Você me chamou de que?

3.

– Eren Jaeger?

Hanji estava surpresa e ao mesmo tempo curiosa para saber como ambos se conheciam. Levi não estava diferente, percebendo que sua melhor amiga conhecia o garoto fez com que uma pequena curiosidade lhe consumisse enquanto que Eren, sentia o coração bater rapidamente como se a qualquer momento fosse pular para fora de seu peito.

– Você conhece esse garoto, Hanji? – Levi perguntou curioso enquanto observava o Jaeger que estava prestes a se fundir com a cadeira.

– Sim, eu conheço! Mas por que você está chamando el-

– Não me importa agora, quatro-olhos! – Levi a cortou e Eren ficou imensamente aliviado com isso. – Preciso do seu kit de curativos agora, esse moleque estúpido trombou comigo e ainda por cima arrebentou as mãos.

Jaeger comprimiu os lábios em nervosismo resolvendo não encarar Levi e nem Hanji, sabia que a mulher em pé ao lado da mesa estava confusa pelo baixinho estar o chamando como se fosse um rapaz e que provavelmente ela iria questionar sobre. Isso deixava-o com uma gigantesca vontade de sair correndo dali.

– Ei, quatro-olhos idiota! – o de fios negros chamou a amiga que encarava Eren fixamente. – Dá pra ir buscar aquela porcaria logo?

– Certo, Levizinho... – Hanji saiu saltitante de perto de ambos pois sabia que se continuasse ali para fazer perguntas, o baixinho iria lhe dar uns cascudos bem dados.

Eren por sua vez, manteve o olhar baixo e juntou as mãos sobre o colo. Agora eu estou ferrado. Hanji vai questionar a Levi e ele certamente irá me questionar, que merda. respirou fundo e iniciou um bater frenético de pé que irritou o Ackerman.

– Pare de bater a merda desse pé, Eren. – ordenou bravo e o garoto obedeceu, tentando ignorar os sentimentos estranhos pela maneira como seu nome havia saído dos lábios do outro. – Me diga... de onde você conhece a idiota da Hanji?

– E-Ela... ela é a minha professora de ciências. – o de fios castanhos confessou piscando algumas vezes antes de encarar a feição do nanico.

– Que azar, hein?!

Levi encostou-se na cadeira quando notou a volta da amiga que ainda saltitava animada com o kit em mãos, Eren praguejou. Eu deveria ter dado no pé enquanto tinha tempo! abaixou o olhar novamente sabendo que agora toda sua felicidade e conforto iriam embora. Que ótimo.

– Aqui está, baixinho lindinhoooo. – Hanji cantarolou com um tom exagerado colocando a maleta sobre a mesa e cruzou os braços em frente ao peito.

Ela observou quieta - não porque queria mas sim por saber que o amigo iria lhe afogar em xingamentos sem ficasse tagarelando - a cena de um Levi pedindo pelas mãos de Eren e logo em seguida passando a cuidar de ambas. Assim que Levi terminou de enfaixar as mãos do garoto, Zoe curiosa como uma vizinha fofoqueira pegou a maleta novamente e decidiu questionar o que ia fazer mais cedo.

– Levizinho, meu amor! Por que está chamando a queridinha Eren como se ela fosse um garoto, hein? Você não notou que ela é uma linda mocinha? Oh, tenho tanta inveja dessa sua pele morena e desse seus olhos verdes, anjinha! – a mulher tagarelou fazendo um bico nos lábios.

O Jaeger ergueu o rosto para encará-la com os olhos bem arregalados, já sentindo uma vontade imensa de chorar e tudo porque Hanji não sabia de sua transexualidade e tinha o chamado de com pronomes femininos na frente de Levi que o chamava naturalmente pelo pronome correto, agora sabia que era bem provável que ele mudaria aquilo depois de saber de tudo.

Quando virou seu olhar para encarar o mais baixo, deixou com que as lágrimas escapassem ao ver a expressão de confusão e estranhamento na cara do mesmo. Não tinha ideia do que aquilo significava mas certamente que boa coisa não era, por isso desabou. Eren tinha em mente que estava sendo um bebê chorão mas não ligava, só queria chorar e ao mesmo tempo desaparecer.