17 - Na sua pele

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Já em casa, Márcia respirou fundo antes de contar pra Cátia o que aconteceu no encontro com Vanessa.

O lugar estava numa penumbra só, com incenso de jasmim bem leve no ar.

– Mô, você tá aí? – Perguntou a tatuadora, desconfiada – Aconteceu alguma coisa no quadro de luz?

Cátia estava na mesa da cozinha, tomando vinho com uma vela acesa – Vem cá que quero te contar uma coisa.

– O que foi? – Márcia mal conseguia ver a namorada, a vela estava quase no fim.

– Fiz as contas e está tudo certo, podemos tirar as férias que planejamos e ainda vai sobrar uma grana pra gente mudar de casa – Cátia era um sorriso só – E vamos ser mamães.

Márcia deu tilt. Alegria encheu seu rosto e segundos adiante a dúvida, será que Cátia tinha se transformado e ambas seriam mães? – Me explica direitinho o que você planejou, gatona.

– Faz um tempo que eu ando recebendo mensagens no meu celular, fotos nossas de um futuro distante, no começo não entendi nada, pensei que fosse trote mas a verdade é que é um futuro que eu quero que você esteja comigo, pra gente ser feliz juntas e ser uma família de verdade por mais que pareça bobo, sabe? – Cátia quase sussurrava, lágrimas nos olhos quando levantou-se da cadeira e revelou seu babydoll azul, o que Márcia mais adorava.

A tatuadora respirou aliviada e abraçou a namorida, coração batendo forte – Puxa, eu não esperava isso tão cedo mas é tudo o que eu queria... Só não sei como a gente vai fazer uma criança, trepamos feito loucas, não sei como ainda não veio....

– Hoje chegou uma mensagem explicando como que faz, mas pra ser bem-feito a gente tem de fazer umas coisas, a primeira é que você tem de ouvir da minha boca bem no seu ouvidinho – Aproximou-se de mansinho e sussurrou no abraço forte da sua tatuadora – Eu quero duas meninas.

Márcia chorou de felicidade, sentindo sua libido explodir, a vontade de fazer Cátia a mãe de suas filhas imensurável, no entanto sentiu-se suja com a lembrança da transa furiosa com Vanessa – Me deixa tomar um banho legal e vamos conversar melhor no quarto depois de umas bombadas, pode ser?

– Esperei o dia todo por isso – Cátia terminou a taça e acompanhou sua taradinha até o chuveiro.

[...]

Vanessa não perdeu tempo – após a reunião com os acionistas, chamou sua assistente mais confiável pra passar algumas ordens expressas.

– Cleide, eu preciso que você mantenha em segredo o que vou te contar, de verdade, não é pra fofocar com o RH, viu? – Atrás da mesa cheia de lembranças de viagens, papeletas e anotações que deveriam estar no computador, a executiva desconfiava até da própria sombra, o que lhe rendeu apelidos mil entre o baixo clero da empresa.

– É outra cura milagrosa pra queda de cabelo? – A assistente parecia entediada só de ouvir a bruxa ruiva guinchar mais uma reclamação velada.

– Não, é uma coisa que vai te fazer cair da cadeira, encontrei uma pílula que transforma grelos em picas gigantes! Quero que envie isso pra equipe da Amália analisar, se descobrirmos o princípio ativo vamos ficar ricas.

A secretária tomou um susto com a frase – Mas dona Vanessa, quem vai comprar uma coisa dessas?

– Se isso faz um grelinho virar uma jeba, imagine o que faz com um homem? Vai vender feito pipoca na porta do cinema! Vai logo, quero resultados! – Vanessa passou um saquinho de veludo com a amostra, o vidrinho com a pílula e a receita maluca pra aumentar o efeito da transformação.

Paradoxo Sexualmente TransmissívelOnde histórias criam vida. Descubra agora