Uma Raça Assassina

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Mamãe, acabei de matar um homem

Coloquei uma arma na cabeça dele

Puxei o gatilho, agora ele está morto

Mamãe, a vida tinha acabado de começar

Mas agora eu me perdi, joguei tudo fora

Mamãe! Ooh!

Não foi minha intenção fazê-la chorar

Se eu não estiver de volta a esta hora amanhã

Siga em frente, siga em frente

Como se nada realmente importasse

Bohemian Rhapsody — Queen


07 de março de 2020


Charlotte sabia muito de forma muito óbvia como eletrocutar um policial não acabaria bem, mas ainda assim, não conseguiu impedir-se. Simplesmente aconteceu. A confusão que se seguiu depois não era preocupação para ela, achava era até bom. Protesto pacífico nunca tinha levado os mutantes a lugar nenhum, os X-Men eram prova disso. Anos e anos protegendo humanos, fazendo o papel de bonzinhos bonitinhos, e para quê? Para nada. Continuava tudo na mesma merda.

Não tinha, porém, parado para pensar que a confusão era o cenário perfeito para as pessoas se perderem de vista. Charlotte não era de pensar nas consequências dos seus atos, impulsiva demais, e agora, como resultado, tinha perdido o mutante com máscara de luta livre de vista.

— O-oh. Oh merda. Ooooooh merda merda merda...

Ela olhou em volta, desesperada. De repente, um borrão vermelho e azul passou em sua frente, era o Homem-Aranha que estava ali, atirando teias nas armas dos Purificadores e policiais hostis. Tudo bem, eles tinham tudo sob controle, não é? Ela tinha mais o que fazer. Precisava encontrar aquele garoto.

Depois de ter vazado ao público as informações sobre o massacre nos esgotos, quase nada se tornou utilizável para de fato seguir pistas até os culpados. Mas Charlotte e Cassian assistiram aos depoimentos na televisão, de novo, e de novo, e de novo, e entraram nos confins mais obscuros da internet em busca de algo. E, em um post, em uma rede social, uma conta com foto de bonequinho de video-game mencionou terem sido salvos por um mutante negro, forte, em máscara de luta livre. A pessoa da conta não sabia dar mais detalhes da aparência dele, tendo o visto apenas sob o disfarce, e juntando isso com o mar sufocante de notícias falsas em posts na internet, a Irmandade teria dispensado esse rapidamente como inútil, assim como a maioria das informações. Teria, se Cassian não tivesse percebido um detalhe: todos os pings de localização dos posts anteriores davam diretamente na lanchonete que, sabiam, ficava acima do platô dos esgotos onde os Morlocks vinham se escondendo.

Não levaria muitos dias para o post acabar ganhando tração pública, tinham certeza disso, tinha sido publicado no dia anterior. Desde então, os dois estavam desesperados nas ruas, tentando encontrar o tal mutante. Quem diria que Charlotte acabaria esbarrando com ele na manifestação? E quem diria que o perderia de vista pouquíssimos minutos depois?

— O Cassian vai me matar. Inferno. Inferno...

Ela ativou uma pequena camada de mini-choques sobre sua pele, o suficiente apenas para afastar as pessoas de perto de si enquanto caminhava pela multidão. Com esforço, ela conseguiu atravessar a rua, se vendo em frente a uma loja de roupas. Não tinha muitas escolhas agora. O que fazer?

Homem de Gelo e os Novos Mutantes (Marvel 717 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora