viagem sendo o Instituto Xavier, mas se algo acontecesse, poderia teleportar-se para longe. Estava, inclusive, cada dia melhor nisso. Vinha brincando de levar seus irmãos de um lado a outro pelo jardim, e até sua avó antes tendo problemas para lidar com a situação do neto, agora, depois de ter sido explicada o que era um mutante e do fato de Santino não ser um demônio, tinha gostado da facilidade do garoto para trazer-lhe algo do outro lado da casa quando pedia.

Santino não trocaria sua vida como estava agora pelos dias passados no esgoto, com o nariz assolado pelo cheiro de dejetos, os ratos roendo tudo o tempo todo e a água nojenta subindo na plataforma deles de tempos em tempos, mas voltar para sua casa vinha com um bônus: sentia muita falta de seus amigos.

Tinha apegado-se bem mais a eles do que imaginava. Volta e meia falava da comida de Nathaniel na mesa do café, ou das músicas de Riya quando estavam assistindo um programa de televisão. Passar esse tempo nos esgotos tinha sido uma época muito desagradável de sua vida, mas uma época a qual lhe rendeu amizades bem mais sólidas do que esperado por ele.

O carro parou finalmente nos portões do Instituto, e do outro lado da grade Nathaniel, Juna e Riya já o esperavam, já que Nath havia recebido a mensagem de Santino qual informava já estar a caminho. Santino pagou a corrida, descendo do veículo às pressas e correndo até os portões. Tinha passado a manhã inteira em suas aulas esperando esse momento.

— Eu cheguei! — Ele gritou, acenando enquanto atravessava os portões.

Riya se jogou sobre ele no mesmo instante, em um abraço apertado. Santino a apertou, afundando o rosto no ombro da menina e ouvindo estalos similares ao som de castanholas ao apertar a coluna dela. Até disso tinha sentido falta, dos sons curiosos e diferentes emanados do corpo de Riya a cada movimento feito por ela.

Homem de Gelo e os Novos Mutantes (Marvel 717 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora