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[⚠️] — infelizmente pode conter gatilho para transfobia. Eu nunca avisei antes mas tomei consciência de que é algo terrível demais para certas pessoas em si, não todas, então tenha consciência também de que pode causar algum gatilho.


Eren Jaeger se via totalmente perdido em relação ao seus pais e amigos quando o assunto era o fato de o mesmo, ser um garoto trans.

Simplesmente porque seus pais, Carla e Grisha, sempre saíam dizendo pela casa que aquilo era apenas uma fase idiota da adolescência de Eren e que logo logo passaria, tornando-se assim uma lembrança boba para o futuro. Já seus amigos, Jean, Annie e Reiner, mesmo com a confirmação do gênero do rapaz continuavam a chamá-lo pelo pronome errado e ainda de brinde, ganhava deboches, comentários e brincadeirinhas estúpidas.

Era pedir muito para que eles o respeitassem?

O moreno bufou em pura tristeza e irritação ao lembrar-se das várias vezes que teve de aguentar os pais e os amigos lhe dirigindo mil e uma ladainhas transfobicas. Estava exausto de toda aquela situação, afinal.

Lentamente deslizou a destra pelos fios soltos de sua nuca - quais eram impossíveis de se manterem presos ao coque desleixado que havia feito mais cedo - puxando-os como se descontar seus sentimentos ali fosse o mais certo a se fazer. Eren revirou os olhos e logo depois suspirou, talvez um passeio de skate por aí o deixasse menos triste.

Ergueu-se da cadeira de rodinhas e rumou em direção a porta de seu quarto, quando saiu no corredor conseguiu ouvir a voz de sua mãe cantarolando deduzindo que a mesma encontrava-se na cozinha, provavelmente fazendo um chá da tarde já que eram exatamente 15h em ponto quando olhou no relógio em seu pulso.

Devagar, o rapaz desceu as escadas e quando estava prestes a passar silenciosamente por sua mãe que mantinha-se de costas para si, ouviu a voz da mulher repentinamente fazendo-o tomar um leve susto.

- Onde pensa que vai, Eren? - Carla questionou num tom calmo agora que se virava para encarar o filho.

Era muito fácil descobrir a fulga do garoto de olhos bonitos, afinal a cozinha não era totalmente fechada. O cômodo possuía uma visão privilegiada da sala e consequentemente de qualquer pessoa que passasse por ela.

- Ah, mãe! Qual é? Não é como se fosse a primeira vez que eu faço, a senhora sabe melhor do que ninguém... - suspirou derrotado. Eren não deixou de arrumar a postura decidindo manter os braços cruzados em frente ao peito, claramente em desgosto por ter sido descoberto, sua expressão emburrada o entregava.

- Sim, eu sei, querida! Porém, não acho nada agradável a ideia de uma mocinha como você sair por aí sozinha em cima daquela coisa numa hora dessas. Eren, você tem ideia do quão perigosa essa cidade é? - a mulher colocava duas xícaras sobre o balcão e em seguida despejava uma boa quantidade de chá em cada. - Venha, tome um chá com a mamãe!

O nariz do Jaeger mais novo torceu-se em desconforto quando as palavras tão detestadas por si foram proferidas pela mulher. Aquilo irritava-o ainda mais.

- Mãe, quantas vezes eu preciso dizer que não gosto que me chame assim? Já disse, meus pronomes são masculinos, sou um garoto, entenda isso de uma vez! - tentou não ser grosso com a Jaeger mais velha enquanto se forçava a sentar num dos banquinhos em frente ao balcão. Sua cabeça começava a doer, talvez fossem as palavras de ódio e tristeza entaladas em sua garganta que o fizessem se segurar a ponto da mesma latejar. - E tem mais! Ainda é três da tarde e essa "coisa" que a senhora chama, é o meu skate e ele é meu único companheiro e amigo...

Você me chamou de que?Onde histórias criam vida. Descubra agora