Você me chamou de que?

9.

Mais uma vez Eren despertou com uma dor de cabeça infernal.

Seus olhos ardiam e com toda certeza estavam inchados já que passou o resto da tarde e noite trancado em seu quarto chorando como se estivesse recebendo a pior das torturas do mundo. Mas não estava, afinal? O garoto não saiu nem pra comer e só conseguiu pegar no sono depois de muito esforço, no entanto, havia sido por poucas horas já que seu celular começou a tocar lhe avisando que teria colégio.

Eren quase decidiu não ir mas achou melhor marcar presença se não Hanji iria o caçar por faltar dois dias seguidos. Sua animação matinal havia desaparecido, esta que grudava em si nas manhãs por somente ter ideia de que quando acordasse teria uma mensagem de bom dia ou alguma reclamação do Ackerman baixinho. Pare, Eren! ordenou a si mesmo por novamente estar pensando nele.

Levantou-se com obrigação para ir em busca da toalha e de suas vestes. Mentalmente o Jaeger se perguntava como ainda não tivera a vontade de acabar com a própria vida pelo tanto de sufoco e tristeza que já passou e ainda está passando no decorrer dela. Se muitos soubessem disso, provavelmente pensariam e diriam que Eren era bastante forte e estabilizado mentalmente por aguentar aquilo de cabeça erguida mas o próprio não se sentia desta maneira, ele se achava um perdedor fodido e miserável ainda que as palavras dos outros não fizessem tamanho efeito em si para recorrer a um suicídio.

Talvez ele tivesse a esperança de que algum dia aquilo poderia mudar, de que algum dia seus pais enfim o aceitariam e o apoiariam. Afinal, a esperança é a última que morre, não é?

Desceu as escadas já com a mochila nos ombros e sequer desejou alguma palavra a Carla e Grisha quando passou por eles.

– Lidar com Eren está ficando cada dia mais difícil. – Grisha suspirou antes de dar um gole em seu café e Carla concordou num murmúrio.

– Mas fique calmo, querido. Eu tive uma conversa com ela e aposto que logo tudo voltará ao normal. – disse em seu costumeiro tom calmo.

O garoto não deu atenção para aquela conversa idiota dos pais apenas saiu rapidamente de casa pois quanto mais distante dali, melhor, sem contar que sua dor de cabeça multiplicaria se criasse uma discussão. Em mente tinha a ideia de dar um passeio mais tarde com seu querido Armin pelo caminho do trabalho já que o percurso não era nem tão grande nem tão pequeno, era perfeito. Ideia essa que despertou uma pequena animação em seu peito.

Como o caminho para o colégio também não era tão longo, Eren não demorou a ver ao longe o grande portão do local e quanto mais próximo ficava, mais seus olhos se prendiam em uma única figura dentre todas as outras que entravam pelo portão. Esta que estava parada encostada no muro alto de braços cruzados e uma carranca conhecida de poucos amigos. Era ele... Levi.

– O que está fazendo aqui? – Eren perguntou sem muito interesse, mesmo que entendesse um pouco do porquê de Levi ter o evitado por um dia inteiro ele ainda se encontrava chateado.

– Eren. – Levi mudou completamente sua postura e expressão quando notou a presença do garoto. – Eu... eu queria conversar com você. – falou com receio e Eren respirou fundo.

– Não posso conversar agora, se não sabe... eu preciso estudar para ter um futuro! Com licença. – foi simplista para se afastar porém o baixinho não deixou segurando-lhe gentilmente o ombro.

– Por favor, Eren. – pediu terno. – Eu gostaria de me desculpar por ter o evitado ontem... por favor.

Eren não queria se dar por vencido tão facilmente assim, mas quando Levi tocou-lhe o ombro com gentileza seu coração disparou rapidamente como se ordenasse para que ele ficasse ali e escutasse tudo o que o nanico tinha para dizer. O fez. Virou-se devagar em direção a Levi que assumiu uma expressão preocupada ao analisar com mais detalhes o estado em que o Jaeger se encontrava.